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Terça - 01 de Outubro de 2019 às 13:13
Por: Diego Frederici/Folha Max

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O ex-procurador geral da República (PGR), Rodrigo Janot, disse em seu livro que é “grato até hoje” ao ex-senador Blairo Maggi (PP-MT) em razão de um tenso episódio descrito pelo próprio Janot em seu livro (Nada Menos que Tudo, ainda não lançado), envolvendo o também senador Fernando Collor de Mello. Cópias digitais do livro vem circulando nas redes sociais e o FOLHAMAX teve acesso a uma delas.

O contexto do episódio foi a recondução ao cargo como PGR, no ano de 2015, após Janot ser escolhido na lista tríplice pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Nas páginas, Rodrigo Janot conta que às vésperas de uma sabatina no Senado – rito pelo qual os candidatos à PGR devem passar de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro estava preocupado pois teve acesso a informações que davam conta de que o senador Fernando Collor de Mello (PROS-AL) estaria disposto a um “gesto tresloucado” contra o PGR.

Na época o senador era filiado ao PTB. “Alguns dias antes da minha ida ao Senado, surgiram rumores de que o senador Fernando Collor (PTB) estaria disposto a partir para um gesto tresloucado contra mim durante a sessão. Entrei em contato com a segurança do Senado. Queria saber qual seria a estrutura de proteção a ser montada durante a sabatina”, diz trecho do livro.

O então chefe do Ministério Público, então, soube que só haveriam detectores de metais e que senadores só poderiam ser revistados por outros senadores. Não satisfeito com as medidas, Rodrigo Janot dirigiu-se ao então presidente do Senado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), dizendo que ele era o “responsável” pela segurança do PGR durante a sabatina. Calheiros, então se comprometeu a “conversar” com Collor. “Renan Calheiros me ouviu com atenção e, solícito, disse que conversaria com Collor. Depois da conversa, o senador me acompanhou até à porta, onde me deixou entregue a mais um batalhão de repórteres e fotógrafos. Não havia dúvidas de que a recondução do procurador-geral era um tema relevante na agenda política do país. Em resposta às perguntas sobre o assunto, eu me limitei a dizer que estava ali apenas para me colocar à disposição do Senado e que poderia me submeter à sabatina a qualquer momento”, revela Janot em seu livro.

No dia da sabatina, em 26 de agosto de 2015, Rodrigo Janot contou que um grupo de senadores parecia, de fato, preocupado com um eventual gesto violento de Fernando Collor de Mello. Um deles foi Aécio Neves (PSDB-MG), que avisou ao ex-procurador que se sentaria ao lado de Collor e ficaria atento a qualquer “movimento suspeito”. “Para minha surpresa, um grupo de senadores estava realmente apreensivo com o que poderia acontecer. Quando cheguei para a sabatina, pouco antes do início da sessão, o senador Aécio Neves me disse que se sentaria ao lado de Collor e, se percebesse qualquer movimento suspeito, se jogaria sobre o colega”, narra Janot.

Neste momento do livro, o ex-PGR começa a narrativa de sua interação com Blairo Maggi, a quem apontou como alguém de “extrema gentileza”. “O senador Blairo Maggi, do PP do Mato Grosso, foi de extrema gentileza. Ele se aproximou de mim e disse que sabia quais temas seriam abordados por Collor para me constranger. Para quebrar o clima, ele faria perguntas sobre os mesmos temas”, enaltece Rodrigo Janot.

O ex-procurador revelou que Maggi se adiantaria às perguntas de Collor de modo a não constrangê-lo. O gesto, segundo o relato, fez com que Janot ficasse “grato até hoje” ao senador. “Eu teria, então, oportunidade de me explicar com calma, sem deixar o angu desandar. Quando chegasse a vez de Collor falar, por mais impetuoso que ele fosse, não haveria qualquer surpresa nas questões. Seria um meio de reduzir as tensões e conter transbordamentos emocionais. Sou grato ao senador por isso até hoje”, confessou.





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