Filha de Belchior é presa após confessar assassinato em SP Namorada da jovem também foi presa pelo crime; alegação é de que vítima era pedófila
Isabela Menegheli Belchior, de 26 anos, se apresentou espontaneamente nesta quinta-feira, 13, e confessou a participação em um homicídio em São Carlos, no interior paulista, cometido no ano passado. A defesa, no entanto, entrou com pedido de liberdade provisória nesta sexta-feira, 14, por não concordar com o tipo de crime atribuído à jovem, que é filha do cantor Belchior, morto em 2017. A companheira de Isabela, Jaqueline Chaves, de 31 anos, também cumpre prisão preventiva em Franca pelo crime.
Faixada da Delegacia de Investigações Gerais de São Carlos.
Foto: Reprodução/ Google street view / Estadão Conteúdo
A vítima é o metalúrgico Leixer Buchiwieser dos Santos, mas há diferentes versões sobre o episódio. Segundo Veridiana Trevisan, advogada de defesa de Isabela, Jaqueline teria marcado um encontro com a vítima em um bate-papo online em agosto de 2019 e receberia R$ 500 por programa. No fim da conversa, Santos teria oferecido quantia maior caso Jaqueline fosse acompanhada de uma criança ou uma grávida. Após insistir na oferta, Santos disse depois que seria uma brincadeira. Os dois marcaram o encontro e, segundo a defesa, foram até a casa onde Jaqueline e Isabela viviam.
Lá, Santos teria insistido para que a sobrinha de Isabela presenciasse o ato sexual. Isso fez com que a filha de Belchior entrasse em desentendimento com o pai e o tio da criança, que também moravam na casa. Após agressões, Isabela teria pegado a faca que estava na cozinha, quando deu o primeiro golpe. Os dois homens, diz a advogada, estão desaparecidos.
Ainda segundo a defesa, eles achavam que a vítima estava viva e o levaram, em seu próprio carro, para zona rural da cidade. Depois, deixaram Santos perto da pista e foram para o lado oposto da cidade e pediram para que Jaqueline, que estava com a mãe da criança, levasse gasolina para incendiar o automóvel.
Um dia após Isabela Menegheli Belchior, de 26 anos, se apresentar espontaneamente e confessar a participação num crime de homicídio que aconteceu em São Carlos, no interior de São Paulo, em 2019, sua defesa entrou nesta sexta-feira, 14, com pedido de liberdade provisória. Atualmente, ela e a companheira Jaqueline Chaves, de 31, cumprem prisão preventiva em presídio feminino da Região de Franca.
Em um caso que apresenta diferentes versões até o momento, a advogada de defesa da filha do cantor Belchior, Veridiana Trevisan, confirma que sua cliente está disposta a responder pelas suas ações no caso do homicídio do metalúrgico Leizer Buchiwieser dos Santos. Mas considera que se trata de um homicídio qualificado, com pena de 12 a 30 anos, e não como foi denunciada, por latrocínio, com reclusão de 20 a 30 anos. Isabela recebeu a penalidade maior porque, segundo a investigação, um cartão da vítima foi usado para saque após sua morte.
"O que queremos deixar claro é que não houve extorsão e, na realidade, Isabela e os outros envolvidos queriam dar um corretivo na vítima pelo envolvimento dele com crianças, pois ele era assíduo na prática de pedofilia. Inclusive, já apareceram outras testemunhas sobre isso. Além disso, em nenhum momento elas colocaram a criança em risco, no imóvel ou em contato com a vítima", explicou a advogada ao Estadão.
Segundo a defesa, que informou em entrevista estar falando pela sua cliente, todo o caso aconteceu em 24 horas, no dia 26 de agosto de 2019. Juntas em união estável há mais de quatro anos e num relacionamento aberto, sua companheira, Jaqueline, entrou em uma sala de bate-papo do portal Uol para marcar um programa com Leizer Buchiwieser dos Santos. Ela receberia R$500 como pagamento.
No fim da conversa, ele teria oferecido um valor maior se Jaqueline levasse uma criança ou uma mulher grávida no encontro. O pagamento por isso elevaria a quantia a R$ 1 mil. Jaqueline achou Santos estivesse brincando, mas ele disse que não e insistiu. Depois, ele teria confirmado ser brincadeira. Os dois marcaram um encontro quando ele saísse do trabalho num posto de gasolina no bairro Jardim Tangará, onde Isabela e a companheira residiam.
Após o encontro, segundo a defesa, Jaqueline e Santos foram à residência do casal. Ele insistiu para que a sobrinha de Isabela presenciasse o ato sexual. A filha de Belchior e o irmão de Jaqueline, pai da criança, Estefano Rodrigues, que na época residia na mesma casa que elas, e seu outro irmão, Bruno Thiago Dornellas Rodrigues, entraram em desentendimento. Partiram, então, para agressões físicas. Isabela teria intervido e pegado uma faca que estava na cozinha, quando deu o primeiro golpe. Os demais ela não se recorda, segundo a advogada, de quem partiram, se de Bruno ou Estefano, que estão foragidos.
Ainda segundo a defesa, eles achavam que a vítima estava viva, porém amarram suas mãos e levaram, em seu próprio carro, para zona rural da cidade e deixaram Santos perto da pista. Depois foram para o lado oposto da cidade e pediram para que Jaqueline, que estava com a mãe da criança, levasse gasolina para incendiar o automóvel.
Defesa de companheira de Jaqueline tem outra versão
Já a advogada de Jaqueline, Fabiana Carlino Luchesi, apresenta outra versão para o episódio. Ela confirma apenas o início da conversa na sala virtual e que ambas acusadas sentiram "nojo" pela conversa da vítima de envolver criança ou mulher grávida em ato sexual. Segundo ela, não houve extorsão. Ela afirma ainda que Jaqueline não faria mais o programa, mas que, ao passar na frente do posto de gasolina onde teria marcado o encontro, junto com Isabela e a sobrinha de três anos, teria visto o carro da vítima no posto e parado no local para xingá-lo.
Depois disso, teria deixado Isabela em casa e partido para comer um lanche com a sobrinha. Santos, porém, teria seguido o veículo e entrado na casa das duas, onde teria iniciado uma briga com Isabela e os dois irmãos de Jaqueline, quando teria ocorrido o crime. Jaqueline teria recebido uma ligação de Isabela para levar gasolina e, só depois, teve conhecimento dos fatos.
Polícia vê brechas em alegações das denunciadas
O delegado Gilberto De Aquino, da Delegacia de Investigações Gerais de São Carlos, responsável pelo caso, acredita que tudo teria tomado outro desfecho. "Elas deveriam ter comunicado o fato (suposto pedido para encontrar uma criança) à polícia e seria aberta investigação com apuração de provas. Poderíamos ter descoberto outros crimes cometidos por ele. Assim, ele poderia estar preso ou em tratamento, pois pedofilia é uma doença", afirma Aquino. Para o policial, elas tiveram uma escolha e optaram por fazer algo ilícito.
Na versão da polícia, outro fator que não bate com o relato das advogadas das denunciadas é o encontro com a vítima, que, segundo o delegado, aconteceu no posto de gasolina entre Isabela e o metalúrgico, quando ela foi tentar extorqui-lo pelos seus atos de pedofilia. Após não conseguir nada, ele teria a seguido até a casa das duas, onde teria se envolvido na briga com os demais moradores.
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