ANÁLISE DE ALIADO
Julio: Taques errou muito e tem pouco tempo para se viabilizar Ex-governador do Estado diz que aliados de 2014 não estão mais com o chefe do Executivo
O ex-governador Julio Campos (DEM) avaliou que o atual chefe do Executivo Pedro Taques enfrenta problemas em sua gestão por conta de erros seus e de sua equipe econômica. Em sua avaliação, o tucano ainda não está viabilizado para uma eventual disputa à reeleição.
Em conversa com a imprensa, na última semana, o líder democrata disse que nenhuma sigla da coligação que elegeu Pedro Taques em 2014 quer definir, por ora, apoio por conta das dificuldades enfrentadas pelo gestor.
“Ele é muito trabalhador, é bom reconhecer. Mas, infelizmente, teve muitos erros. Deixou o Estado chegar a essa situação difícil que temos hoje. Por exemplo, essa descoordenação política, administrativa, econômica e financeira. Ele mudou muito o Governo. Mais de 40 secretários foram trocados. E tudo isso ocasionou também esse problema que agora está trazendo algumas consequências para ele”, disse.
“O tempo que resta para organizar é pouco. Estamos em fevereiro. Em julho já começam as convenções. Então, ele tem um prazo máximo para viabilizar, acertar tudo, de 60 dias. Hoje, ainda não [viabilizado]. Está com dificuldade até de gerir o dia a dia do Estado”, afirmou.
O ex-governador citou como exemplo um suposto erro de cálculo que teria sido feito pelo ex-secretário de Planejamento, Marco Aurélio Marrafon, hoje secretário de Educação.
Segundo Julio, Marrafon teria aumentado de maneira desproporcional o duodécimo dos Poderes, um dos principais problemas atualmente do Governo.
“No início do Governo, o percentual que o Estado liberava para outros Poderes, que hoje é um problema seríssimo a ser resolvido, era x por cento. Com a ida do Marrafon para a Secretaria de Planejamento, a equipe econômica errou o cálculo e dobrou praticamente”, disse.
“E hoje está uma crise muito grande para satisfazer a volúpia dos gastos dos outros Poderes, que durante esses três primeiros anos receberam milhões e hoje não querem colaborar com nada, nem um cortezinho”, afirmou.
Fuga de aliados
Para Julio, o governador não soube manter aliados que estavam no “núcleo duro” de sua campanha em 2014.
“Ele excluiu todos os políticos que o ajudaram. Onde está Otaviano Pivetta, Osvaldo Sobrinho, Chico Galindo, Percival Muniz, Zeca Viana? Todos os companheiros que foram os principais comandantes da campanha de 2014. Resta muito pouco”, disse.
“Esse afastamento preocupa todo mundo. Por isso, também, ninguém quer pôr o pé na peia. Dar a palavra definitiva de que está com ele, mas daqui a 60 dias ver que o quadro é inviável”, afirmou.
Julio, que além de governador já foi senador e deputado federal, disse que Taques ainda está aprendendo a ser político.
“Por não ser político, por não ter habilidade política, não ter o tchã da habilidade política mato-grossense, ele acha que essas coisas são fáceis de resolver. E só com diálogo que se resolve. Quem não gosta de dialogar, quem não gosta da arte do diálogo, é um mau político. O bom político tem que conversar bastante. Alguns políticos estão sobrevivendo há 40 anos, como Carlos Bezerra, Júlio Campos, o Jonas Pinheiro ficou aí por 30 anos, porque tem a arte do diálogo”, disse.
“Eu acho que o governador Taques vai aprendendo devagarzinho que política é conversar, dialogar, cumprir palavras acordadas. Está começando a querer ser [político]. Mas é difícil uma pessoa que vem de órgão. Por exemplo, um general virar político não é fácil. Um promotor virar político, também é difícil”, completou.
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