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Terça - 08 de Setembro de 2020 às 09:17
Por: Alecy Alves/Diário de Cuiabá

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As pessoas ligam para o CVV, principalmente, porque se sentem sozinhas e querem ser ouvidas
As pessoas ligam para o CVV, principalmente, porque se sentem sozinhas e querem ser ouvidas

Desde março deste ano, o sentimento de solidão, associado ao medo de ser contaminado pelo novo coronavírus e desenvolver a forma grave da doença, vem sendo o principal motivo das ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV).

Há alguns anos, o número do CVV passou a ser nacional, o 188.

Por causa disso, não é mais possível mensurar a demanda de Cuiabá ou do Estado, como se fazia antes, quando o atendimento era feito com um número local.

Em 2019, em o todo país, o serviço recebeu mais de três milhões de ligações com pedidos de apoio emocional.

As pessoas ligam, principalmente, porque se sentem sozinhas e querem ser ouvidas.

Ouvidas e acolhidas, sem que sejam julgadas sobre suas emoções. E, principalmente, para falar com alguém que vai se expressar com empatia.

Em Mato Grosso, o CVV tem 45 voluntários, que se revezam em plantões de 24 horas.

Para não interromper o atendimento durante pandemia da Covid-19, a entidade criou um sistema na central telefônica do 188, que permite que os voluntários prestem o serviço sem sair de suas casas.

Assim, no caso de Cuiabá, quase ninguém precisa se deslocar para a sede, que fica na Rua Comandante Costa, quase esquina com a Rua Voluntários da Pátria, no Centro Histórico.

Voluntário do CVV há 10 anos, Homar Capistrano, de 36 anos, tornou-se um de seus porta-vozes em Cuiabá.

Divulgação

CVV - ligação

Há alguns anos, o número do CVV passou a ser nacional, o 188

Conforme Homar, a pandemia agravou a situação de quem já se sentia sozinho, isolado do mundo.

O CVV não consegue atender a demanda de ligações.

Homar disse que aqui estava sendo organizada uma capacitação para novos voluntários, mas o curso teve de ser suspenso, por causa dos riscos de contágio pelo coronavírus, que trouxe com a doença da Covid-19 a necessidade de isolamento e distanciamento social.

Ele, entretanto, não considera que arregimentar mais voluntários resolva essa questão.

"Estamos tratando a consequência, não as causas dos problemas", observou.

Para ele, o fato de milhões de pessoas ligarem para desconhecidos, para que possam ser ouvidas, não sendo julgadas, mostra o quanto difíceis estão as relações interpessoais.

Conforme Homar, o tempo dos voluntários dedicados às conversas depende da necessidade de quem está do outro lado da linha. Pode variar de um minuto até horas de duração.

"Há aqueles que estão em situação extrema e precisam se livrar de cargas que carregaram a vida toda", observou.

O "Setembro Amarelo", mês em que são intensifica as ações de prevenção ao suicídio, é uma oportunidade de chamar a atenção para a depressão e os transtornos que levam à morte por do estigma e outras questões que, muitas vezes, impedem a busca de tratamento.

O CVV, diz Homar, considera esse período importante e está organizando algumas atividades, entre as quais a participação em lives, já que a pandemia está impossibilitando a realização de palestras e outros eventos presenciais.





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