Brasileiros não têm costume de planejar, mas Jogos mudarão isso, diz Paes
"Brasileiros não estão acostumados a planejar e cumprir prazos, somos muito latinos nesse sentido. As Olimpíadas mudam nossa forma de agir e de fazer as coisas", disse, na entrevista que foi dada em inglês e em português.
A conclusão das obras do metrô e dos BRTs (Bus Rapid Transit) está prevista para o início de 2016, a poucos meses dos jogos.
Paes admitiu ainda que o Rio tem muitos desafios pela frente, como melhorar o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim e encontrar uma solução para o Velódromo, que foi construído para os Jogos Panamericanos em 2007 mas não atende aos padrões olímpicos.
Ele voltou a dizer que um meio termo será encontrado e que a demolição do Velódromo "é inaceitável", embora tenha assumido essa posição apenas recentemente.
Mas o maior desafio, considera, é aprimorar e ampliar a oferta do transporte público, em uma cidade onde o trânsito piora a olhos vistos.
Os BRTs são a aposta da prefeitura para ampliar o número de cariocas que anda de ônibus e metrô de 18% para 63% até 2016. Os corredores expressos de ônibus serão integrados à rede de metrô, quando esta chegar à Barra.
Ainda assim, ele diz que o mundo verá "uma cidade que está fazendo o que precisa ser feito para os Jogos" e que os projetos estão "em dia" e deixarão um "grande legado" para o Rio.
"Longo caminho"
"Não é como se fôssemos estar perfeitos depois dos Jogos, o Brasil ainda tem um caminho longo pela frente, o Rio tem um caminho longo pela frente. Mas vai ser uma cidade mais igualitária, mais integrada depois das Olimpíadas", disse Paes.
O prefeito recebeu a equipe da BBC britânica e da BBC Brasil em seu gabinete, no centro do Rio, na semana passada, logo antes de embarcar pela segunda vez no último mês para Londres - desta vez para retornar com a bandeira olímpica.
"Eu acho que Londres está fazendo os Jogos perfeitos. Tudo muito organizado, a vibração da cidade, a alegria, o carinho, a maneira como os voluntários te recebem. Enfim, estou muito orgulhoso de suceder Londres", elogiou.
Para Paes, a alta qualidade da Olimpíada londrina transforma o desafio do Rio em algo "ainda mais difícil".
Cercado de objetos relacionados aos projetos para o Rio e de fotos na parede mostrando o momento do anúncio das Olimpíadas na cidade, Paes reiterou que os Jogos são uma "boa desculpa" para fazer coisas que deveriam ter sido feitas há anos.
"Você consegue viabilizar coisas que nunca conseguia fazer acontecer antes", afirma, dando como exemplo os projetos de mobilidade urbana e de revitalização da região portuária, "algo sobre o qual estamos falando há 40 anos e agora conseguimos fazer".
O prefeito se mostrou reticente à ideia de divulgar um orçamento fechado para a Olimpíada, argumentando que é difícil distinguir, entre os projetos de infraestrutura para a cidade, o que é ou não é para os Jogos.
Para ele, alguns projetos ainda estão sujeitos a mudanças e é preferível falar em orçamentos específicos. Paes afirmou que os custos são expostos no portal da prefeitura para a Olimpíada. Mas deixa claro que prefere evitar o desgaste pela provável escalada dos valores.
"Londres foi boa na divulgação de seu orçamento, primeiro de 2,5 bilhões (de libras), depois de 8 bilhões, depois de 9...", ironizou.
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