Para ajudar nas buscas, empresa adesiva frota com rosto de garoto desaparecido
Com muita emoção na fala, mas amparada por uma fé que a consola através dos anos, Silvana Aparecida da Silva conta ao que não perde a esperança de encontrar o filho Flavinho. O menino desapareceu quando tinha 2 anos, no dia 18 de janeiro de 2015, no Distrito de União do Norte, em Peixoto de Azevedo (a 692 km da Capital). Poucas pistas impossibilitaram a conclusão do caso e o processo foi arquivado, mas a família insiste. "Não se pode encontrar aquilo que não estão procurando", comenta à mãe em um trecho da entrevista.
Esta semana, Silvana fez uma publicação em sua página do facebook para agradecer a solidariedade da empresa de transporte Águia Sul. Isso porque vários caminhões da frota passaram a circular por Mato Grosso com a fotografia da criança e, ao fortalecer à campanha, voltar a atenção pública sobre o mistério e retomar às perguntas que ficaram sem respostas. "O descaso da polícia e da justiça foi desde o início. Meu filho desapareceu em um domingo, mas eles só vieram aqui na terça", aponta como falha.
Aqui nesta cena, Flavinho aparece em uma das últimas fotos com a família toda completa
No dia do desaparecimento
Flavinho brincava no quintal da casa da avó quando foi visto pela última vez. A família supõe que a criança tenha ido para a estrada que fica a cerca de 30 metros da casa.
Para a mãe, a criança também pode ter ido atrás do avô e irmão mais velho, que foram buscar milho na roça. O menino era muito apegado ao irmão, que hoje tem 15 anos. "Ele vivia no colo do mais velho, eram muito apegados. O meu filho mais velho quem cuidava dele e ele é uma das pessoas que mais sofrem desde então", destaca.
Assim que a família percebeu o sumiço de Flavinho, começou a fazer buscar no entorno do sítio. Foram em um poço, no rio do sítio, no pasto e na estrada, mas não encontraram nada e logo chamaram a polícia. "Até então todos que passaram por aquela estrada naquele dia se tornaram suspeitos. São muitas as hipóteses, desde atropelamento a um sequestro", acredita.
“Não tem um único dia que não lembramos ou falamos do Flavinho. Ninguém pode imaginar o sofrimento que é isso”
Silvana Silva, mãe do garotoPara Silvana, houve descaso do poder público e demora nas buscas. Além da polícia, ela pontua que investigações efetivas na casa de um dos suspeitos, só aconteceram um ano depois. "Em um ano dá para fazer muita coisa, esconder pistas e uma criança. Dá pra tirar ela do Estado, fazer o que quiser", acrescenta.
Ajuda de amigos e desconhecidos
Flavinho, quando tinha 2 anos e desapareceu, e agora aos 6 anos, de acordo com projeção feita por peritos da Polícia Civil, imagem para ajudar na busca
Mesmo que com as buscas paralizadas, o reforço que a família encontra chega de pessoas que se sensibilizam com o caso após entender o sofrimento da família através da mídia e outras divulgações.
Além de combustível para viagens, a família recebeu doações financeiras e até um retrato com a progressão de idade para demonstrar como o menino estaria hoje, aos 6 anos. "Uma conhecida minha de São Paulo articulou essa progressão. Uma criança pode mudar muito, talvez até nós não o reconheceríamos", acredita.
A imagem foi feita com a ajuda do Laboratório de Arte Forense do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), de São Paulo. Ela também foi adesivada nos caminhões que circulam por Mato Grosso e que Silvana teceu os agradecimentos. "Neste caminho muita gente nos ajudou. Existem pessoas maravilhosas no mundo, muitas delas nos estenderam a mão sem nos conhecer. Sou muito grata por isso. Me deu a esperança que nosso mundo ainda tem jeito", desabafa.
“Gostaria que a justiça não tivesse arquivado o caso e continuasse procurando pistas”
A vida continua, mas não segue sem Flavinho
De origem simples, a entrevistada se mostra revela esperança no tom das palavras, ao refletir. "Não tem um único dia que não lembramos ou falamos do Flavinho. Ninguém pode imaginar o sofrimento que é isso", acrescenta.
Para ela, alguns dias não sabe de onde tira energia para continuar a vida ou sorrir. Evangélicos, o seu esposo e pai de Flavinho, Flávio da Conceição Silva é pastor e ainda reúne forças para acalentar às dores de outras pessoas.
"Acho que essa é a pior luta que um ser humano pode travar, tiraram um filho da gente. Tudo lembra ele e o que nos move é algo sobrenatural. Gostaria que a justiça não tivesse arquivado o caso e continuasse procurando pistas", finaliza a mãe.
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