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Sexta - 29 de Dezembro de 2017 às 19:04
Por: Kamila Arruda/Diário de Cuiába

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Os escândalos envolvendo representantes de diversos Poderes do Estado marcaram o cenário político de Mato Grosso neste ano de 2017, e podem refletir nas urnas em 2018. As principais revelações foram feitas pelo ex-governador Silval Barbosa, em delação premiada firmada junto a Procuradoria Geral da República (PGR).

Classificada como “monstruosa” pelo ministro do STF Luiz Fux, o acordo feito pelo ex-gestor culminou na prisão de um deputado estadual e no afastamento de cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, prejudicando até mesmo a aposentadoria do presidente da Corte, conselheiro Antonio Joaquim, que pretendia deixar o cargo no final deste ano para disputar o pleito de 2018. Além disso, revelou o envolvimento de diversos parlamentares, tanto estaduais quanto federais, em esquemas de recebimento de propina. Senadores, o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB), e até mesmo um ministro também foram citados.

Os fatos vieram à tona por meio da Operação Malebolge, deflagrada em setembro deste ano pela Polícia Federal. Trata-se da 12º fase da Operação Ararth.

Um dos principais alvos da investigação é o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), senador Blairo Maggi (PP). O progressista é acusado de ser um dos principais líderes do esquema de corrupção que se instaurou no Governo do Estado nos anos de 2006 a 2014. Além disso, ele ainda é suspeito de tentar obstruir a Justiça.

Entre os fatos que estão sendo investigados pela Justiça Federal, está o pagamento de propina na ordem de R$ 6 milhões ao ex-secretário de Estado Eder Moraes. O montante teria sido pago a Eder para que ele mudasse sua versão em um depoimento prestado junto ao Ministério Público Estadual (MPE) a cerca de uma investigação sobre suposta compra de vaga no Tribunal de Contas.

A intenção era inocentar tanto Silval quanto Maggi. Isto porque, no primeiro depoimento feito aos promotores do MPE, Eder afirmou que ambos tinham participado da compra de uma vaga na Corte de Contas.

Inicialmente, o ex-secretário havia cobrado R$ 12 milhões dos ex-governadores para voltar atrás em seu depoimento. No entanto, o acordo para silenciá-lo fechou em R$ 6 milhões, sendo R$ 3 milhões pagos por Silval e R$ 3 milhões pagos por Maggi. De acordo com a delação de Silval, o empresário Gustavo Oliveira seria o responsável para repassar R$ 3 milhões de Blairo a Eder. Já os irmãos Avalone, ficariam de repassar os R$ 3 milhões de Silval.

A referida vaga que supostamente foi comprada era ocupada pelo conselheiro Alencar Soares, que se aposentou para dar espaço a outro indicado da Assembleia Legislativa. O beneficiado foi o ex-deputado estadual Sergio Ricardo, que está afastado do cargo de conselheiro desde 2015 por conta desta investigação.

Outro escândalo envolvendo a Corte de Contas que foi detalhado por Silval em sua delação premiada culminou no afastamento de cinco conselheiros. Trata-se de Antônio Joaquim, José Carlos Novelli, Valter Albano, Waldir Júlio Teis e novamente de Sérgio Ricardo .

De acordo com o ex-governador, os conselheiros exigiram propina para não prejudicarem o andamento das obras da Copa do Mundo e do programa MT Integrado, no estado. Silval afirma ter pago R$ 53 milhões aos conselheiros.

Outro que também foi alvo desta operação foi o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB). Ele foi filmado recebendo dinheiro supostamente de propina das mãos de Silvio Cesar Correa, ex-chefe de gabinete de Silval. A prefeita Juara Luciane Bezerra (PSB) também foi flagrada na mesma situação.

Outros sete deputados estaduais também foram filmados e acabaram sendo alvos da Operação. Trata-se de Baiano Filho (PSDB), Zé Domingos Fraga (PSD), Romoaldo Júnior (PMDB), Wagner Ramos (PSD), Oscar Bezerra (PSB), Gilmar Fabris (PSD), Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), e Silvano Amaral (PMDB). Fabris, inclusive, chegou a ser preso acusado de obstrução da justiça.

Os deputados federais Ezequiel Fonseca (PP) e Fabio Garcia também foram citados, assim como os suplentes de deputados além dos suplentes Airton Português (PSD), Luiz Botelho (PTB), Antônio Azambuja (PP) e Hermínio Barreto (PR).

O ex-governador prestou 94 depoimentos a Procuradoria e ainda entregou as autoridades gravações em áudio, vídeo e um calhamaço de documentos. Além disso, o ex-governador ainda se comprometeu a devolver aos cofres públicos a quantia de R$ 46 milhões.





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