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Terça - 19 de Setembro de 2017 às 08:05

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Rodrigo Claro, de 21 anos, morreu após treinamento na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, em novembro do ano passado (Foto: Facebook/Reprodução)
Rodrigo Claro, de 21 anos, morreu após treinamento na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, em novembro do ano passado (Foto: Facebook/Reprodução)

O pai de Rodrigo Claro, aluno do Corpo de Bombeiros que morreu após passar mal em uma aula prática da corporação em novembro do ano passado, diz não entender qual a razão para que a oficial responsável pelo treinamento do filho dele, tenente Izadora Ledur Dechamps, não ter interrompido a aula quando viu que o aluno não tinha mais condições de continuar.

Antônio Claro, que é tenente e está na corporação há 23 anos, diz que ainda espera por Justiça pela morte do filho dele, que tinha o sonho de seguir a carreira do pai.

"É uma pergunta que ainda não tem resposta. Quando o meu filho disse que não queria mais, que desistia do curso, por que ela não tirou ele da água e falou para ele se apresentar na coordenação e assinar o desligamento dele do curso? Era tão simples", lamentou.

A tenente responsável pelo treinamento foi indiciada pela Polícia Civil por crimes de tortura e castigo. Já o Inquérito Policial Militar (IPM) responsabilizou a oficial por ser "negligente" e não seguir o fiel cumprimento da ementa da disciplina.

Para este mês, está previsto a retomada de um procedimento chamado de Conselho de Justificação, aberto na corregedoria, e que pode decidir até pela expulsão da tenente da corporação. Ledur, porém, está de licença, o que tem mantido os trabalhos suspensos. A licença dela, porém, vence em janeiro.

O pai ainda revelou estar sofrendo pressão por parte do Corpo de Bombeiros para não se pronunciar sobre o caso. Ele disse, porém, que continua acreditando na

"O Corpo de Bombeiros não entende como ameaça. Eles usaram o termo 'mensagem sugestiva', que eu interpreto de outra forma. A mensagem sugestiva dizia que era para eu evitar falar com a imprensa porque isso estava expondo a minha imagem e não estava ficando bom para a instituição. Mas eu e minha família acreditamos muito na Justiça. E eu não vou me calar", afirmou.

À Pioneira, a mãe de Rodrigo Claro, Jane Patrício Lima Claro, destacou que o esposo foi chamado no quartel do Corpo de Bombeiros de Sinop, a pedido do comandante, e orientado a se calar, pois estava "manchando" o nome da instituição.

"Há poucos dias o meu esposo foi chamado no quartel do Corpo de Bombeiros aqui em Sinop para uma conversa e nessa conversa, o comandante sugeriu a ele que pare de falar com a imprensa porque ele estava denegrindo a imagem da instituição. Ele está expondo o ponto de vista dele e lutando, correndo atrás para que a justiça seja feita no caso do nosso filho. Essa conversa aconteceu a pedido do Comandante Bonotto que é o corregedor atual do Corpo de Bombeiros; Bonetto é um dos responsáveis pelo resultado vergonhoso que o IPM (Inquérito Policial Militar) dos Bombeiros que foi apresentado à sociedade, juntamente com o atual comandante geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Alessandro. O Coronel Alessandro ganhou de presente após apresentar para nós esse IPM, o comando regional do Corpo de Bombeiros, consequentemente estando lá dentro, o seu companheiro de “investigações”, Coronel Bonotto, ganhou a Corregedoria", disse.

Jane destacou ainda que a família não vai se calar até que justiça seja feita. "É muita coisa estranha acontecendo e agora vem o pedido do Coronel Bonotto para que meu esposo se cale. Não dá para se calar. Não tem como se calar. É a vida do nosso filho que se foi, em momento algum eles pararam para se colocar no lugar da família. Não sei o que passa na cabeça da pessoa para fazer um pedido desses a um pai; um pai que dedicou 23 anos de sua vida a essa instituição, deixou de conviver com a família em muitas oportunidades se dedicando a essa instituição e agora diante dessa tragédia toda que aconteceu, que a instituição permitiu que acontecesse, eles ainda têm a capacidade de pedir que ele se cale. Não dá para se calar e nós não vamos nos calar. É por muitas pessoas se calarem que as coisas estão onde estão. É pela vida do nosso filho. Nada do que a gente fizer vai trazer a vida dele de volta, mas a nossa luta maior hoje é para que outros jovens não percam sua vida e seus sonhos da maneira que o nosso perdeu. A gente não questiona a morte do nosso filho, porque temos certeza que ele está muito melhor do que cada um de nós. Mas a gente não aceita de forma alguma a maneira como as coisas aconteceram, nunca vamos aceitar. Por isso lutamos tanto para ver a justiça acontecer".

Izadora Ledur era instrutora de curso dos bombeiros em Cuiabá e foi indiciada pela Polícia Civil por tortura (Foto: Câmara Municipal de Barra do Garças/Reprodução)

Izadora Ledur era instrutora de curso dos bombeiros em Cuiabá e foi indiciada pela Polícia Civil por tortura (Foto: Câmara Municipal de Barra do Garças/Reprodução)

'Despreparo'

Para o pai de Rodrigo, a tenente "assumiu o risco de matar" o filho dele e cometeu crime de tortura ao não atender os pedidos do aluno, que teria dito não ter mais condições de permanecer na aula.

"Nesse dia, o que aconteceu? Ela afogava o Rodrigo. Daí, quando ele levantava e ia puxar a respiração, ela jogava água no rosto dele. Ele não conseguia respirar. E aí ela afogava ele de novo", afirmou.

Segundo Antônio Claro, a forma como o filho morreu poderia ter sido evitada e a tenente Izadora Ledur agiu com "despreparo".

"Só quem passa por um momento desse, por uma experiência dessa, vê o quanto dói perder um filho da forma como perdemos, por irresponsabilidade de uma pessoa tresloucada, que fez um curso de oficiais em Goiás, e se especializou em torturar alunos e destruir sonhos", disse.





Fonte: Rádio Pioneira com G1/MT

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