GRAMPOLÂNDIA PANTANEIRA
Advogado acusa conselho de já "condenar" cabo e defende depoimento de Taques Defensor do militar afirmou que cabo "já está condenado" pelo juri militar
“Quem não deve, não teme”. A frase é do advogado Neyman Monteiro, que defende o cabo Gerson Luiz Corrêa Junior, sobre a possibilidade do governador Pedro Taques (PSDB), arrolado como testemunha de defesa, depor na ação penal que investiga o esquema de interceptações telefônicas ilegais, que ficou conhecido como Grampolândia Pantaneira.
Para o defensor, o policial militar já está condenado. Ele afirmou, após a audiência que ouviu várias testemunhas nesta sexta-feira. Neyman apontou que o depoimento do governador poderia esclarecer algumas questões que ainda estão em aberto, sobre o caso.
“Aguardamos a oitiva dele. Ele se deu para ser investigado no Superior Tribunal de Justiça. Então, ele poderia esclarecer algumas dúvidas aqui. Não posso pré-julgar. Se ele quiser vir, ele virá. Quem não deve, não teme”, afirmou.
O advogado criticou a postura dos juízes, que mantiveram a prisão do cabo Gerson por unanimidade. Segundo Neyman, o policial “só faltou darem a sentença”. “Todos estão de prova sobre o que está acontecendo. A defesa tenta, mas ele já está pré-julgado. Ele já está condenado. Já quase somou até a pena aqui e quase saiu a condenação. Só falta a sentença. A defesa entende isso. Só ele que ameaça todo mundo, mas não tem nenhuma prova disso. Esse que é o problema”, questionou.
Neyman afirmou que deve tentar novamente a soltura no Tribunal Militar e que aguardará a votação do pedido de habeas corpus no colegiado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT). Ele aponta, por exemplo, que o Ministério Público Estadual (MPE), responsável pela acusação, no caso, ter pedido a extensão do benefício da prisão domiciliar para o cabo.
“Aqui não adianta tentar mais nada. Agora é aguardar a decisão do habeas corpus no Tribunal de Justiça. Se o fiscal da lei, que é quem acusa, pediu para soltar, fica difícil a defesa fazer alguma coisa. Se quem acusa, pede para soltar, imagine. O pré-julgamento já está antecipado do cabo Gerson. Vamos aguardar o HC com a decisão dos desembargadores, que podem pensar de outra maneira”, desabafou.
Questionado sobre a convocação de novas testemunhas no caso, com vítimas do esquema como Tatiane Sangalli, ex-amante do ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, a deputada estadual Janaina Riva e o jornalista José Marcondes Neto, o Muvuca, a defesa do cabo Gerson disse que irá avaliar.
“A Tatiane será ouvida. Poderá vir ao TJ-MT ou depor por carta precatória, já que não mora na Comarca”. Sobre Muvuca e Janaina Riva, o advogado não descarta a convocação. “Há de se pensar. Da maneira que está sendo conduzido aqui, há de se pensar”, pontuou.
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