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Saúde
Sexta - 17 de Agosto de 2012 às 14:48
Por: Carolina Oliveira Castro

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Pablo Jacob / O Globo
Imagem mostra vergalhão que atingiu o crânio do operário Eduardo Leite
Imagem mostra vergalhão que atingiu o crânio do operário Eduardo Leite

Em vistoria realizada nesta sexta-feira na obra de um edifício em construção na Rua Muniz Barreto 798, em Botafogo — onde o operário Eduardo Leite, de 24 anos teve a cabeça atravessada por um vergalhão —, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) constatou que o processo de suspensão dos vergalhões não foi realizado corretamente, e sim de maneira improvisada. Além disso, segundo o Crea, não poderia haver ninguém embaixo do local onde os vergalhões estavam sendo suspensos.

— Verificamos que as medidas de segurança não foram tomadas. Agora vamos convocar a responsável pela segurança da obra, Kátia Emília Pinto, para dar esclarecimentos — afirmou o vice-presidente do Crea, Jaques Sherique.

A mulher do operário, visitou o marido pela primeira vez nesta sexta-feira. Ele está internado no CTI do Hospital Municipal Miguel Couto, na Zona Sul da cidade, desde quarta-feira, quando aconteceu o acidente. Emocionada, Lilian da Costa, de 23 anos, disse que o marido estava bem e não parecia ter se machucado. Segundo ela, Eduardo não entrou em detalhes sobre o momento em que o vergalhão de dois metros atravessou sua cabeça nem sobre a obra.

— Ele apenas tentava me acalmar, dizendo que me amava, que estava bem e não sentia dor. Perguntou pelos meninos (os dois filhos, um de 4 anos e outro de 1 ano e 8 meses), pediu que mandasse um beijo pra eles e que dissesse que o pai os amava muito — contou Lilian.

A jovem contou, ainda, que a médica lhe disse que espera uma vaga na enfermaria para transferi-lo do CTI.

— Ela disse que ele só não recebeu alta porque precisa ficar em observação. Mas confirmou que ele está muito bem — explicou Lilian.

Momentos antes de encontrar Eduardo, Lilian disse que o marido está fazendo muita falta em casa, onde mora com dois filhos, para quem não contou o que aconteceu. Ao mais velho, Marcos Eduardo, que pergunta toda hora pelo pai, ela diz que o marido está no trabalho.

— Chorei muito e pedi a Deus para ele ficar. Foi um milagre! Foi Deus que guardou ele para mim, se não ele nem tinha chegado vivo ao hospital — disse Lilian, antes de contar como soube do acidente. — O encarregado da obra me ligou, em casa, dizendo que ele tinha caído. Eu vim correndo para o hospital e, quando cheguei, a assistente social me disse que ele estava sendo operado. Eu não entendi nada. Depois que fui saber do vergalhão.

Segundo nota divulgada no início da tarde desta sexta-feira pela Secretaria municipal de Saúde, Eduardo Leite permanece estável. Ele está sendo medicado com antibióticos, para evitar infecções. “O paciente passou bem a noite, esta lúcido e não apresenta sequelas. Ainda não há previsão de alta”, informa a nota. O rapaz acordou bem, está falando e respirando sem a ajuda de aparelhos.

Eduardo foi atingido por um pedaço de ferro que despencou do quinto andar do prédio em que trabalhava. Com a queda, de uma altura de 15 metros, o vergalhão ganhou peso equivalente a 300 quilos ao atingi-lo. Após o acidente, os bombeiros cortaram uma parte do vergalhão ainda no local do acidente e levaram o ferido para o hospital, onde a vítima, para espanto de todos, chegou falando normalmente. Eduardo foi submetido a uma cirurgia de cinco horas e não apresenta nenhum tipo de sequela.

Segundo o diretor do Miguel Couto, Luiz Alexandre Essinger, o paciente, depois de tanto azar, deu sorte. Se o vergalhão tivesse caído três centímetros para o lado, teria atingido a parte do cérebro responsável pela parte motora:

— Por três centímetros, ele estaria sem mexer os braços e as pernas. Se fosse apenas mais um centímetro para a direita, ele teria perdido um olho.

A reportagem do GLOBO esteve no canteiro de obras em Botafogo nesta sexta-feira, mas nenhum funcionário foi autorizado a falar. A PDV, empresa responsável pela obra, ainda não se manifestou sobre a acusação do Crea.





Fonte: O GLOBO

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