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Cidades/Geral
Domingo - 27 de Janeiro de 2019 às 17:49
Por: Valquiria Castil/GD

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“Meu medo é cair no esquecimento”, diz Rosilda de Souza, 53, esposa de Darliney da Silva Madaleno, 41, dois meses depois do acidente que deixou o marido com a perna esquerda amputada, enquanto ele trabalhava como gari, em Cuiabá. Há uma semana, ele iniciou o tratamento de fisioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma hora por dia e duas vezes por semana. Com isso, o desejo de conseguir uma prótese para melhorar a mobilidade só aumentou.

Seguindo todas as orientações médicas e já livre de medicamentos, Darliney usa uma faixa para ajudar a modelar o membro amputado e anda com ajuda de muletas. “Ainda não temos a prótese, a gente espera o que o pessoal da Prefeitura (de Cuiabá) prometeu, mas até agora nada”, relatou a mulher ao . Ambos desempregados, o casal vive de uma renda de R$ 998 (paga pelo INSS) em uma kitnet alugada no bairro Renascer.

Rose, como é conhecida, conta que tem recebido doações e ajuda com a alimentação, inclusive uma doação pagou o aluguel de R$ 500 de janeiro. “Aliviou bastante para a gente que também paga água e luz”, afirmou a mulher. Porém o sonho é conseguir a casa própria. “O que eu queria mesmo era ter a nossa casa e para nos livrar do aluguel. É muito complicado vivermos dessa forma, com apenas um salário e pagando um aluguel desses”, frisa.

Otmar de Oliveira

gari atropelado

Sonho do casal é sair do aluguel e morara em uma casa própria.

Para diminuir a despesa de energia, Rose tirou o encosto do sofá e colocou um colchão para que Darliney ficasse mais confortável na sala e assim evitar o uso do ar-condicionado durante o dia no quarto. “Ele passa o dia todo assim, sentado assistindo TV com o ventilador ligado. À noite, ele dorme bastante mal com as dores na coxa amputada, mas o médico diz que é normal. Tem dias que ele amanhece nervoso e triste, mas eu me mantenho firme para dar força pra ele”. Ela explicou que sempre quando dá também vai orar para se manter firme.

De poucas palavras e sem perspectivas, o homem não sabe o que esperar do futuro. “Só Deus sabe como estarei daqui a um ano. Quando comecei a trabalhar planejava viajar nas férias, mas os planos mudaram. Deus sabe de tudo”, pontuou.

Darliney tinha apenas 40 dias de trabalho quando foi atropelado e Rose tinha começado a trabalhar de carteira assinada há 8 dias. Antes disso, os dois sempre trabalhavam fazendo bicos, ele fazendo trabalhos braçais e ela como diarista. “Mesmo desempregado, ele sempre trabalhava com alguma coisa. Tinha vezes que eu tinha uma diária para fazer e não estava bem para ir, ele mesmo pegava a enxada e procurava um quintal para limpar”, lembra emocionada. “A gente comprava e pagava as nossas dívidas”, completou Rose.

Otmar de Oliveira

gari atropelado

Darliney segue todas as indicações médicas para poder usar prótese.

A empresa terceirizada de coleta de lixo, a Locar, ainda presta assistência ao ex-funcionário realizando o transporte para a fisioterapia. De acordo com o Darliney, tem um encaminhamento para fazer tratamento psicológico, porém ainda não começou por falta do profissional disponível para o atendimento.

A procuradora aposentada Luiza Siqueira de Farias, 68, responsável pelo acidente teria ido visita-lo apenas uma vez e, em dezembro de 2018, enviou uma cesta de Natal para Darliney. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Christian Cabral, da Delegacia de Delitos de Trânsito (Deletran), para a conclusão do inquérito resta o laudo do local do acidente e o complementar de lesão corporal. Mesmo sem o resultado, o delegado adianta que Luiza Siqueira de Freitas será indiciada por crime de homicídio culposo qualificado pela embriaguez, com pena de 5 a 8 anos de prisão.

Quem tiver interesse em ajudar o casal com doações de alimentos, financeiro, com a prótese ou a casa, pode entrar em contato com Rosilda através do telefone (65) 99697-4574 ou também pela conta na Caixa Econômica Federal, agência 1569, operação 013, conta poupança 29280-9, CPF 616.853.051-72, Rosilda de Souza Eckstein.

Relembre o caso

No dia 20 de novembro de 2018, o gari Darliney Silva Madaleno passou por uma cirurgia de mais de 6 horas para amputar a perna esquerda após ter sido atropelado por um Jeep Renegade conduzido pela procuradora aposentada Luiza Siqueira de Farias, 68. O acidente foi registrado durante a madrugada, na avenida Getúlio Vargas.

Ele teve alta médica no sábado (24). Já a procuradora foi liberada da prisão após passar por audiência de custódia e pagar a fiança de 8 salários (R$ 7,6 mil) estabelecida pelo juiz plantonista.





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