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Policia MT
Terça - 21 de Agosto de 2012 às 08:28
Por: STÉFANIE MEDEIROS

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Guilherme Silveira/DC
Vidros quebrados e foros caídos estão entre os danos causados pela ação criminosa, que aconteceu na madrugada de ontem
Vidros quebrados e foros caídos estão entre os danos causados pela ação criminosa, que aconteceu na madrugada de ontem
Explosivos, tiroteio e 39 presos fugindo no meio da madrugada de uma penitenciária. O que parece ser apenas cena de filme ou imaginação fértil de uma criança se tornou realidade para os moradores do bairro Pascoal Ramos.

Vizinha da penitenciária há dez anos, Adriana Lazarotto, 32 anos, conta que após ouvir a explosão, pegou a filha de quatro anos de idade e se escondeu embaixo da cama por horas. Ela relata que não fazia ideia do que estava acontecendo na rua e nem dos danos causados pela dinamite na casa dela.

Lazarotto diz que sua preocupação principal era permanecer calma para cuidar da filha, que não chorava, apenas tremia constantemente devido ao estado de choque. Ela ligou várias vezes à polícia.

Quando o barulho de tiros e de carros cessou, a mulher pensou que as coisas estavam mais calmas, então, saiu do quarto e notou que o forro de toda a casa tinha caído. “Foi aí que percebi o estrago do que tinha acontecido. Bateu o desespero e nós começamos a chorar de medo”.

Os muros rachados, portões amassados e as janelas quebradas mostram as marcas da confusão da noite anterior. Adriana afirmou que nos próximos dias não vai dormir na casa, pois está insegura e com medo. “O forro da casa só não caiu em cima de nós porque o guarda-roupa do quarto é alto e segurou. Minha filha que está na casa da irmã dela, disse que achou que a mãe e o pai tinham morrido. É difícil ouvir isso de uma criança, a gente fica sem saber o que fazer”.

A cabeleireira Maria de Fátima, 34 anos, conta que nunca mais vai esquecer o que aconteceu na madrugada de ontem. A casa dela não só ficou com vários estragos por causa da explosão, como também serviu de refúgio aos fugitivos. Ela explica que os detentos usaram o quintal para trocar tiros com a polícia.

Os que tentavam escapar passavam pelo telhado do imóvel. “Hoje de manhã acharam dois deles em uma casa de cachorro aqui do lado. E eles vão voltar e fazer um estrago ainda maior, eu tenho certeza”, prevê a moradora.

Fátima mostrou o caminho percorrido pelos detentos. Depois de invadirem o quintal da frente, eles passavam pela parte superior da casa e caiam na piscina. “Quando eu ouvi a barulheira toda, achei que estavam invadindo minha casa. Mas, na hora, lembrei da penitenciária e presumi que a confusão era lá. Foi horrível, meu filho de onze anos que estava com o pai dele diz que não vai mais vir pra cá. Olha, já tomei todo tipo de calmante, mas não adianta. Aqui eu não fico mais”, afirmou, tentando conter o choro.

Todos os moradores entrevistados concordam que a penitenciária devia ser retirada do bairro, e não ficar mais no meio de casas de família. “Não pega bem para Copa. Imagina como seria bem melhor para comunidade se aqui tivesse uma faculdade, uma escola técnica, o que fosse. Ia valorizar mais o bairro e dar uma sensação de segurança para as pessoas que moram aqui”, disse Donizette Batista, que trabalha em uma oficina ao lado do Pascoal Ramos há 18 anos.

A unidade foi inaugurada em março de 1985 e tinha o objetivo de ser uma sede da extinta FEBEM, destinada à reeducação de adolescentes em conflito com a lei.




Fonte: DO DC

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