Recursos públicos
Mulher recebe R$ 80 mil e tem 58 votos No PSC, mulher gasta R$ 50 mil e tem 40 votos; Já Rosiley teve repasse de R$ 30 mil e teve 40 votos

Candidaturas femininas do PP, do PSC e do PTB em Mato Grosso ao cargo de deputado estadual receberam valores consideráveis dos diretórios nacionais das siglas, mas tiveram votações ínfimas em 2018. O chamado “custo do voto” destas candidatas ultrapassou R$ 1 mil.

Os dados foram obtidos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nenhuma das prestações de contas foram julgadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) até o momento. A Justiça deu prioridade aos balancetes dos eleitos e suplentes e ainda analisa as informações dos demais.

O Fundo Eleitoral e o Fundo Partidário, cujos recursos foram utilizados nas eleições de 2018, são constituídos com dinheiro público.

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Ezequiel Fonseca, presidente do PP, conversa com a candidata Valquíria do Transporte

Valquiria Maria da Costa, a Valquiria do Transporte (PP), recebeu transferência de R$ 50 mil da direção nacional do Partido da República e outros R$ 30 mil da direção nacional do Partido Progressista. A então candidata investiu R$ 46,20 do próprio bolso e recebeu ainda R$ 95 da campanha do ex-deputado federal Ezequiel Fonseca (PP).

Foram R$ 80,1 mil em doações e R$ 80,04 mil de despesas contratadas e pagas, de acordo com a prestação de contas ao TRE. Ela teve 58 votos. Divididos os gastos eleitorais pelo número de votos, há um custo de R$ 1,38 mil por sufrágio.

Entre os gastos, R$ 6 mil foram repassados a Tchikovisks Junqueira da Costa Souza e R$ 6 mil à SW7 Agência de Comunicação & Propaganda Ltda. Para a agência, os valores constam na prestação de contas referentes à criação de rede social e criação de peça para rede social. Em busca no Facebook e no Instagram não foi encontrado qualquer perfil ou publicações da então candidata.

Pessoas físicas também aparecem com pagamentos acima de R$ 1 mil. São eles: Antonio Lazaro Moreira (R$ 5 mil), Gleiciana Aguiar dos Santos (R$ 5 mil), Eduardo Castilho Gomes (R$ 4,2 mil), Renann Neves Smorcinski (R$ 3,2 mil), Claudia Aparecida de Souza (R$ 3 mil), entre outros.

As contas ainda não foram analisadas pelo TRE. Ao , a advogada Tuliane Patrice Franchi de Barros, responsável pelas candidaturas do PP, afirmou que a campanha se deu em conformidade com a legislação.

“As contas não foram sequer analisadas pelo TRE. Mas, o que eu posso te garantir é que a campanha da senhora Valquiria, assim como todas as demais do PP, tiveram, de acordo com a resolução do TSE e as cotas definidas, amparo do partido. O partido cumpriu com a normativa”, afirmou.

“É redundante falar sobre o número de votos. Nem a constituição nem a legislação eleitoral preveem número mínimo de votos para os candidatos”, completa a advogada.

A legislação estabelece que pelo menos 30% dos recursos do Fundo Eleitoral devem ser investidos em candidaturas femininas, sob o risco das prestações de contas serem reprovadas e/ou as chapas eventualmente serem cassadas pela Justiça Eleitoral.

PSC e PTB

A candidata Samara Franco (PSC) recebeu R$ 50 mil da direção nacional de seu partido e investiu outros R$ 2 mil de recursos próprios. A campanha de Samara teve custo de R$ 1,3 mil por cada um dos 40 votos recebidos nas urnas.

O maior gasto com foi de R$ 15,6 mil com Samuel Muller Brandao, um empresário individual de nome fantasia Famas Gráfica Rápida. Também foram gastos R$ 3,5 mil com Oliveira Andrade & Damaceno, empresa de nome Gráfica Rondonópolis. Outros R$ 4,9 mil foram gastos com Elisangela Aparecida de Paula, empresa individual com nome fantasia de Autopeças Topa Tudo. Neste último caso, constam na prestação de contas compras de diversos itens para carros como “kit sapata freio de mão Corolla”, “guarnição porta de trás Corolla”, “coifa lado câmbio Corolla”, entre outros referentes ao modelo da Toyota.

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Material de campanha em que Rosylei aparece ao lado do ex-governador Pedro Taques

O entrou em contato com a candidata na quarta (20). Depois de explicada a motivação da ligação, foi pedido que fosse feito um retorno em momento posterior. Ao tentar contato novamente nesta quinta (21), as ligações não foram atendidas.

Candidata a deputada pelo PTB, Rosiley Rodrigues recebeu R$ 10 mil da direção nacional de seu partido e R$ 10 mil da direção nacional do PR, além de R$ 10 mil em Recursos de Origem Não Identificada (RONIs). Cada um dos 40 votos recebidos por Rosiley custou R$ 1 mil.

O administrador Marinho Domingos da Silva recebeu duas parcelas de R$ 4 mil cada por serviços prestados à campanha. Lucilei Rodrigues Leite, coordenadora da campanha, recebeu R$ 5 mil. Ainda houve despesas de R$ 4,9 mil com transporte.

A reportagem tentou contato com Lamartine Godoy, que seria o responsável pelas candidaturas a deputado estadual do PTB em 2018. As ligações não foram atendidas e não houve retorno.