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Saúde
Terça - 16 de Fevereiro de 2021 às 10:44
Por: Mariana Hallal/Terra

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Tania Rêgo/Agência Brasil

SÃO PAULO - Um medicamento que está sendo testado para o tratamento de pacientes com covid-19 apresentou resultados promissores também na prevenção da doença. Especialistas afirmam que a droga EIDD-2801, também conhecida como Molnupiravir, é segura e tem baixa toxicidade, o que permitiria o uso profilático. Parte do estudo ainda está em fase inicial e depende de testes em humanos.

Funcionária em laboratório Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro (RJ) 07/02/2017 REUTERS/Ricardo Moraes

Funcionária em laboratório Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro (RJ) 07/02/2017 REUTERS/Ricardo Moraes

Foto: Reuters

A pesquisa indica que o medicamento usado de forma profilática, ou seja, antes de acontecer a exposição ao vírus, inibiu "drasticamente" a replicação do Sars-Cov-2 durante a infecção. Isso pode ser promissor como prevenção à covid-19. "Esse é um dado inicial, de modelo animal, que deve ser estudado em fase clínica para pré-exposição", ressalta Mellanie Fontes Dutra, doutora em neurociências. O manuscrito foi aceito para publicação pela revista científica Nature e ainda depende de revisão.

Os testes para uso do EIDD-2801 como forma de prevenção à doença foram feitos em camundongos. A técnica usada pelos pesquisadores consiste em transplantar células de um pulmão humano para o animal e então estudá-lo. "É uma ótima plataforma, mas não dá para extrapolar muito para humanos", pondera Mellanie. Ela também pontua que o estudo não abrange a estrutura nasal, local relevante para o início da replicação do vírus.

O medicamento ainda está sendo desenvolvido pelos cientistas e não está disponível no mercado.

Remédio já é testado no tratamento

Outros estudos em fase mais avançada investigam a eficácia do Molnupiravir no tratamento de pacientes já infectados pelo novo coronavírus. Os testes estão sendo feitos pelas empresas MSD e Ridgeback Bio. Os pesquisadores devem apresentar os resultados dos estudos clínicos de fase 2-3, em humanos, ainda neste primeiro trimestre.

O professor da Universidade de São Paulo (USP) Adriano Andricopulo, especialista em química medicinal e planejamento de fármacos, diz que, se aprovado, o remédio trará grande vantagem no combate ao coronavírus. Ele age de maneira semelhante ao Remdesivir, único medicamento para a covid-19 aprovado pela agência americana FDA, mas poderá ser administrado de forma oral e tende a ser muito mais barato.

Outra característica do Molnupiravir ressaltada pelo professor é que ele foi desenvolvido exclusivamente para o combate ao coronavírus, enquanto o Remdesivir foi fabricado inicialmente para combater o Ebola. O novo medicamento também já demonstrou maior eficácia contra o coronavírus em tempo bem inferior ao Remdesivir.

O EIDD-2801 age diretamente no RNA do Sars-Cov-2, evitando que ele se replique nas células. A substância se incorpora no vírus e inibe uma importante proteína. Dessa forma, ele bloqueia a transcrição do RNA, "matando" o vírus. "Essas moléculas que modulam algumas das proteínas dos vírus são o futuro dos medicamentos", explica Andricopulo.

O químico afirma que o Molnupiravir é o medicamento mais promissor para o tratamento de pacientes com a covid-19. Se os resultados da atual fase de testes forem positivos, a MSD e a Ridgeback já podem pedir autorização para uso emergencial.

Pelos dados disponíveis até o momento, Andricopulo avalia que a segurança do medicamento é boa e que ele não apresenta toxicidade. Portanto, pode ser seguro até para a prevenção à doença. "Diferente do 'kit Covid' que não tem eficácia comprovada e já começa a ter efeitos adversos graves", sublinha.





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