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Policia MT
Sexta - 21 de Julho de 2017 às 08:23

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Vítima estava em uma fazenda, em Colniza
Vítima estava em uma fazenda, em Colniza

A Polícia Civil cumpriu nesta quinta-feira (20) sete mandados de prisão, busca e condução coercitiva, decretados pela Justiça Federal.

As ordens são relativas às investigações iniciadas a partir de uma denúncia de cárcere privado e trabalho análogo à escravidão na fazenda de propriedade de um advogado do Município de Colniza (1.065 km a Nordeste de Cuiabá).

O advogado R.M, 42 anos, teve a prisão preventiva cumprida ao comparecer na Delegacia da Polícia. Sem saber da ordem judicial, ele foi à unidade para questionar ao delegado Edison Ricardo Pick quando seria ouvido na investigação em trâmite.

O delegado, que ainda estava montando as equipes para a operação, de imediato, solicitou um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) e comunicou ao advogado sobre a prisão decretada contra ele.

O mandado, datado de 18 de julho, foi assinado pelo juiz federal Antônio Lúcio Túlio de Oliveira Barbosa, de Juína.

A Justiça Federal também expediu a prisão temporária (5 dias) contra L.A.P.B., 72 anos, ex-sogro do advogado, e condução coercitiva para a atual mulher do advogado, V.S.

Tanto ao advogado quanto seu ex-sogro são investigados por indícios de crimes de sequestro e cárcere privado, redução a condição análoga de escravo, maus tratos e constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da condição de superior hierárquico.

Quatro buscas e apreensão estão ainda sendo cumpridas por equipes policiais civis de Colniza, apoiadas por policias do Grupo Armado de Resposta Rápida (Garra) da Regional de Juína.

A investigação que resultou nas prisões iniciou com a averiguação de denúncia encaminhada pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. Em diligências, no dia 6 de julho, na fazenda a Polícia Civil resgatou o senhor J.P.R. 57 anos, que é deficiente físico e visual e vivia condições desumanas.

Muito debilitado, o senhor foi encaminhado para atendimentos médicos e encontra-se, atualmente, na casa de um familiar.

O trabalhador morava em um quarto com muitos ratos e próximo ao chiqueiro. O local ainda funciona como depósito para armazenamento de produtos agropecuários, rações e ferramentas.

Vítimas

A vítima tem deficiência física e visual ocasionadas por acidentes de trabalho nas fazendas do acusado, conforme a Polícia. O funcionário, que nunca teve carteira assinada e recebia apenas moradia e comida pelos trabalhos prestados, ficou cego do olho esquerdo devido a um acidente de trânsito no ano de 2015 e amputou uma perna em razão de ferimento ocasionado quando apagava um incêndio na propriedade.

A vítima é portadora de hanseníase e não sente dores no corpo. Há cerca de quatro meses os ratos que convivem no quarto roeram sua perna enquanto el dormia. Ao levantar, ele percebeu as poças de sangue no colchão. Devido às deficiências, o lavrador não consegue fazer a sua comida e espera que outros funcionários da fazenda levem refeição para ele.

Os policiais constataram que na fazenda há um banheiro adequado com sanitário e chuveiro, porém, os proprietários deixam trancado com cadeado e corrente, obrigando a vítima a tomar banho de mangueira atrás da casa, ou em uma lagoa onde divide o espaço com porcos, bois e cavalos.

De acordo com a vítima, seus documentos pessoais estão há cerca de um ano em poder do ex-sogro do patrão, supostamente para dar entrada em sua aposentadoria.

Dando continuidade às investigações, os policiais ouviram testemunhas que afirmaram que em outras fazendas do advogado, existem outras pessoas vivendo na condição análoga a de escravo.

Diante das informações, o delegado Edson Ricardo Pick representou pela prisão preventiva de R. M. e pela prisão temporária de seu ex-sogro L.A.P.B., assim como pelo mandado de busca e apreensão em demais propriedades do suspeito.

O Ministério Público Estadual encaminhou o procedimento para Justiça Federal, que decretou as prisões e buscas nas propriedades.





Fonte: Mídia News

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