EMPRESÁRIO ASSASSINADO
Menor que confessou crime era considerado um "filho" pela vítima Viúva conta como foram os últimos momentos de Alaércio Teixeira de Oliveira, morto no fim de semana
O menor de 16 anos, que confessou ter planejado o assassinato do empresário Alaércio Teixeira de Oliveira para roubar seu carro, era íntimo da família e até chamado de “filho”, segundo confirmou a viúva, Alenir Teixeira. Ela diz que jamais desconfiaria do menor.
Alaércio estava desaparecido desde a noite de sábado (12) e o corpo foi encontrado na manhã de terça-feira (15). No mesmo dia, cinco pessoas foram presas em Nova Mutum (a 241 km de Cuiabá), acusadas pelo crime.
O suspeito, que é natural de Pernambuco, foi morar em Diamantino (208 km de Cuiabá) com o pai, vizinho da família. A madrasta então pediu a Alaércio lhe empregasse em sua oficina mecânica, pedido que foi atendido.
Desde então, o menor passou a ser íntimo da família, levando os filhos de Alaércio à escola, almoçando e jantando com a família. Ele até sabia a senha de seu cartão. O empresário chegou, inclusive, a ensinar o menor a dirigir.
A viúva do empresário relembra o momento em que notou que Alaércio tinha desaparecido, no domingo (13), Dia dos Pais.
“Ele foi em casa às 11h30 da noite de sábado (12), porque estava dormindo na oficina. Aí ele me abraçou e me beijou forte. Se eu soubesse que era uma despedida, que nem ele estava sabendo, nunca teria deixado sair. Ele me disse: 'Meu amor, hoje vou dormir na oficina, porque amanhã tenho dois serviços para fazer'. Então pedi que ele comprasse pão de queijo no dia seguinte, quando saísse da oficina. Ele respondeu que faria o serviço rápido, compraria o pão de queijo e iria para casa, para ficar com os filhos, porque era Dia dos Pais".
“Fiquei em casa. Quando vi, já era noite [de domingo] e nada dele aparecer. Minha filha chorando e cobrando pelo pai, porque era Dia dos Pais. Ela tinha feito uma cartinha para ele. Eu ligava e só dava na caixa de mensagem, ele não visualizava [as mensagens do WhatsApp]. E para ir da minha casa até a oficina era difícil porque não sei dirigir e faz 36 dias que tive meu filho. Então continuei esperando. Mas na segunda-feira (14), ele ainda não tinha aparecido. Mandei o menino mais velho ir de bicicleta até a oficina falar para o pai que ele tinha uma família. Quando chegou, não viu o carro e encontrou tudo fechado. Levei um choque e foi quando desconfiamos”, conta.
A princípio, a família não desconfiou que o menor pudesse estar envolvido no desaparecimento, e por serem muito próximos, chegaram a cogitar que ele tinha sido sequestrado junto, conforme conta o vereador Raniellie Patrick, sobrinho da vítima.
“Ele era uma pessoa de confiança, tratado como filho. Eles viajavam e ele cuidava da casa, acordava cedo e arrumava a casa para eles, muitas vezes buscava os filhos na escola. Ele era extremamente de confiança deles. Tanto é que, no primeiro momento, ninguém cogitou que ele tinha planejado. Acharam que pegaram os dois juntos, porque viviam juntos”, disse.
Depois da divulgação do desaparecimento, uma pessoa entrou em contato com a família para dizer que os suspeitos tinham tentado vender a carretinha de som a ele e passar um cheque do empresário, o que causou desconfiança.
O grupo confessou ter pegado R$ 300 em dinheiro na carteira e R$ 450 em cheques, além de fazer compras no cartão da vítima.
“Nas postagens que foram feitas nas redes sociais [sobre o desaparecimento], o rapaz que para quem eles tentaram vender a carretinha de som e alguns equipamentos entrou em contato e relatou quantas pessoas estavam dentro do carro. A identidade do menor estava com minha tia [Alair], que mandou uma foto dele pelo Whatsapp perguntando se ele tinha visto esse rapaz também. Então o homem falou: ‘Não, foi esse rapaz quem tentou trocar o cheque comigo, que tentou vender as coisas’. Aí então perceberam que ele estavam no meio”, lamenta Ranielli.
O corpo de Alaércio foi encontrado na última quinta-feira (15), enrolado em um lençol jogado em uma estrada que liga Diamantino a Nova Mutum (241 km de Cuiabá). A morte do empresário, que deixa três filhos, sendo um deles adotivo e outro recém-nascido, comoveu a família, especialmente por ter sido planejada por alguém de confiança.
“É uma situação complicada, porque foi uma pessoa em que tava dentro da sua casa, de confiança. E foi apunhalada pelas costas, é uma sensação horrível, porque ele era taxado por eles como filho. Ele era chamado de ‘filho mais velho’”, disse Ranielli.
De acordo com Alenir, a madrasta do menor está muito abalada e não consegue nem ir trabalhar.
“Não sei nem o que falar, ele sempre foi uma pessoa muito boa pra mim. Jamais desconfiaria dele, mas não sabia que eu estava criando ‘uma cobra’”.
A Polícia Civil continua investigando o caso.
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