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Cidades/Geral
Terça - 18 de Agosto de 2020 às 15:32
Por: Jessica Bachega/Gazeta Digital

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Otmar de Oliveira

Servidores dos Correios de todo o pais cruzaram os braços em protesto, na manhã desta terça-feira (18). A categoria decretou greve por tempo indeterminado e exige restauração de direitos estabelecidos em acordo coletivo, além de concurso público para suprir deficit de trabalhadores. Em Mato Grosso, segundo o sindicato que representa a categoria, faltam pelo menos 700 profissionais para realizar o trabalho adequadamente, sem sobrecarga de serviço.


Segundo Edmar Leite, presidente Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintec-MT), a greve é o ultimo grito para que as necessidades da classe sejam atendidas. Ele explica que desde junho tramitam negociações junto aos Correios, mas as tratativas foram cortadas por parte da empresa e não houve avanço das solicitações dos trabalhadores.


O presidente relata que o estado tem hoje 1.150 servidores em todas os setores da empresa e o número está 700 funcionários abaixo do ideal. Para suprir essa deficiência, exigem concurso público urgente, e veem com contrariedade a privatização proposta pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Não vai ser bom para ninguém. Nenhuma empresa vai estar em todos os municípios, como o Correios está, nem fazer o que ele faz pelo preço que é acessível a todas as pessoas”.


Outro ponto de contestação da categoria é a retomada do acordo coletivo que previa direitos para 2019 e 2020 e que foi encerrado pela empresa, sem renovação. Edmar conta que a briga pelo acordo esse ano seria desnecessária, pois o combinado no ano passado valeria por um biênio. No entanto, por decisão judicial do Supremo Tribunal Federal (STF), o prazo do acordo foi afetado e reduzido para só um ano. Ao fim dos meses em vigor, ele foi encerrado e a empresa não fez nova renovação junto a categoria.


“O que a gente quer é nossos direitos, nem estamos pedindo reajuste salarial. Porque, hoje, um trabalhador dos Correios recebe liquido entre R$ 1,5 mil a R$ 1,7 mil. O que ainda compensa é o plano de saúde, vale alimentação. Sem isso não dá”, afirma o trabalhador. Ele alega que o salário entre os trabalhadores dos Correios é o menor entre as estatais e não há concurso desde 2011.

Pandemia
Enquadrada entre os serviços essenciais, os servidores dos Correios seguiram nas ruas. Com o aumento do volume de encomendas e servidores contaminados afastados, há atraso nas entregas, o que gera reclamações entre os consumidores. Apesar dos percalços, os servidores seguem nas ruas.


“A gente está dando a vida na pandemia”, frisa o sindicalista. Não houve mortes por covid-19 entre os servidores dos Correios em Mato Grosso. Mas 120 deles foram contaminados e afastados dos serviços. Alguns em estado muito grave com 75% do pulmão tomado pela doença. Com a greve, 30% do quadro de funcionários continuará trabalhando para manter os serviços essenciais.

Outro lado

A assessoria dos Correios foi procurada e encaminhou a seguinte nota:

"Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados conforme contracheques em anexo que comprovam tais afirmações.

Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.

No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.

Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.

A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período - dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.

Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos".





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