Profissionais treinados e acesso a medicamentos são grandes desafios no enfrentamento de doenças intestinais As doenças inflamatórias intestinais (DIIs) foram temas de dois eventos realizados em Cuiabá dentro da programação do Maio Roxo
Falar em doenças inflamatórias intestinais (DIIs) é falar em desafio todos os dias. A definição é da gastroenterologista Marta Brenner Machado, presidente da Associação Brasileira de Colite e Doença de Crohn – ABCD e Membro fundadora do Grupo de Estudos de Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB).
A especialista veio a Cuiabá para a edição regional do GEDIIB e para a II Jornada Mato-Grossense de Doenças Inflamatórias Intestinais dentro da programação do Maio Roxo,. mês de conscientização sobre as doenças inflamatórias intestinais.
Marta Brenner estabelece como os maiores desafios para o enfrentamento das DIIs o treinamento de profissionais para o diagnóstico deste tipo de doença e também a garantia do acesso a medicamentos de alto custo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Eu acho que o desafio inicial é o diagnóstico e para isso é importante o treinamento de médicos não só em centros de referência, mas médicos que estão atendendo na periferia, para que possam identificar rapidamente esse paciente, porque quanto mais rápido o diagnóstico, melhor o prognóstico”.
O acesso aos medicamentos gratuitos pelas farmácias de alto custo mantidas pelo Governo Federal é outro grande desafio apontado pela gastroenterologista, porque não há regularidade na distribuição e muitos pacientes acabam recorrendo à Justiça para garantir o tratamento.
Outro fator que também representa um desafio, de acordo com a especialista, é o paciente se conscientizar de que ele tem que se empoderar da doença, entender como ela é, pesquisar e trocar experiências com outros pacientes, formar grupos.
Nesse processo, se conscientizar de que, mesmo não tendo cura, quando tratadas adequadamente, há melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes e no controle terapêutico, diminuindo o índice de complicações.
E a organização dos pacientes vem crescente muito no Brasil. Segundo Marta Brenner, já existem 38 grupos no país. Mato Grosso está nessa estatística e é o primeiro estado a realizar o I Fórum de Pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) Regional, que reuniu cerca de 80 participantes nesta quinta-feira (13) em Cuiabá.
“Acho fundamental a realização dos fóruns regionais, porque o nosso Brasil é muito grande, os problemas são enormes e cada estado tem a sua particularidade. Certamente a gente vai ter o mapa dos problemas do país e buscar soluções de maneira global".
Marta Brenner considera essa união de médicos, pacientes e equipes envolvidas com a doença inflamatória intestinal o único caminho para se conseguir melhores atendimentos, melhores ambulatórios, agilidade nos exames e os remédios adequados”, pontuou.
Especialistas de Mato Grosso e de outros estados brasileiros foram convidados para palestrar no fórum, evento que, de acordo com o coloproctologista Mardem Machado, foi uma grande oportunidade para debater e dar visibilidade para as doenças inflamatórias intestinais, especialmente pelo fato de não terem cura e também pela importância do paciente não abandonar o tratamento, além da discussão dos desafios para o enfrentamento da doença.
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