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Sexta - 18 de Setembro de 2020 às 09:20
Por: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá

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Em Mato Grosso, a insegurança alimentar grave, em que as pessoas relatam chegar a passar fome, atingiu 118 mil pessoas entre 2017 e 2018.

No país, 10,3 milhões viviam em domicílios em que houve privação severa de alimentos ao menos em alguns momentos no mesmo período.

Os dados constam da Pesquisa de “Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil”, divulgada na quinta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dentre as unidades da Federação localizada no Centro-Oeste, Mato Grosso tem o menor número de moradores em situação de miséria alimentar.

No vizinho Mato Grosso Sul, essa quantidade chega a 141 mil, em Goiás a 352 mil e, no Distrito Federal são 131 mil indivíduos. No país, a prevalência nacional de segurança alimentar caiu para 63,3%, em 2017 e 2018, alcançando seu patamar mais baixo.

Dos mais de 10 milhões, 7,7 milhões residiam na área urbana e 2,6 milhões na rural. "Ao olhar para a série histórica, a gente observa que houve diminuição da segurança alimentar e o consequente aumento dos índices de insegurança alimentar entre a população brasileira", enfatizou o gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, André Martins.

O Instituto Brasileiro classifica a insegurança alimentar em três níveis, sendo eles, leve, moderada e grave.

No primeiro nível, há preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro e, na moderada, já há redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação. Já na greve já uma redução quantitativa da comida também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio, o que significa dizer que a fome passa a ser uma experiência frequentemente vivida no domicílio.

No geral, segundo o IBGE, na população de 207,1 milhões de habitantes para o mesmo período, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com segurança alimentar, enquanto 84,9 milhões moravam aqueles com alguma insegurança alimentar, assim distribuídos: 56 milhões em domicílios com insegurança alimentar leve, 18,6 milhões em domicílios com insegurança alimentar moderada e 10,3 milhões de pessoas residentes em domicílios com insegurança alimentar grave.

Captada por três suplementos da antiga Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a prevalência nacional de segurança alimentar era de 65,1% dos domicílios do país em 2004, cresceu para 69,8% em 2009 e para 77,4%, em 2013. Já a POF 2017-2018 mostra que essa prevalência caiu para 63,3%, ficando abaixo do patamar encontrado pela PNAD em 2004.

A insegurança alimentar leve teve aumento de 33,3% frente a 2004 e 62,2% em relação a 2013. A insegurança alimentar moderada aumentou 76,1% em relação a 2013 e a insegurança alimentar grave, 43,7%.

Segundo André Martins, o aumento da insegurança alimentar está relacionado, entre outros motivos, à desaceleração da atividade econômica nos anos de 2017 e 2018. Menos da metade dos domicílios do norte (43%) e nordeste (49,7%) tinham segurança alimentar, isto é, acesso pleno e regular aos alimentos.

Os percentuais eram melhores no centro-oeste (64,8%), sudeste (68,8%) e sul (79,3%). A prevalência de insegurança alimentar grave do norte (10,2%) era cerca de cinco vezes maior que a do sul (2,2%).

O estudo mostrou ainda que, nos domicílios em condição de segurança alimentar, predominam os homens como responsáveis pelo rendimento doméstico. Conforme o levantamento, 61,4% dos domicílios com acesso pleno e regular à alimentação de qualidade eram chefiados por homens.

Já as mulheres eram responsáveis por 38,6% dos domicílios nessa situação. Também revela que o uso de lenha ou carvão na preparação dos alimentos foi mais frequente nos domicílios com insegurança alimentar moderada (30%) e grave (33,4%). Já o uso de energia elétrica foi mais frequente (60,9%) nos lares em segurança alimentar e menos (33,5%) nos lares com insegurança alimentar grave.

Há pouco mais de um ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a fome no Brasil seria uma “grande mentira”.

“Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não”, afirmou o presidente na ocasião.

No Estado, entre as iniciativas para ajudar famílias carentes, até por conta da pandemia do novo coronavírus, está a campanha "Vem Ser Mais Solidário – MT unido contra o coronavírus", cuja intenção vem sendo a distribuição de aproximadamente 230 mil cestas básicas.

Tem ainda o programa "Aconchego", no ano passado, beneficiou 100 mil pessoas em todos os municípios mato-grossense.





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