HERANÇA
Três disputam apoio no agronegócio Saída de Maggi faz políticos disputarem apoio dos "barões"
Blairo Maggi (PP) não disputará a reeleição ao Senado, mas não se afasta da vida pública, pois permanecerá no Ministério da Agricultura até o término do mandato do presidente Michel Temer. Com a decisão de Blairo, três nomes do agronegócio entram em cena disputando o cargo de senador: o vice-governador Carlos Fávaro (PSD), o deputado federal sem partido Adilton Sachetti e o secretário nacional de Política Agrícola, Neri Geller (PP). Outros cinco nomes também figuram entre os prováveis candidatos às duas cadeiras em disputa, sendo que três também são ligados aos meios agropecuários.
Em 26 de fevereiro, numa coletiva em Cuiabá, Blairo anunciou que não será candidato a nenhum cargo em outubro. Sua decisão, segundo ele, foi amadurecida e discutida com companheiros. O ministro e senador licenciado justificou que a política lhe impõe uma agenda pública que o distancia da família e dos negócios. Sua decisão, segundo ele, “desembaralha” a eleição, que até então, em parte estava engessada à espera do caminho que ele seguiria, afinal trata-se de um ex-governador em dois mandatos consecutivos e conquistados em primeiro turno e do único político mato-grossense que recebeu mais de um milhão de votos em uma só eleição.
Uma das principais lideranças nacionais do agronegócio, Blairo seria, segundo analistas, quase unanimidade entre o agro para disputar ou o governo ou o Senado. Com seu recuo, três nomes do segmento entraram em cena pela cadeira que ele ocupa: Adilton, Neri e Fávaro.
Catarinense radicado em Rondonópolis, o deputado federal Adilton Sachetti foi prefeito de Rondonópolis (2005/08) e não se reelegeu para o cargo. Presidiu a extinta Agência da Copa do Mundo (Agecopa), que foi substituída pela Secretaria da Copa (Secopa). Em 2014 chegou à Câmara pelo PSB com 112.722 votos – o segundo mais votado em Mato Grosso. Arquiteto e urbanista, Adilton assinou o projeto arquitetônico da cidade de Sapezal fundada pelo colonizador André Antônio Maggi.
Na área do agro - onde é um dos principais líderes em Mato Grosso - Adilton realizou seu maior feito, Em 2002, à frente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e na diretoria da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) iniciou uma batalha na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a política de subsídios de Washington aos cotonicultores dos Estados Unidos. Depois de uma longa batalha a ação conduzida por ele resultou na primeira derrota daquele país, na área agrícola, na OMC.
Mesmo sem partido, Adilton não esconde o plano de ir para o Senado, mas como as peças do xadrez político ainda não estão definidas age com cautela porque não sabe quem será seu companheiro ou adversário em outubro. Independentemente desse cenário uma luz se acende para ele: ao anunciar que não será candidato, Blairo disse que Adilton “é meu irmão, meu compadre, meu amigo” e acrescentou que mesmo fora do palanque votaria nele.
Gaúcho é radicado em Lucas do Rio Verde, Neri Geller por duas vezes foi suplente de deputado federal no grupo do ex-governador Dante de Oliveira. Ao longo de sua carreira filiou-se a vários partidos. Ao longo de 10 meses, no governo da presidente Dilma Rousseff, foi ministro da Agricultura. Novamente está naquele ministério, por nomeação de Blairo, mas exercendo o cargo de secretário de Política Agrícola, função que anteriormente também ocupou.
Em 2006 Neri ficou conhecido nacionalmente na área do agro, por sua atuação no movimento chamado “Grito do Ipiranga”, deflagrado em Ipiranga do Norte, por Ilberto Effting, o Alemão, que foi produtor rural e prefeito daquele município. O Grito foi um protesto contra a falta de política agrícola do governo do PT, ultrapassou os limites de Ipiranga, avançou por Mato Grosso e os demais estados produtores. Oito anos após aquela manifestação Neri passou a integrar o ministério da petista Dilma.
Candidatura sim, defende Neri. O que ele não sabe ou pelo menos não revela é em que palanque subiria em caso de conquista da vaga de candidato. Neri não é caso à parte, pois em Mato Grosso situação e oposição caminham lado a lado, divididos por uma linha imaginária que quase sempre é cruzada em direção ao poder.
