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Domingo - 26 de Abril de 2020 às 09:02
Por: Thaiza Assunção/Mídia News

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Victor Ostetti/MidiaNews
A médica infectologista Márcia Hueb: não sabemos quanto que circula de fato do vírus
A médica infectologista Márcia Hueb: não sabemos quanto que circula de fato do vírus

A médica infectologista Márcia Hueb, coordenadora da área do Hospital Julio Muller em Cuiabá, afirmou ver com preocupação o relaxamento nas medidas de isolamento social por parte da população cuiabana nos últimos dias.

Segundo a médica, os poucos casos registrados oficialmente na Capital faz com que as pessoas tenham uma “sensação de calmaria”. No entanto, conforme ela, essa percepção pode ser falsa, uma vez que há uma subnotificação na cidade.

“Eu vejo com muita preocupação o fato das pessoas terem uma interpretação própria [da doença], de que nada está acontecendo e usar isso para saírem às ruas. Essa ideia de que temos uma calmaria pode ser falsa, porque não temos a população testada. Não sabemos quanto circula de fato do vírus”, disse.

“Se acreditamos que tem poucos casos e está tudo tranquilo e, por isso, podemos sair às ruas, aqueles casos assintomáticos que antes não estavam circulando, passam a circular em maior número e a disseminação [do vírus] será muito rápida”, acrescentou.


Essa ideia de que temos calmaria pode ser falsa, porque não temos a população testada. Não sabemos quanto circula de fato do vírus

A Capital tem o maior número de casos confirmados da doença em Mato Grosso. Ao todo são 124 casos e uma morte.

A médica também disse ver com preocupação a reabertura do comércio de forma gradativa na cidade a partir desta segunda-feira (27). A decisão é do prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB).

Isso porque, segundo ela, a cidade pode perder as ações responsáveis que foram tomadas até o momento.

“Tenho preocupação, porque nós tivemos - quando eu digo nós é o município de Cuiabá que eu não represento, mas estou dentro dele - atitudes muito responsáveis, principalmente em relação ao isolamento social precoce. O resultado, sem dúvida, foi bom e nós estamos colhendo os frutos”, disse.

“Entendo que haja uma pressão [do setor empresarial], mas a flexibilização agora pode trazer risco para a vida das pessoas, porque os casos vão começar a aparecer e, também, riscos econômicos, porque provavelmente, haverá necessidade de restrições novamente”, afirmou.

Márcia ressaltou que o isolamento ainda é o melhor bloqueio para disseminação da doença, seguido das medidas de higiene pessoal.

“Acredito que o prefeito [Emanuel Pinheiro] deve ser bem assessorado por técnicos para que tenha suas ações pautadas em decisões a luz do que se conhece, do que aconteceu no mundo, de tudo que está sendo publicado como trabalho científico. A gente deve aproveitar as experiências de outros países, porque ainda não temos as evidências científicas que a gente gostaria”, avaliou.

A médica ainda frisou que a administração pública e a população não podem esquecer que o pico do vírus em Cuiabá ainda não aconteceu.

“Nós temos que entender que o isolamento foi muito importante e precisa ser mantido. Não podemos enxergar que aqui está tudo tranquilo e ficarmos mais relaxados. Talvez a gente tenha poucos casos porque não relaxamos”, completou.





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