AL crítica não pagamento aos filantrópicos e convoca secretário Deputados da base governista e da oposição querem que Luiz Soares vá ao Legislativo dar explicações
A possibilidade de os hospitais filantrópicos do Estado, credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS), paralisarem as atividades a partir da próxima sexta-feira (18), por conta de atrasos em repasses que totalizam R$ 12,5 milhões, tomou conta de parte das discussões da sessão matutina desta quarta-feira (16), da Assembleia Legislativa.
Os deputados decidiram suspender a sessão matutina de quinta-feira (17) para uma reunião extraordinária com o secretário de Estado de Saúde, Luiz Soares. O líder do Governo no Legislativo, deputado Dilmar Dal’Bosco (DEM), ficou responsável por convocar o encontro.
Durante a sessão, o deputado Guilherme Maluf (PSDB) defendeu que o Executivo dê a devida atenção ao assunto antes que uma paralisação realmente aconteça.
“Queria lembrar o Governo que esses hospitais aqui, em especial o Hospital Geral, Santa Casa, Santa Helena, funcionam como o hospital regional da Capital. Além de serem os hospitais que atendem a alta complexidade. Os contratos estão sendo cumpridos, o que deixou de ser pago é um complemento, mas temos que esgotar todas as conversas. A sociedade não pode ficar sem os filantrópicos”, afirmou.
“Não há nada mais urgente do que isso. Não há nada mais urgente do que não deixar que os hospitais filantrópicos entrem em greve na sexta-feira. Senão as pessoas vão morrer esperando cirurgias”, disse.
O deputado Adalto de Freitas (SD) disse que os filantrópicos trabalham com o mínimo e citou em número os valores que deveriam ter sido repassados pelo Governo.
Já o vice-líder do Governo, deputado Leonardo Albuquerque (PSD), também ressaltou não haver um hospital regional em Cuiabá e que essas unidades preenchem um vazio no setor da Saúde.
“Este Estado não tem hospital regional em sua Capital. Alias, é o único Estado que não tem hospital de referência na Capital. Sabemos a importância que as filantrópicas fazem não só em Cuiabá, mas em todo interior”, disse.
“Nada mais justo do que trazer o secretário, tirar dúvidas e darmos nosso posicionamento. Temos que entrar num entendimento para evitar mais esse colapso. Não é desejo do Governo, mas a Saúde não está bem”, afirmou.
Críticas a secretário
Já membros da bancada de oposição, como Janaina Riva (PMDB) e Allan Kardec (PT), criticam diretamente o secretário Luiz Soares.
Para a peemedebista, o atual gestor é "inacessível" e não vem fazendo um bom trabalho na Pasta.
“Ouvi de alguns colegas que esse secretário é alguém muito experiente na área, mas, infelizmente, ele tem uma dificuldade de diálogo gigantesco com os parlamentares. O secretário não atende telefonemas. Essa não é uma reclamação só minha, mas de todos os parlamentares, inclusive os da base”, disse.
“Um secretário que não atende nem deputado, acha que vai atender o povo? E aí o secretário vai à rádio e diz que os filantrópicos chantageiam o Governo. Veja bem: houve um acordo que não foi cumprido. O Estado de Mato Grosso não funciona, hoje, sem os filantrópicos”, afirmou, referindo-se a uma declaração do secretário em uma rádio.
Já o deputado Romoaldo Junior (PMDB) se disse contra a convocação de Luiz Soares à Assembleia. Para ele, é preciso encontrar formas de financiar a Saúde e que isso não se fará em apenas um único encontro.
Ele defendeu que o Executivo corte os duodécimos, repasses para custeio dos Poderes.
A crise
As dificuldades financeiras são relatadas desde 2015. Em 7 de agosto, as unidades suspenderam alguns serviços de alta e média complexidade, em razão de não terem recebido repasses para que pudessem se manter em funcionamento.
Em ofício encaminhado ao governador Pedro Taques, ao prefeito em exercício da Capital, Niuan Ribeiro, e ao procurador geral de Justiça, Mauro Curvo, em 11 de agosto, a Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas (Fehos-MT) solicitou que as instituições recebam os repasses atrasados, sob o risco de fecharem as portas.
A Fehos-MT representa os hospitais Santa Helena, Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá e Rondonópolis e o Hospital Geral Universitário.
Nesta quarta-feira, Taques afirmou que o Executivo não irá realizar novos repasses aos hospitais. E ainda reagiu a ameaça de greve.
“Os hospitais filantrópicos estão ameaçando fechar as portas. Com ameaça nós não trabalhamos. O que eu não aceito é pressão. Não trabalho sob pressão”, disse.
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