Cuiabano resgata jogos de rua da infância com torneio de bolita
om a facilidade de acesso a jogos digitais, as crianças de hoje têm crescido com os olhos na tela de celulares, tablets, as enormes tv’s e seus inúmeros jogos. A possibilidade de interagir com pessoas do mundo todo à distância faz com que as brincadeiras de rua se tornem cada vez mais raras.
A fim de resgatar essa interação das brincadeiras de antigamente, o massagista de futebol amador, Edson Rodrigues de Miranda, o Bolinha, organiza o Jogo Aberto de Bolita, que já está em sua 3° edição. Cada vez mais popular, o torneio contou com cerca de 30 competidores em sua última edição, em 2018.
“O objetivo é promover uma confraternização e relembrar essas brincadeiras que fizeram parte da infância de muita gente”, conta o organizador.
João Vieira
Edson Bolinha organiza o evento há 3 anos
Bolinha explica que a competição será aberta a crianças a partir de 12 anos e adultos também poderão participar. Haverá espaço para crianças menores no local.
Neste ano, as inscrições serão feitas no dia do evento, 29 de junho, em frente à Escola de Educação Básica Municipal Dom Bosco, no bairro Praeirinho, em Cuiabá. O endereço foi escolhido por contar com grande espaço de terra e árvores que proporcionam sombras aos competidores.
“Qualquer um pode participar, basta ser bom de mira e contar com a sorte. O campeão levará o prêmio de R$ 100 e o segundo lugar R$ 50”, explica. O dinheiro do prêmio e o material necessário para o preparo da área da copa foi possível por meio de parceria com empresas. Durante a competição, também serão sorteados brindes.
Sempre engajado em ações sociais, Bolinha realiza diversas atividades pelo bairro, principalmente voltados para a criançada.
“Esse é um resgate histórico das brincadeiras de rua. Queremos tornar isso ainda maior, para que vire um campeonato. Muita gente não acreditou quando decidi fazer o torneio de bolita, hoje ele já está na terceira edição”, conta Bolinha, que cresceu e mora no Praeirinho.
Enquanto a reportagem conversa com Bolinha, sob as árvores do local da competição, dois meninos se aproximam curiosos ao ver os potes de bolita. Animados, eles ficaram olhando até que foram indagados se gostavam de jogar e eles responderam afirmativamente. E que, às vezes, não encontravam outras crianças para brincar com as bolinhas de gude na rua.
Um deles, o mais comunicativo, tem 8 anos e disse que é muito bom. Que já ganhou as bolitas de vários adversários no jogo e que foi campeão em dois torneios. Sorridente, ele conta que foi premiado com R$ 200 quando competiu.
Descalços e com olhinhos impressionados ao ver tantas bolitas reunidas, eles ficaram por ali um pouco até ver que não conseguiriam jogar e foram embora, seguindo por uma das ruas que passa atrás da escola.
Bolinha conta que há temporada de brincadeiras entre as crianças do bairro. Às vezes é pipa, outras bolita, de vez em quando aparecem uns jogadores de futebol e suas traves demarcadas por chinelos. Tudo depende de um grupo começar para a brincadeira se espalhar pelo bairro.
O organizador não soube explicar a origem do jogo de bolita, mas que ela é muito antiga e que, com os jogos digitais, até mesmo achar lugares que vendem os objetos é difícil.
Valor
Em Cuiabá, são poucos os lugares em que é vendida. Um deles é o Armazém Popular, no Shopping Popular. Lá os saquinhos cheios de bolinhas são vendidos entre R$ 9 e R$ 38, o valor varia de acordo com o tipo de bolinha e quantidade.
Origem da brincadeira
Conforme o site Super Interessante, não se sabe a data exata de criação do jogo, mas há registros das bolitas ainda na Roma antiga, quando a brincadeira contava com nozes, bolas de argila e vidro.
O primeiro registro na fabricação dos objetos é do século XV e quando foram trazidas para o Brasil e ganharam o nome de bolinha de gude em referência às pedras lisas e redondas retiradas das margens dos rios.
Diferentes nomes
Em diferentes regiões as bolinhas também são chamadas de baleba, bilosca, birosca, bolita, búrica, búraca, peteca, pirosca, ximbra ou cabiçulinha. A forma de jogar também varia de acordo com o número de buracos, bolas e os desenhos no chão.
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