Comerciantes de Chapada pedem internação compulsória de moradores infectados por Covid-19

Um manifesto cuja autoria é atribuída aos comerciantes de Chapada dos Guimarães pede a instalação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na cidade e que a Prefeitura obrigue pessoas que apresentarem sintomas da doença a se isolarem “em um hotel ou pousada”. O documento pede ainda a retomada das chamadas “barreiras sanitárias” para o controle de acesso de pessoas no Município.


“Medida de isolamento imediato de pessoas infectadas e/ou suspeitas ao confinamento obrigatório em ambiente pago pelo Município. Sugere-se locar um hotel ou pousada onde se mantenha os 78 ou 100 suspeitos até a finalização do período de quarentena. Não vamos aceitar trancar a totalidade da população para que somente 78 suspeitos possam andar livremente sob risco de furar o isolamento e assim proliferar o vírus”, cita trecho do manifesto.

No final de semana, um grupo de comerciantes realizou uma carreata para pressionar o Comitê de Enfrentamento do Covid-19 a suspender a determinação de fechamento do comércio. Após a manifestação, os representantes do comércio realizaram uma nova reunião com a Prefeitura, que recuou, agendando um novo encontro para esta terça-feira (16).

A prefeitura havia anunciado que, para tentar diminuir o número de casos suspeitos do coronavírus no município, iria fechar o comércio, liberando apenas os serviços considerados essenciais, a partir de segunda-feira (15).

O promotor de Justiça Leandro Volochko, representante do Ministério Público Estadual (MPE) no comitê, explicou que a decisão foi baseada em critérios técnicos relativos à saúde, como o aumento no número de casos suspeitos no município e a taxa de ocupação de leitos de UTI’s no estado já ultrapassou 60%.

Segundo o boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), até esta segunda-feira (15) Chapada dos Guimarães registrou 22 casos de Covid-19, sendo 10 já considerados curados e outros 10 sob monitoramento. Duas pessoas morreram.

Veja a íntegra do manifesto:

MANIFESTO DO COMÉRCIO DE CHAPADA DOS GUIMARÃES – MT

Os empresários do município de Chapada dos Guimarães – MT vem a público manifestar sua posição sobre as medidas de prevenção para COVID-19. Após os documentos protocolados no Comitê Covid-19 na última semana e a carreata em manifestação ao apoio pela permanência do comércio aberto, vimos primeiro exigir providências do PODER PÚBLICO, antes que se inicie qualquer discussão com novos fechamentos.

Assim solicitamos:

1. Início imediato do funcionamento da UTI em Chapada dos Guimarães, se existem três respiradores na UPA, que esses entrem imediatamente em operação com profissionais capacitados. Assim como aquisição de novos em caráter emergencial;
2. Medida de isolamento imediato de pessoas infectadas e/ou suspeitas ao confinamento obrigatório em ambiente pago pelo Município. Sugere-se locar um hotel ou pousada onde se mantenha os 78 ou 100 suspeitos até a finalização do período de quarentena. Não vamos aceitar trancar a totalidade da população para que somente 78 suspeitos possam andar livremente sob risco de furar o isolamento e
assim proliferar o vírus;
3. Aquisição imediata de EPI’s para os funcionários da saúde e vigilância sanitária, pois se estes estão sendo infectados o problema é da gestão do município e não podem responsabilizar o comércio por essa omissão do poder público, sob pena de responsabilidade;
4. Contratação imediata de novos servidores para fiscalização, não aceitamos servidores públicos se esquivarem de serviço no momento que o município mais precisa. São remunerados para isso, não vamos fechar o comércio para diminuir serviço a servidor nenhum;
5. Capacitação e contratação de técnicos para atendimento a casos do Covid-19, pela Secretaria de Saúde para atuarem no hospital;
6. Retorno imediato dos POSTOS DE PREVENÇÃO, que inicialmente foi erroneamente denominado “barreira sanitária”. Se não deu certo nesse formato, que mudem a abordagem, mas não se interrompe um trabalho de conscientização no auge da pandemia;
7. Para manter a democracia nas decisões do Comitê exige-se as seguintes vagas: a) Cadeira para CDL; b) cadeira para COMTUR; c) cadeira para comunidade rural.