"Politica interna"
Estudante é rejeitada por empresa do agro por ser mulher
Uma estudante de medicina veterinária, que pediu para não ser identificada por medo de represálias, enviou currículo para uma vaga de estágio da empresa do agronegócio Grupo Matsuda. No entanto, recebeu como resposta que a empresa não contrata mulheres para o departamento técnico. O caso viralizou nas redes sociais e revoltou não só os estudantes da área, como também mulheres de diferentes partes do país.
A resposta do e-mail viralizou nas redes sociais, após pessoas se revoltarem com o machismo exposto. Até o fechamento desta reportagem, a publicação contava com 9,8 mil curtidas. No e-mail, um médico veterinário explica que não pode contratá-la, pois “a Matsuda segue a política de não contratar mulheres para o departamento técnico”.
A estudante relata que se candidatou à vaga de estágio em julho, se inscrevendo em um formulário disponibilizado no site da empresa. Porém, o caso viralizou agora, pois em um grupo no WhatsApp da faculdade, uma estudante enviou a oportunidade de emprego. Ela então desencorajou a colega, relatando a frustração de não ter sido chamada para a vaga, por ser mulher.
“Eu preenchi o formulário, coloquei minha experiência, meu currículo e a resposta. Eu não sei qual é o critério que eles fazem pra quem vai te mandar a resposta, geralmente mandam uma resposta genérica, mas dessa vez achei muito estranho”, relembrou ao Gazeta Digital.
A estudante conta que foi a primeira vez que recebeu uma resposta sexista. “Eu faço estágio desde o primeiro período, e respondiam ‘seu período é pouco, você esta no segundo período ainda, nós pegamos a partir do sexto’ ou ‘você não tem experiência’. Hoje eu tenho experiência, estou no sétimo período, tenho cursos e toda a qualificação para trabalhar na área que eu estava buscando”, explica.
Após a repercussão negativa, ela disse que o funcionário que respondeu ao seu e-mail a procurou, dizendo que ela “entendeu errado”. A estudante questionou: “sim, mas o que me faltou para conseguir a vaga?”. Ela afirma que ainda não obteve resposta.
Desde que escolheu a Medicina Veterinária, a estudante conta que sempre quis trabalhar com animais grandes, área que é predominante ocupada por homens. “Eu já sabia que era uma área bem machista, mais voltada para o público masculino. Só que a gente quer quebrar esses preconceitos, porque não tem diferença nenhuma entre mulher e homem em um cargo de veterinário, nem para outros”.
Diante da repercussão negativa, a empresa comentou em seu perfil no Instagram que cada região possui a sua política e, pelo fato de algumas regiões possuírem atendimento mais complicado, evitam contratar mulheres por “proteção”. Contudo, o comentário foi apagado em seguida.
"Temos várias técnicas no nosso departamento, porém tem regiões que o atendimento é muito complicado, em virtude de ter que andar em territórios com várias ocorrências perigosas, e a empresa se preocupa em proteger as mulheres em áreas consideradas problemáticas. Às vezes tem que andar 200 a 300 kms no meio do nada, de dia ou de noite. Existem diversas situações", respondeu.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a empresa Matsuda, que informou que repudia qualquer tipo de descriminação e que o episódio foi atípico e infeliz. No perfil do grupo no Instagram, eles publicaram nota oficial, lamentando o ocorrido.
Ressaltaram que a diretoria do Grupo Matsuda é composta por 8 pessoas, em que 4 são mulheres. Veja a nota na íntegra:
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