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Cidades/Geral
Segunda - 12 de Outubro de 2020 às 06:55
Por: Alecy Alves/Diário de Cuiabá

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Arquivo de Família
Odenir morreu no final de setembro, foi cremado e as cinzas estão guardadas. Ele pediu à família que elas sejam jogadas no mar
Odenir morreu no final de setembro, foi cremado e as cinzas estão guardadas. Ele pediu à família que elas sejam jogadas no mar

Perto de completar dois anos de funcionamento, ainda não se pode dizer que a cremação de corpos seja uma cerimônia fúnebre comum entre os cuiabanos e mato-grossenses.

Esse ritual permanece rodeado por mistérios e tabus de crenças religiosas. Entretanto, dados indicam que o serviço já está sendo mais procurado por famílias das diversas regiões do Estado.

Muitas vezes, para realizar sonhos manifestados pelos entes queridos ao longo da vida.

De acordo com números da direção do Crematório Parque Bom Jesus, estrutura instalada na área do Cemitério Parque Bom Jesus, no bairro Parque Cuiabá, em Cuiabá, em 2020, o número de cremação saltou de oito para 20 ao mês.

Esse índice representa um aumento de 150% em relação ao primeiro ano de atividade do crematório (2018/2019).

Mesmo assim, ainda está longe de chegar às 90 cremações mensais (três ao dia) autorizadas pelo poder público. E, mais longe ainda, da capacidade total instalada, que é de oito cremações ao dia, ou 240 ao mês.

O empresário Nilson Marques, diretor da Pax Nacional Prever, grupo associado ao Crematório Parque Bom Jesus, diz que ainda não há a que atribuir essa alta pela cremação e, possivelmente, só consigam saber depois que passar a pandemia da Covid-19.

Mas, ele acredita que pode estar relacionado à busca por informações pela própria população sobre o serviço e à inclusão da cremação nos planos de seguro funeral.

Nilson Marques não percebe grande influência das mortes relacionadas à pandemia e justifica: "Cremação de mortos pela Covid são poucas: três ou quatro".

Por causa das restrições impostas em função dos riscos de transmissão do novo coronavírus, a família do servidor público Odenir Luiz Carvalho, de 63 anos, assistiu pouco da cerimônia, mas fez questão de realizar o desejo dele.

Odenir, que morreu no final de setembro por complicações decorrentes de câncer na próstata, foi cremado e as cinzas estão guardadas, enquanto a esposa, Juliana Bom Despacho Carvalho, e os filhos, se organizaram para atender a outra parte do pedido dele.

Casada com Odenir por 39 anos, Juliana conta que, diversas vezes, o marido lhe disse que, quando morresse, queria ser cremado e suas cinzas atiradas ao mar.

O marido, conforme Juliana, não chegou a apontar uma região específica da costa brasileira, mas, quando estavam em viagens litorâneas, costumava reafirmar seu desejo.

Por quase cinco anos, enquanto lutava contra o câncer, Odenir viveu rodeado pelo amor da família, que, por sinal, é bem grande.

Ele deixou a mulher, três filhos (Ana Caroline, Victor Hugo e Andreia), além da sobrinha Ana Luiza, que cresceu em sua casa e que ele a tinha como filha, e dos cinco netos (Miguel, Izac, Rafael e Ágata).

Não teve tempo para ver a chegada do sexto neto, Joaquim, que deve nascer em janeiro de 2021.

CREMAÇÃO - O trabalho não é um serviço de baixo custo, assim como ocorre nos funerais em geral.

Segue exigências legais, como o mínimo de 48 horas entre cremar e obter as cinzas, e pode chegar a R$ 12 mil, incluindo caixão, o crematório e uma urna padrão para armazenar as cinzas.

Esse total, conforme Juliana, foi o que sua família gastou.

O empresário Nilson Marques disse que pode variar, mas o orçamento básico está em R$ 4.690 a cremação e R$ 697, a urna padrão.

Se a contratação do serviço ocorrer por meio de empresas estaduais funerárias associadas há um desconto de 10% e de 15% para os associados da Pax Prever.





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