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Segunda - 31 de Agosto de 2020 às 11:00
Por: Wellington Sabino/Folha Max

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No município de Araputanga (345 km de Cuiabá), quatro vídeos foram deixados de forma anônima no escritório do vereador Oswaldo Alvarez de Campos Júnior (PSB) e mostram o prefeito Joel Marins de Carvalho (PSB) e dois secretários municipais falando sobre a existência de um esquema de rachadinha, na qual alguns integrantes do staff devolveriam parte dos salários ao gestor. Diante das imagens e da gravidade do assunto, o parlamentar e outros dois vereadores resolveram procurar o Ministério Público Estadual (MPE) e ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) para entregar as gravações e pedir investigação.

Em entrevista ao FOLHAMAX, Oswaldo Alvarez, que também é advogado, relatou que nas imagens aparecem os secretários Édio Cesário dos Santos (de Esportes) e Luís Carlos Henrique (Finanças) confirmando que devolvem ao prefeito parte dos valores que recebem. "O Édio Cesário fala que levou R$ 1.440 por mês. Numa conversa dele com o secretário de Finanças, Luís Carlos Henrique, que está até afastado por ordem judicial da comarca de Araputanga por desvio de dinheiro, licitações fraudulentas, foi alvo da Polícia Federal na quarta-feira passada, ele fala que no ano passado teria devolvido já mais de R$ 14 mil e esse ano já acima de R$ 6 mil", detalha o vereador.

Na conversa entre os secretários, segundo o vereador que já assistiu todos os vídeos, Luiz Carlos fala que todos os integrantes do staff praticam a rachadinha e fazem parte do esquema, mas Édio contesta argumentando que não são todos. "Do salário ele acredita que o Luiz não devolve, que devolve em compras e outros acertos, ele fala dessa forma".

Em outro vídeo, o prefeito Joel Marins e o secretário Édio Cesário falam sobre o esquema. Na conversa o prefeito fala que a Secretaria de Assistência Social, comandada por Valeria Neves Henrique, e a Agricultura também são do mesmo modo. "Num trecho do vídeo o prefeito fala que é a Valéria da Assistência social, que faz da mesma forma, mas não fala em valores. Na Agricultura é do mesmo modo", comenta o parlamentar sobre o teor da gravação. Atualmente, a Pasta da Agricultura está sem secretário titular, sendo comandada pelo gerente Willie Douglas Martes Ferreira.

Um terceiro vídeo mostra o secretário Édio Cesário conversando com o vereador Luiz Gonçalves de Seixas Filho (PSB), que é líder do prefeito na Câmara. No diálogo, o parlamentar relata que precisa devolver ao prefeito parte do salário e pontua que o vereador tem conhecimento da rachadinha. Por sua vez, Luiz Seixa diz que já alertou que a prática ilegal pode trazer problemas ao vereador e ao prefeito. "Ele diz que acha tudo muito errado e que não vai dar certo", descreve Oswaldo Alvarez.

Sobre a conversa do colega de parlamento e de partido com o secretário sobre o esquema, o vereador Oswaldo emite opinião. "Dá pra entender que ele sabe e compactua. Acha que está errado, mas se quiser manter, pra ele tanto faz. Ele não faz nada porque é o líder do prefeito desde a posse", argumenta, quando questionado sobre os motivos de o correligionário nunca ter denunciado a prática ilegal.

Dos quatro vídeos, segundo o vereador Oswaldo Alvarez, dois mostram diálogos entre o prefeito e o secretário Édio Cesário. Ainda nessa semana, o vereador junto com os colegas de parlamento, Diego Soares da Silva, conhecido como Diego da Rádio (PSDB) e Gilmar Ferreira Soares, o Dileca das Botas (PDT), pretendem buscar o Ministério Público e entregar as gravações.

"Acredito que esses vídeos foram encaminhados pra nós por sermos críticos à gestão e em virtude dessas operações que estão tendo em Araputanga, tanto da Justiça Estadual como da Polícia Federal. Acredito que a pessoa criou coragem e repassou esses vídeos para frente", relata o vereador explicando que nas gravações não constam a data em que as imagens foram registradas. O pendrive com os vídeos foi deixado embaixo da porta do escritório de advocacia do vereador.

BENS BLOQUEADOS

Em abril deste ano, a Justiça acolheu pedido do Ministério Público numa ação por improbidade e determinou o bloqueio de R$ 1,7 milhão do prefeito Joel Marins por suspeita de fraude no contrato de uma empresa de publicidade. Também foi determinado o afastamento do secretário de Administração, Luis Carlos Henrique, que é dono da empresa L7 Produções e Filmagens, contratada em janeiro para prestar serviços de assessoria de comunicação ao prefeito. Nas contas do secretário foi determinado bloqueio de R$ R$ 715,6 mil.

PAD CONTRA SECRETÁRIO

No dia 5 de maio deste ano, o prefeito Joel Marins publicou uma portaria instaurando um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para investigar o secretário de Finanças, Luís Carlos Henrique. Ele tomou como base fatos narrados e provas acostadas nos autos do precedimento investigatório de 2018 e um Inquérito Civil de 2019, ambos instaurados pelo Ministério Público Estadual. A previsão era de conclusão do PAD dentro de 60 dias, admitindo-se a prorrogação por igual período, desde que justificadamente.





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