Conab projeta novo recorde de produção para MT Apesar das avaliações mais pessimistas do mercado, em decorrência do clima, a estatal nacional estima oferta quase 3% maior do que o saldo histórico do ciclo anterior
Mato Grosso deverá colher mais uma safra recorde e ultrapassar a casa de 63 milhões de toneladas no atual ciclo, o 2018/19. A pujança seria garantida pelo algodão e pelo milho. Ambas têm previsão de incremento anual, sendo a pluma o carro-chefe do recorde estadual, com avanço de 21,5% na oferta. O cenário consta do 4º levantamento da safra de grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgado ontem. Nessa linha, Mato Grosso manteria a posição de líder nacional, acumulando, pelo oitavo ano seguido, o título de maior produtor nacional de grãos e fibras.
Dentro dessa avaliação positiva, Mato Grosso responderia por mais de 26% da oferta nacional, estimada nesse novo levantamento em 237,3 milhões de toneladas. Considerando o percentual de participação da produção mato-grossense no contexto nacional, há mais um indicador histórico e inédito.
Das culturas de peso na agricultura estadual, apenas a soja teria redução na produção (-0,4%), saindo de um volume final de 32,30 milhões de toneladas na safra passada para 32,17 milhões de toneladas nesse ano.
Como apontam os analistas da Conab, o plantio da safra 2018/19 de soja foi finalizado na primeira quinzena de dezembro. A regularidade das precipitações pluviométricas possibilitou adiantamento considerável dos trabalhos durante os meses de plantio. “Neste momento, as atenções se voltam para o desenvolvimento da lavoura, cuja avaliação qualitativa predominante é excelente. Até o fechamento de dezembro, estimava-se que grande parte da lavoura estadual estará em fase de enchimento de grãos, com uma pequena parcela em estádio final de maturação. A maior parte da colheita ocorrerá entre janeiro e fevereiro, favorecendo o plantio das culturas de segunda safra”.
As boas condições climáticas remetem à produtividade positiva da soja. Assim, estima-se rendimento estadual de 3.320 kg/ha, número 2,2% menor que na safra passada, quando foi registrada produtividade recorde de 3.394 kg/ha, devido às excelentes condições climáticas. Em relação à área plantada, houve incremento de 1,8% devido a novas áreas e substituição de cultura, saindo de 9.689,9 mil hectares na safra 2017/18 para 9.694,6 mil hectares na atual. Portanto, o aumento do espaço dedicado ao cultivo da oleaginosa, aliado à expectativa positiva de produtividade, deve contribuir para a manutenção do patamar de produção de 32 milhões de toneladas, visto na safra anterior.
A maior parte dos analistas de mercado vem chamando à atenção para a interferência do clima nos resultados da safra de soja desse ano e, assim, reduzindo as suas projeções em relação ao volume final a ser de fato colhido e comercializado.
Impulsionado pelo aquecimento do mercado da pluma nos últimos anos, a expectativa de aumento de área vem se confirmando. Projeta-se cultivo de 955,9 mil hectares no ciclo 2018/19, ante 777,8 mil hectares na safra passada. “A rentabilidade da pluma tem atraído produtores rurais para cultura em detrimento de outras, menos favoráveis financeiramente. O algodão da primeira safra já começou a ser plantado. Estimava-se que até final de dezembro cerca de 70% das áreas de primeira safra tinham sido semeadas. Já o plantio do algodão de segundo plantio, ocorrerá majoritariamente, entre os meses de janeiro e fevereiro, após a colheita da soja de ciclo precoce e superprecoce. A expectativa é que o adiantamento na colheita do grão possa favorecer a janela de plantio da pluma”.
Em relação ao milho, a Conab projeta ganho anual de volume de 4,9%, com a produção passando de 26,20 milhões de toneladas para 27,49 milhões de toneladas. O milho tem seu crescimento baseado na produtividade, pois até o momento, a Estatal mantém inalterada a área plantada, 4,47 milhões de hectares, superfície semeada em 2018.
BRASIL – A estimativa da produção de grãos para a safra 2018/19 é de 237,3 milhões de toneladas. Se comparado com a safra passada, o crescimento deverá ser de 9,5 milhões de t, o que representa um volume 4,2% superior. Já a área plantada está prevista em 62,5 milhões de hectares, um aumento de 1,2%, em relação com a safra 2017/18.
Entre os destaques do estudo estão a soja, com projeção de crescimento de 1,7% na área de plantio e redução de 0,4% na produção, atingindo 118,8 milhões de toneladas, e o milho primeira safra, que teve aumento de 0,4% na área a ser cultivada que deve resultar em uma produção de 27,5 milhões de t. Com este desempenho, a expectativa é que o produto tenha um desempenho 12,9% superior à obtida em 2017/18, registrando uma produção de 91,2 milhões de toneladas, quando somadas as duas safras do grão.
O algodão também é destaque na produção brasileira, com uma concentração do plantio em janeiro e um crescimento superior a 25,3% na área e 20,3% na produção. Outro bom resultado pode ser encontrado na primeira safra do amendoim, que pode chegar a 551,7 mil t, com um aumento de 10% em relação à safra passada.
Por outro lado, o arroz deve ter uma colheita 7,1% menor que a safra passada, ficando em 11,2 milhões de t, e o feijão primeira safra também apresenta uma queda de 7,7% na área em relação à safra passada e produção estimada em 1,1 milhão de t.
Comentários