O advogado Kleber Andrade, que representa os músicos da banda New Hit, pediu na manhã desta quarta-feira (29) o relaxamento da prisão ou liberdade provisória dos nove músicos presos sob suspeita de terem estuprado duas meninas de 16 anos e do policial preso sob suspeita de conivência. Segundo relato das adolescentes, o abuso sexual ocorreu dentro do ônibus da banda de pagode, após show realizado na madrugada do domingo (26) no interior da Bahia.
De acordo com o advogado, o pedido foi feito no Fórum da cidade de Ruy Barbosa. Em entrevista ao G1 ele disse que espera que a solicitação seja deferida nos próximos dias. "O pedido foi feito hoje pela manhã e agora aguardamos a decisão da juíza com relação ao pedido. Ela irá encaminhar ao Ministério Público que fará sua orientação no processo", disse.
Ele disse também que os músicos continuam na delegacia da cidade e que não serão transferidos para o presídio nesta quarta. "Não sabemos se eles serão transferidos, mas sabemos que hoje não haverá transferência. Eles continuam presos sem regalias e sem privilégios. Até hoje eles não receberam visita de nenhum familiar", informou.
"Menino do Bem"
"Meu filho é um menino do bem e não precisa disso, é de boa família, tem índole, não tem perfil de fazer um tipo de coisa dessa", afirma Tânia Santana, mãe do vocalista da banda New Hit.
Os nove suspeitos podem ser transferidos do Complexo Policial para o Presídio de Feira de Santana nos próximos dias. "A delegacia não tem local apropriado para custodiá-los, para preservar a integridade física dos mesmos", diz Marcelo Cavalcanti, delegado que investiga o caso.
O décimo detido é um policial militar, segurança da banda, suspeito de ter sido conivente diante do crime. A Polícia Militar informou que o soldado foi transferido da delegacia de Ruy Barbosa e está custodiado na Coordenadoria de Custódia Provisória (CCP) da corporação, localizada no Batalhão de Choque em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.
Kleber Andrade afirma que irá fazer a solicitação de liberdade provisória à Justiça na quarta-feira (29), com base em critérios como bons antecedentes e ocupação lícita. O pedido não pôde ser feito antes por conta de feriados na cidade que mantiveram o Fórum fechado.
As adolescentes afirmaram que entraram no ônibus para tirar fotos com os músicos e acabaram sendo obrigadas a fazer sexo. Dois integrantes da banda admitiram à polícia que fizeram sexo com as adolescentes, mas com consentimento. Os outros negaram que tiveram relação sexual com as garotas. Elas estão sendo acompanhadas pelo Conselho Tutelar. O exame de corpo de delito deve ser liberado na sexta-feira (31).
"Entravam de dois em dois"
No departamento de Polícia Técnica de Feira de Santana, cidade localizada a cerca de 110 km de Salvador, uma das meninas contou como tudo aconteceu. "A gente pediu para o produtor da banda para irmos para o trio para tirarmos foto com eles. Quando a gente chegou em cima do trio, eles falaram que não dava para tirar foto lá, porque era muita gente, que era para irmos para dentro do ônibus. Quando a gente chegou dentro do ônibus, eles falaram que era para irmos para o fundo do ônibus porque lá tinha mais luz. Quando chegamos no fundo do ônibus, dois deles já me empurraram para dentro do banheiro, levantaram minha saia e já começaram a praticar o ato sexual. Eu pedia para eles pararem, para eles me deixarem ir embora. Eles tamparam minha boca e começaram a me bater, para não deixar eu sair. Dez homens me estupraram, entravam de dois em dois", disse.
"Elas estão abaladas. Não é para menos, porque elas eram fãs desta banda e aconteceu uma coisa dessas. Uma monstruosidade, é o que eu acho. Serviu até de alerta para o Conselho Tutelar, não só o de Ruy Barbosa, mas de outros Conselhos, porque ninguém ia pensar que em uma praça, dentro de um ônibus de uma banda acontecesse tamanha monstruosidade. O ônibus estava parado na porta da igreja, ninguém nunca ia imaginar", disse a Conselheira Tutelar, Evandra Soares.
O G1 entrou em contato com a assessoria da banda, que informou que todo o caso não passa de um mal entendido. Que as meninas estavam "ficando" com dois integrantes do grupo e que não houve abuso por parte de nenhum integrante.
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