MORTE DE ALUNO
“Rodrigo reclamou de dor, mas tenente disse que era ‘frouxura’” Colega de aluno morto diz que quase desmaiou em treinamento e que vítima levou "caldos"
Colega do soldado bombeiro Rodrigo Claro, morto durante treinamento da corporação em 2016, o bombeiro Airton Arruda Santos fez acusações de tortura contra a tenente Izadora Ledur, apontada como a principal responsável pela morte de Rodrigo.
Airton Arruda prestou depoimento na tarde desta sexta-feira-feira (26), na ação penal contra a tenente. A audiência é conduzida pelo juiz Marcos Faleiros, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
Na entrevista, ele afirmou que fez parte do mesmo pelotão de Rodrigo e que o grupo convivia 24 horas por dia no quartel.
Segundo o bombeiro, antes mesmo do início do treinamento aquático, alunos de outros pelotões já comentavam que a tenente Ledur “gostava de judiar” nessa modalidade.
Airton Arruda contou que, por pouco, não desmaiou em razão dos “caldos” dados pela tenente durante o treinamento.
“Era bastante puxado, ela fazia a gente correr antes e quando começávamos já dava caldo na gente.
Ela vinha pelas costas e afundava. A gente tentava desvencilhar e ela afundava e puxava de novo. Uma vez pularam na água para me tirar e só por isso não desmaiei”.
"Ela xingava inúmeras vezes, dizia que não íamos formar, chamava a gente de frouxo, bichinha".
“Rodrigo reclamou de dor”
O bombeiro afirmou que assistiu ao treinamento de Rodrigo Claro. Conforme Airton Arruda, da metade para frente do percurso na Lagoa Trevisan, a tenente Ledur começou a dar “sessão de caldo” em Rodrigo Claro.
“Eu passei ele porque ele já estava devagar e a tenente continuou os caldos. Ele reclamou querendo sair, reclamando de dor na cabeça, mas ela mandou ele parar de ‘frouxura’, falando que ele não tinha escolha”.
“Ele botou a mão nela querendo sair e ela falando que ele ia voltar. O coronel não viu o que estava acontecendo e mandou todo mundo voltar. Os caldos aconteceram do meio da ida e depois na volta aconteceram mais”.
De acordo com Airton Arruda, um dos colegas jogou uma boia para Rodrigo Claro, mas a tenente Ledur mandou ele tirar.
“Tomei uns caldos também da tenente Ledur, todos os caldos eram feitos por ela”.
Após o treinamento, conforme o bombeiro, Rodrigo Claro conversou com a tenente em um canto, depois foi embora do local de motocicleta.
“Mais tarde, à noite, quando ele foi hospitalizado, ela [Ledur] mandou mensagem no grupo e pediu pra gente rezar pelo nosso parceiro de farda”.
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