O paranaense, produtor rural radicado em Lucas do Rio Verde e vice-governador Carlos Fávaro (PSD) exerce seu primeiro mandato eletivo nos meios políticos. Chegou ao poder pelo PP coligado ao PDT que lançou o senador Pedro Taques ao governo.
Antes da definição de Blairo a situação política de Fávaro era indefinida. Agora, tanto ele quanto seu partido falam em sua candidatura ao Senado, mas não há clareza se na coligação que deverá ser formada para apoiar a tentativa de reeleição de Taques ou se na oposição liderada pelo senador republicano Wellington Fagundes.
OUTROS – Três nomes também ligados ao agro são citados enquanto prováveis candidatos. Nilson Leitão e Francis Maris (ambos do PSDB) e Jayme Campos (DEM).
O sul-mato-grossense Nilson Leitão é deputado federal e líder do PSDB na Câmara. Presidiu a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi vereador e prefeito de Sinop em dois mandatos. Foi suplente e deputado estadual. Cumpre o segundo mandato consecutivo na Câmara tendo sido o mais votado para o cargo em 2014, com 127.749 votos. Em recente almoço de Taques com lideranças que o apoiam, o governador o citou enquanto provável candidato ao Senado por seu grupo.
O empresário mato-grossense Jayme Campos (DEM) nunca mudou de partido e milita no Democratas desde a época em que sua sigla era Arena (Aliança Renovadora Nacional). Foi prefeito de Várzea Grande em três mandatos, governou Mato Grosso (1991/94) e foi senador (2007/14). Sua mulher, Lucimar Campos, é prefeita de Várzea Grande.
Mesmo fora dos períodos eleitorais, nos meios políticos, o nome de Jayme sempre foi lembrado para disputar ou o Senado ou o governo. Desde o final do ano passado, as discussões sobre ele ficaram restritas à possibilidade de sua candidatura para outro mandato de senador; Jayme admite que também sonha com o Senado.
O empresário paulista Francis Maris Cruz (PSDB) é prefeito reeleito de Cáceres (em 2012, pelo PMDB, recebeu 49,18% dos votos e em 2016 cravou 62,91% pelo PSDB). Francis insiste em ser candidato ao Senado, mas esbarra no congestionamento partidário, pois o PSDB trabalha o nome de Nilson Leitão para o cargo.
Fora do agro, a professora universitária paulista e ex-reitora da UFMT (2008/16) Maria Lúcia Cavalli Neder (PCdoB) tem seu nome costurado pelo seu partido para o Senado. Recentemente os comunistas entabularam o começo de uma aliança socialista com o PDT e o PT para lançar o deputado estadual petista Zeca Viana ao governo; prevalecendo tal composição, Maria Lúcia estará ao lado de Zeca.
OUTROS - Potiguar, policial rodoviário federal, professor de Matemática, advogado e senador, José Antônio Medeiros chegou ao cargo com a renúncia do titular Pedro Taques que conquistou o Palácio Paiaguás em 2014. Medeiros pertenceu a vários partidos, mas quando foi eleito suplente de Taques era filiado ao PPS.
Seu nome não figura entre os prováveis candidatos ao Senado e ele não assume publicamente que tentará novo mandato.
A juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda, gaúcha, é uma das figuras mais respeitadas da magistratura mato-grossense. Há algum tempo seu nome figura entre prováveis candidatos ao governo ou ao Senado. Pela condição de magistrada Selma não pode se filiar a partido nem se manifestar politicamente, mas isso não impede que haja articulação para leva-la ao palanque.
Uma fonte ligada ao deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro revelou recentemente que convidou para disputar o Senado e que ela teria recebido o pedido com “demonstração de alegria”.
A mesma fonte acrescentou que Bolsonaro assinará ficha de filiação ao PSL no próximo dia 7, em Brasília, e que Selma estaria providenciando sua saída da magistratura para também se filiar àquele partido.
O grupo de Bolsonaro em Mato Grosso costura a candidatura do ex-prefeito de Sorriso, Dilceu Rossato, ao governo, com Selma ao Senado. Rossato assinará ficha ao PSL no dia 7, na solenidade em que aquele partido receberá o presidenciável.
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