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Testemunha falta e CPI do Paletó aprova condução coercitiva Oitiva estava programada para esta quarta-feira (07), mas Valdecir de Almeida alegou que está em viagem
Alegando uma viagem marcada antecipadamente, a primeira testemunha que seria ouvida na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, Valdecir Cardoso de Almeida, não compareceu à sessão programada para acontecer nesta segunda-feira (07), na Câmara de Cuiabá.
O fato levantou suspeitas da oposição, que acusou a base do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) de manobra para prejudicar a investigação. Em razão disso, a CPI aprovou requerimento para pedir que a Justiça determine a condução coercitiva de Valdecir.
A CPI investiga suposta quebra de decoro por parte do prefeito enquanto deputado estadual. Ele foi filmado recebendo maços de dinheiro no gabinete de Sílvio César Araújo, então chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa.
Valdecir, que atualmente trabalha na Assembleia Legislativa, é apontado como um dos responsáveis por instalar a câmera, que também gravou outros deputados da legislatura passada.
No documento enviado à presidência da CPI, o servidor da AL alegou que a viagem já estava programada antes mesmo da convocação. E pediu que seu depoimento seja remarcado para depois do dia 20 de fevereiro, data de seu retorno.
Mesmo endereçado ao presidente da CPI, quem recebeu o documento foi uma assessora de gabinete do relator, Adevair Cabral (PSDB), que é da base do prefeito. “Qualquer membro da CPI pode receber um documento e encaminhar ao presidente”, disse Cabral.
Bussiki, no entanto, disse que o relator não tem autorização legal para receber qualquer documentação em seu nome.
“Estava endereçado ao presidente da CPI, não à comissão. Então o senhor não tem autorização para receber minhas correspondências, seja da CPI, seja qualquer outra”, disse Bussiki.
O presidente diz que tomou conhecimento da ausência da primeira testemunha apenas nesta manhã, e que o documento encaminhado pelo servidor não justifica a ausência, pois faltam provas.
“A justificativa apresentada pelo senhor Valdecir – de que havia uma viagem já programada - não vem com qualquer respaldo documental de passagens que possam comprovar. Ele foi intimado no dia 11 de janeiro de 2018. Ele poderia ter encaminhado um ofício à CPI antecipando a sua oitiva, ou pedindo a alteração com documentos comprovatórios”, disse Bussiki.
“Diante disso submeto à comissão que seja encaminhado ao juiz criminal, pelo motivo não ter sido devidamente justificado e comprovado, para que se faça um encaminhamento de uma nova data e para que se faça a condução coercitiva, se for o caso”, finalizou.
O vereador Felipe Wellaton (PV) afirmou que fará um requerimento acusando Adevair de obstrução de justiça. “Vou fazer um requerimento de forma escrita a obstrução na justiça do vereador Adevair Cabral”.
Cabral rebateu a acusação afirmando que os vereadores querem "palanque" para atingir o prefeito.
A CPI
A CPI irá analisar o vídeo em que o prefeito foi filmado recebendo maços de dinheiro no Palácio Paiaguás.
O vídeo foi feito por Silvio em seu gabinete e flagrou outros parlamentares pegando o que seria uma espécie de "mensalinho" para apoiar o Poder Executivo.
Além disso, também faz parte do objeto da investigação uma suposta tentativa de obstrução da Justiça por meio de uma gravação feita por Zanatta em que ele conversa com Silvio sobre detalhes da delação.
No áudio, segundo o requerimento de abertura da comissão, Zanatta tentou obter declarações de Silvio que pudessem inocentar o prefeito. Essa gravação foi entregue pelo ex-secretário a Emanuel.
Também compõem a CPI os vereadores Adevair Cabral (PSDB) e Mário Nadaf (PV).
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