SAÍDA DE FÁVARO
Líder diz que renúncia é “desperdício” e nega traição de Taques "Quem age de maneira rasteira na política, tem os dias contados na política", disse deputado
O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Leonardo Albuquerque (SD), disse respeitar a renúncia de Carlos Fávaro (PSD) à vice-governadoria, mas classificou a decisão como “desperdício”.
Para ele, o ex-vice poderia continuar no cargo sem correr o risco de disputar o Senado, nas eleições deste ano.
“É uma decisão pessoal. Cada um tem que pensar o que é melhor para si. Não posso falar do PSD, mas o Fávaro é um grande líder, uma pessoa de quem não posso reclamar. Aprendi a admirá-lo. Espero que faça o que é o melhor para ele. É um desperdício, não precisava disso. Mas se entende que precisa se dedicar à campanha, é uma decisão pessoal e vamos respeitar”, afirmou.
Publicamente, Fávaro afirmou que a renúncia se deve ao fato de não querer usar a máquina pública para seu desejo eleitoral.Nos bastidores, porém, havia temor de que o governador Pedro Taques (PSDB) faça alguma viagem e o vice assumisse o cargo no período de seis meses antes da eleição. Caso isso ocorresse, ficaria impedido de disputar outro cargo que não o de vice-governador.
Leonardo negou que Taques pudesse tomar qualquer atitude que inviabilizasse a pré-candidatura de Fávaro.
“A pessoa que assim fizer será execrado. Quem age de maneira rasteira na política, tem os dias contados na política. E torço para que a população cada dia abra mais seu olho para políticos rasteiros. Cometer uma maldade dessas com o vice-governador seria sem perdão. Pesaria a mão. A população não aceitaria”, disse.
“Se fizesse, a população julgaria com mão de ferro. Nunca passou pela cabeça do governador. E nem nós aceitaríamos. Seriamos o primeiro a criticar e ir para cima de verdade. Isso é inaceitável. Esse não foi o motivo [da renúncia]. Colocar a culpa nisso é tentar achar culpados. Pelo que conheci do Fávaro, não é esse o motivo. Ele vai para construção do projeto dele”, afirmou.
Projeto de sucessão
Na última semana, Leonardo devolveu o projeto que acaba com a transmissão automática do Governo em caso de impedimento do governador. Ele fez algumas modificações na proposta de lideranças partidárias.
O parlamentar admitiu que alguns advogados da Assembleia Legislativa acreditam que a proposta pode ser considerada inconstitucional.
“Já entreguei o projeto com as alterações. Está nas comissões para devidas análises para depois vir para votação. Sem melindres, sem esse drama. O que é correto é correto. Nós trocamos a palavra ‘Estado’. Quer dizer, senão, ele ia até Brasília para uma reunião e já teria que avisar. Não há necessidade”, disse.
“Essa discussão sobre inconstitucionalidade não foi discutida com o governador. Surgiu da parte jurídica. A ala conservadora dos advogados acreditava na inconstitucionalidade, mas existe outra ala que acredita que poderia ser vista como inovação e poderia criar uma discussão. Acho válido. A discussão está sendo feita nas comissões”, completou.
No projeto, o governador fica obrigado a comunicar formalmente, com 48 horas de antecedência, o vice-governador e o Poder Legislativo quando deixar o País por mais de 24 horas.
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