Crimes no Detran
Esquema de venda de CNHs funcionava há 10 anos, diz Polícia Sessenta ordens judiciais estão sendo cumpridas; motoristas confessaram pagamento de propina
A Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz) revelou que o esquema envolvendo fraudes na obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) já existe há 10 anos no Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT).
A informação foi dada na manhã desta quarta-feira (5) pelo delegado Sylvio do Valle, após a deflagração da Operação Mão Dupla, que cumpre 60 ordens judiciais, sendo 25 mandados de prisão preventiva e 35 de busca e apreensão.
Segundo as investigações, estão sendo apurados crimes de corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos no sistema Detrannet e organização criminosa para venda ilícita de carteiras.
A Polícia Civil ainda não sabe dizer quantas pessoas se beneficiaram do esquema durante essa década. Porém até o momento, 30 pessoas já foram identificadas e tiveram suas CNHs canceladas.
O “cabeça” do esquema, de acordo com o delegado, seria um dos examinadores do Detran, que não teve a identidade revelada. No entanto, há a participação de donos de autoescolas e até mesmo de servidores já aposentados.
“Ele coordenava todo o esquema. Era ele quem fazia as escalas de viagens e, a partir daí, eram marcadas as provas práticas onde era consumado o crime”, explicou.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Buscas estão sendo cumpridas desde o começo da manhã desta quarta-feira (5)
Durante os trabalhos investigativos, foram juntadas aos autos 21 confissões de candidatos que confirmaram o pagamento de valores que variavam de R$ 1 mil a R$ 4 mil para serem aprovados sem a necessidade de realizar as provas.
“Os próprios instrutores e donos de autoescolas ofertavam essa facilidade para os candidatos e informavam que eles tinham duas formas de tirar CNH: ou de uma forma normal, fazendo todas as aulas e exames, ou de uma maneira mais simplificada, que seria esse pacote mais completo, que não precisaria fazer nenhuma aula ou prova prática e teórica”, disse Sylvio.
Devido à facilidade com que o examinador conseguia as carteiras, a Polícia suspeita que ainda existam servidores de alto escalão envolvidos no esquema, mas que ainda não foram identificados.
Segundo o delegado, as buscas e os mandados de prisão ainda estão sendo cumprido nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, São Félix do Araguaia, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Tangará da Serra, Juína e Rondonópolis.
Até o final desta manhã quatro veículos haviam sido apreendidos.
Os valores que a quadrilha chegou a faturar no esquema também não pôde ser informado.
“Eles faturavam alto. As informações que temos é que determinados servidores e donos de autoescolas conseguiam com isso angariar um número muito maior de candidatos, e com isso aferir um dinheiro muito maior nesse esquema”, explicou o delegado.
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