Um levantamento realizado pela Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá revela que no período de janeiro a junho deste ano 424 casos de pessoas desaparecidas foram registrados na capital e região metropolitana. Destes, cerca de 24% se referem ao desaparecimento de adolescentes do sexo feminino, menores de 17 anos, o que totaliza 104 casos registrados.
Para o delegado Silas Tadeu Caldeira, da DHPP, apesar de a maioria dos desaparecidos ser do sexo masculino, o alto número de adolescentes desaparecidas estaria relacionado a fugas após desavenças dentro de casa. "Normalmente as adolescentes acabam sendo influenciadas por amizades e costumam sair de casa, seja para acompanhar as amigas em bailes ou em uma festa e depois de um ou dois dias voltam".
É o caso de uma mãe que não quis se identificar, cuja filha de 14 anos desapareceu e foi localizada pela polícia há duas semanas. A menina foi detida em uma festa. Após notar a ausência da filha, a dona de casa procurou o setor de desaparecidos da DHPP, que em poucas horas localizou a menina na casa de amigas. A mãe revelou o que sentiu quando a filha esteve desaparecida. "É desespero, ansiedade de encontrar a filha, medo de ter acontecido alguma coisa com ela, de ela estar machucada", desabafou.
O delegado informou ainda que em muitos casos o desaparecimento dessas jovens pode durar dias ou até anos. "Em outros casos elas recebem convites para a prostituição e às vezes saem dos municípios e até de outros estados. Assim se torna difícil a sua localização. Elas somente são encontradas com o passar do tempo com outras informações ou com a quebra de sigilo é que elas são localizadas e encaminhadas para o Conselho Tutelar e posteriormente à família"",afirmou.
Em relação aos desaparecimentos sem a localização, a DHPP registra 93 casos somente neste ano. O delegado aponta que na maioria dos casos, o envolvimento com drogas está relacionado aos desaparecimentos. "O grande problema hoje no desaparecimento de jovens é que eles entram nas drogas e o vício faz com que eles passem a furtar pequenos objetos da família e, posteriormente, sem obter apoio da família, eles saem e ficam vagando".
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