Dar alimento favorece proliferação de pombos nas ruas
Cada vez mais é possível ver animais silvestres em centros urbanos e essa convivência forçada pode ser prejudicial à saúde da própria população. Um desses problemas é a proliferação de pombos. Não há uma estimativa de qual seja a população desta espécie de ave, mas elas estão espalhadas por toda a cidade, especialmente, o Centro Histórico, onde encontram três elementos essenciais para a sobrevivência: alimento, água e abrigo.
Aparentemente inofensivos, esses animais podem trazer danos à saúde. O principal risco são as doenças causadas pelas fezes dessas aves. Quando elas secam, acabam se misturando a poeira e ao ar e acabamos inalando, podendo nos contaminar com fungos e bactérias responsáveis por doenças nos aparelhos respiratório e digestivo, inclusive, com a salmonela, bactéria responsável por causar vômito e diarreia.
Nas cidades, o aumento dos pombos se deve por três fatores, sendo eles, a oferta de abrigo, com muitas casas e prédios, a ausência de predadores, como gaviões, e o fácil acesso a comida. Por isso, para evitar a proliferação, a primeira medida a ser tomada é não alimentar os pombos.
Pensando nisso, um projeto de lei foi aprovado na Câmara de Cuiabá e prevê multa de R$ 200 para as pessoas que alimentarem esses animais nas praças e em outros locais públicos da cidade, além de prevê orientação à população sobre os riscos que podem trazer à saúde humana.
Autor do projeto de lei de número 035/2018, o vereador Ricardo Saad afirma que a principal essência da proposta não é multar, mas conscientizar. “A intenção é tirar os pombos de dentro da cidade por serem um dos maiores responsáveis pela infestação de piolhos e de doenças provocados por eles”, disse. “Nos edifícios, onde ficam o aparelho de ar condicionado, o pombo chega, fica e faz fezes e também fica o piolho, que invade as janelas”, acrescentou.
Saad garante que intenção não é matar os animais, mas cobrar que o Centro de Zoonoses (CCZ) que “faça o manejo dos animais para um local adequado”, fora do alcance dos humanos. A proposta também veda a comercialização de alimentos para pombos nas ruas da cidade.
A possibilidade de transmissão de doenças vem do fato de permitir que o pombo passe a habitar ou a permanecer perto das pessoas de forma a oferecer alimentação, abrigo, acesso e água. “Hoje, o que a gente observa muito é essa facilidade. E aí, eles vão permanecendo e adequando a nossa estrutura. A alimentação você observa que não comem mais grãos e se adequam as nossas comidas, como pão e o arroz”, comentou Alessandra da Costa Carvalho, coordenadora municipal da Vigilância em Zoonoses.
Por lei, matar pombos é considerado crime inafiançável. “Porque ele tem seu papel importante na natureza por controlar alguns insetos dentro do ambiente e evita proliferação de outros insetos, como escorpião, formiga, aranha, grilo”, comentou.
Alessandra Carvalho reforça a importante de não alimentar as aves. “A gente tem trabalhado muito com esse tipo de orientação, pois leva a amenização dos riscos de proliferação. Os pombos têm características interessantes por que vivem em casais e havendo condições favoráveis e, sem animais de controle deles, como é o caso do gavião, eles se proliferam mais rápido. Então, a gente entende que se existir um melhor enfoque de que as estruturas físicas não devam permitir a entrada dessas aves ou das pessoas em não alimentar esses animais, obviamente, não teríamos uma proliferação desenfreada”, observou.
Vale lembrar que no ano passado um funcionário da Empresa Brasileira de Correios, que atuava na Central de Distribuição, localizada no Bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, cidade vizinha à capital, morreu após ter sido vítima de neurocriptococose, doença contraída por vias respiratórias ao inalar fungos encontrados nas fezes de pombos.
Comentários