O site da revista de economia "Forbes" publicou no último sábado (11) uma coluna em que o colaborador Kenneth Rapoza, especialista nos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), considera "ridículos" os valores dos carros no Brasil. Para ele, o consumidor brasileiro, em busca de status, confunde preço com qualidade.
"Desculpem, brazukas... não existe status em um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand [Cherokee] ou Dodge Durango", escreveu. "Não se deixem enganar pelo preço. Vocês estão sendo roubados."
Para fazer a comparação de preços com os praticados nos EUA, Rapoza utilizou-se de dois modelos da americana Chrysler. Ele lembra que os impostos e outras taxas fazem com que um Jeep Grand Cherokee custe até 3 vezes mais no Brasil do que em Miami. Afirma que o modelo 2013 custará US$ 28 mil nos EUA, mas, no Brasil, o carro atual sai por US$ 89.500 (R$ 179 mil).
Outro exemplo citado é o do Dodge Durango, que a Chrysler lançará no próximo Salão de SP, em outubro, por, segundo Rapoza, R$ 190.000 (US$ 95.000). "Nos EUA, custa US$ 28.500. Um professor de escola pública primária do Bronx [bairro de Nova York] consegue comprar um. OK, talvez não um novinho, mas com 1 ou 2 anos de uso... com certeza."
"Não há outra razão [para os preços do Brasil] a não ser a taxação excessiva, de mais de 50% [do preço do carro], e a ingenuidade do consumidor que pensa que dá na mesma pagar por um Cherokee o valor de um BMW X5", critica.
O colunista também cita produtos brasileiros de relativo sucesso no exterior, chinelos Havaianas e cachaças, para explicar a "exploração" do consumidor no país. "Pense como seria se um amigo americano dissesse a vocè que acabou de comprar um par de Havaianas por US$ 150. Claro que esses chinelos são sexy, chiques e estão na moda, mas não valem US$ 150", exemplifica. "Quando se trata de status oferecido por carros no Brasil, a elite está servindo capirinha com Pitu e 51 pensando que é bebida de primeira."
O que pesa no custo no Brasil
Em 2009, o G1 mostrou que impostos correspondiam, em média, a 30,4% do valor de um carro no Brasil. “Este mesmo valor para outros países é bem menor. Na Espanha, por exemplo, representa 13,8%; na Itália, 16,7% e nos Estados Unidos, 6,1%”, afirmou, na época, a vice-presidente da consultoria Booz & Company, Letícia Costa.
Fora isso, entram na conta outros aspectos como os custos de produção ("custo Brasil"), que abrangem desde o valor da mão-de-obra até o desembaraço alfandegário, no caso da importação de produtos e peças, e os gastos com logística, além da escala de produção, menor no Brasil se comparada com a de EUA, China e Japão, por exemplo.
Atualmente, veículos importados de países sem acordo automotivo com o Brasil (fora do Mercosul e do México), como os da Chrysler e da BMW, têm embutida no preço a cobrança da alíquota de 35% sobre o valor do produto e são alvo do aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que começou a valer em dezembro passado e deve prosseguir até o fim do ano.
Já o desconto no IPI para carros nacionais, determinado no fim de maio em virtude da baixa nas vendas e aumento dos estoques, deverá terminar no próximo dia 31. Com ele, o comércio de carros novos bateu recordes para os meses de junho e junho.
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