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Cidades/Geral
Quinta - 27 de Agosto de 2020 às 15:05
Por: Por G1 MT e TV Centro América

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Penitenciária Central do Estado tem o maior número de infectados — Foto: Secom/MT
Penitenciária Central do Estado tem o maior número de infectados — Foto: Secom/MT

Dos 11.502 detentos que cumprem pena nas 48 unidades prisionais de MT, 1.081 testaram positivo para a Covid-19, o que representa 9,4% do total. Os casos da doença entre os presos estão sendo monitorados por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Os dados oficiais são monitorados por professores da Universidade Federal de Mato Grosso que comparam os números aos divulgados.

Desde junho, eles avaliam os impactos da Covid-19 nas prisões do estado. O que preocupa é que a maioria dos presos não fez testes.

A coordenadora do programa Prisões Pandemia, Paula Gonçalves, conta que apenas 19% dos detentos foram testados, o que não representa uma quantidade significativa.

“Não há uma testagem em massa da população privada de liberdade no estado de Mato Grosso. Na verdade, há cerca de 19% da população carcerária total que foi até o momento testada, o que não demonstra um número significativo de testes. Aqui nós estamos falando não somente de uma testagem em massa, algo que não tem sido feito nem mesmo na população no geral do estado, mas ao menos uma testagem que represente um quantidade significativa pra que políticas de prevenção da Covid-19 possam ser feitas a partir dos dados”, afirma.

A Penitenciária Central do Estado tem a maior população carcerária de Mato Grosso. São 2.301 mil detentos. Desse total, 366 tiveram Covid-19.

Os exames não são feitos em todos os presos. Só naqueles que têm sintomas da doença.

O professor da UFMT Giovane Santin, conta que o número real pode ser muito maior do que o divulgado.

“A hipótese que nós temos é de que o número de pessoas contaminadas podem ser, efetivamente superior a aquele que vem sendo divulgado. Outra questão que nos deixa preocupados em relação a pesquisa é o fato de que não conhecemos quaisquer são os critérios utilizados para definir quem são as pessoas testadas. Se esses critérios foram a recomendação médica e as pessoas sintomáticas em relação a Covid-19, a nossa hipótese se confirma na medida em que nós sabemos que pessoas assintomáticas também transmitem o vírus”, afirma.

A superintendente de Política Penitenciária, Michelli Monteiro, diz que os testes são feitos a partir da existência de sintomas.

“Nós seguimos os termos técnicos para a aplicação dos testes. Então nós temos a disposição os testes rápidos e os testes PCR e a descrição desses testes, ele diz que é necessário um período de tempo e a existência de sintomas. Então quando isso ocorre, as equipes de saúde multidisciplinares das unidades, eles conseguem então realizar o teste”, afirma

A única exceção foi a Cadeia de Nova Mutum, onde todos os presos foram testados. Dos 107 detentos, 103 estavam com a Covid-19.

“Naquele momento, o médico da unidade, junto com a equipe de saúde do município entendeu por bem testar todos eles. Então se houver essa recomendação médica, é isso que vai acontecer. Todos poderão ser testados, em Nova Mutum todos foram testados, todos foram tratados e todos foram curados”, afirma.

A superlotação de cadeias e presídios aumenta o risco de contágio da doença. Na PCE, a capacidade é para abrigar 851 presos, mas tem mais de 2 mil.

“Nós temos o plano de contingenciamento e nesse plano há a previsão de que quando o ingresso de novos presos, ele passe por um período de quarentena de 14 dias. A gente reputa que o sucesso nos nossos números, nesse controle da Covid-19 nas unidades penais é justamente por conta desse isolamento prévio. A pessoa vem da rua, ele espera durante esse período e passa por esse acompanhamento durante os 14 dias e só então ele é incluído junto aos demais”, afirma.

A superintendente disse ainda que os presos que testaram positivo para o coronavírus na Penitenciária Central do Estado ficam isolados, num módulo de concreto sem contato com os outros detentos e o risco pé grande não só para os presos, mas também para os servidores que trabalham no presídio.

A doença matou três agentes penitenciários e dois presos que cumpriam pena na Cadeia Pública de Alta Floresta.





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