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Politica MT
Segunda - 02 de Abril de 2018 às 16:44
Por: Cíntia Borges e Lucas Rodrigues/Midianews

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O deputado estadual Ondanir Bortolini, o Nininho, que depôs
O deputado estadual Ondanir Bortolini, o Nininho, que depôs

O deputado estadual Ondanir Bortolini (PSD), o “Nininho”, afirmou ser vítima do esquema de fraude, desvio e lavagem de dinheiro no âmbito do Detran Mato Grosso, descoberto na Operação Bereré.

De acordo com o político, o cheque que recebeu em 2014, do então sócio da Santos Treinamento, Claudemir Pereira, era fruto de um empréstimo feito em uma factoring.

A Santos Treinamento é uma das empresas investigadas na operação.

"Se trata de um fato que ocorreu, e envolveu mais de 200 pessoas vítimas da circulação desses recursos. E eu, como muitos outros, fui vítima por ter passado R$ 1 mil pela minha conta. E agora eu vou esclarecer”, disse o político no início da tarde desta segunda-feira (2).

A declaração foi dada antes de ele prestar depoimento no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) referente à operação nesta tarde.

A versão de Nininho coincide com a de seu ex-assessor, Tschales Tschá, de que os cheques eram de terceiros e foram usados para pagar despesas do político.

A Operação Bereré, deflagrada em fevereiro, apura um esquema de fraude, desvio e lavagem de dinheiro no âmbito do Detran MT, na ordem de R$ 27,7 milhões, que operou de 2009 a 2015.

“Isso foi um empréstimo pego pelo meu chefe de gabinete em uma factoring, que ao invés de passar o recurso [dinheiro], passaram cheques de terceiros, que infelizmente faziam parte desse esquema”, disse Nininho.

Segundo as investigações, parte dos valores repassados por bancos que financiavam carros à EIG Mercados, por conta do contrato com o Detran-MT, retornava como propina a políticos, dinheiro esse que era “lavado” pela Santos Treinamento e por servidores da Assembleia, parentes e amigos dos investigados.

Nininho não foi alvo da Bereré, mas as investigações apontaram que ele recebeu um cheque de R$ 1 mil, no dia 20 de fevereiro de 2014, emitido por Claudemir Pereira - na época ainda sócio da Santos Treinamento.

O político alega que é comum a prática de pegar dinheiro emprestado de factoring, sem a exigência de comprovação.

“Quando precisa você recorre ao empréstimo, como a maioria dos comerciantes. E empresários fazem. Foi isso que ocorreu comigo. Meu chefe de gabinete pegou, me parece R$ 6mil e R$ 1 mil. Ele transferiu da conta dele para minha, só isso [...]”, alegou.

Segundo Nininho, o dinheiro serviria para “cobrir” sua conta, que na época estaria negativa.

Assessor de gabinete

O ex-assessor de gabinete de parlamentar, Tschales Tschá, depôs ao Gaeco no dia 7 de março.

Ele trabalhou na assessoria de Nininho até janeiro de 2015 e, desta data até janeiro de 2017, passou a atuar como secretário-geral da Assembleia Legislativa.

Na oitiva, Tschales Tschá afirmou que era comum ele receber cheques e valores em espécie de terceiros das factorings que operavam com o deputado, “mas poucas vezes referidos cheques transitaram na minha conta pessoal”.

O ex-assessor disse que nunca teve negócios com Claudemir Pereira e que o valor de R$ 1,5 mil compensando de um dos cheques e depositado em sua conta “provavelmente foi o ressarcimento de alguma despesa paga pelo mesmo e relacionada a alguma despesa pessoal de algum familiar do deputado Nininho ou do gabinete dele”.

A operação

A operação Bereré foi desencadeada em fevereiro com o cumprimento de mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa, em imóveis e escritórios, além da sede da empresa em Brasília.

São alvos da operação o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), o deputado estadual Mauro Savi (PSB), o ex-deputado federal Pedro Henry, servidores públicos, empresas e particulares.

A operação é desdobramento da delação premiada do ex-presidente do Detran, Teodoro Moreira Lopes, o "Dóia". Ele revelou esquemas de corrupção na autarquia, iniciados em 2009, e que renderia, ao menos, R$ 1 milhão por mês.

A EIG Mercados venceu uma licitação, em 2009, para prestar serviços de registro de financiamentos de contratos de veículos, por um período de vinte anos.

Até julho de 2015, a empresa ficava com 90% da arrecadação anual - estimada em R$ 25 milhões - e o órgão com 10%. Em julho de 2015, já na gestão Pedro Taques (PSDB), o Detran fez um termo aditivo ao contrato, passando a receber 50% da arrecadação.

Conforme as investigações, parte dos valores recebidos pela EIG Mercados era repassada para a Santos Treinamento, que seria de fachada e atuaria apenas para “lavar” e distribuir a propina aos políticos.

Dezenas de servidores e parentes de servidores do Poder Legislativo também teriam sido usados para lavar o dinheiro arrecadado por meio do esquema criminoso.





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