Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Sexta - 26 de Fevereiro de 2021 às 07:47
Por: Por Marcio Camilo/Assessoria REM MT

    Imprimir


A Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (FEPOIMT) desenvolveu um plano de comunicação para combater a disseminação de fakes news contra a vacinação da Covid-19 nas aldeias. O plano foi apresentado ao Programa REM MT nesta quinta-feira (25) e contou com a presença de outros atores envolvidos no processo, como o Instituto Centro de Vida (ICV), que auxilia a entidade indígena nos trabalhos.



A comunicação, protagonizada pelos próprios indígenas, é um dos eixos do Plano Emergencial de Enfrentamento à Covid-19, desenvolvido em conjunto pelo Subprograma Territórios Indígenas do REM Mato Grosso e a FEPOIMT. Os outros eixos são “Segurança Alimentar”, “Barreiras Sanitárias” e “Incêndios Florestais". Para este ano, a previsão é que o REM MT invista R$ 13, 9 milhões nessas ações voltadas para a defesa dos territórios - condição entendida pela coordenação geral do Programa como essencial na estratégia de sobrevivência dos povos indígenas, e consequentemente na preservação da floresta.



O Plano de Comunicação da FEPOIMT começa a ser executado a partir de março com uma série de lives envolvendo três temas centrais: prevenção e vacinação à Covid-19; combate ao racismo; e a defesa dos territórios em tempos de pandemia.Também dão suporte ao plano a Consultoria Internacional (Gopa) e Agência de Comunicação Matiz Caboclo.



Cristian Wairu Tseremeya, da etnia Xavante, é o coordenador do Plano de Comunicação. Ele observa que o plano, inicialmente, foi concebido em um contexto em que ainda não havia vacinação. Agora, com a chegada das primeiras doses, a FEPOIMT percebeu a circulação de fake news em grupos de WhatsApp dos indígenas, que tem espalhado nos territórios desinformação e gerado receios sobre a vacinação.



“Hoje a gente já percebe um segundo momento da pandemia com a chegada das vacinas. E esse momento é acompanhado de muito ruído por parte das fake news que estão desestimulando a vacinação. A partir disso, a gente ajustou o projeto para pensar em estratégias de contrainformação, para combater essas mentiras e pedir para que os indígenas busquem se vacinar”, explica a liderança Xavante.



Ele ressalta que uma rede de jovens comunicadores - Guerreiros virtuais, formada pela FEPOIMT - atuará na base, nos sete polos regionais de abrangência da entidade - para que as informações cheguem “no chão da aldeia”, circulando dentro dos grupos de WhatsApp das comunidades. O aplicativo, conforme Wairu, tem sido uma das principais formas de comunicação dos indígenas.



“Os materiais vão ser produzidos por nós, FEPOIMT, e esses comunicadores irão levar essas postagens às comunidades indígenas de Mato Grosso ao mesmo tempo que eles também nos fornecerão informações vindas das bases”, detalha a liderança Xavante. As sete regiões de atuação da FEPOIMT são: Cerrado/Pantanal, Kayapó Norte, Médio Araguaia, Noroeste, Xavante, Vale do Guaporé e Xingu. Ao todo a entidade representa 43 povos indígenas no estado.



Para o coordenador do Subprograma dos Territórios Indígenas do REM MT, Marcos Ferreira, nada melhor do que os próprios indígenas falarem sobre as suas demandas. “É fazer chegar no chão da terra, lá na aldeia, a vontade dos indígenas, para os indígenas. E ninguém melhor do que a própria FEPOIMT para saber da necessidade dos povos tradicionais. Nesse sentido, uma comunicação construída por eles se torna estratégica”, reforça.



Um dos produtos já previstos dentro do Plano, por exemplo, são quatro animações sobre o Programa REM MT. A ideia é contar como o Subprograma Territórios Indígenas já beneficiou as comunidades por meio do Plano Emergencial de Enfrentamento à Covid-19 nas aldeias. As animações também irão abordar sobre a importância das etnias de se vacinarem contra o vírus.



De acordo com Deroní Mendes, coordenadora do Programa Direitos Socioambientais do Instituto Centro e Vida (ICV), esse é o primeiro grande plano de comunicação da FEPOIMT. Ele traz uma série de ações que pensam a comunicação numa perspectiva macro, como a estruturação das redes sociais e atualização constante desses canais e a construção de um website para divulgação de notícias nos mais diferentes formatos (texto, vídeo, áudio e imagens).



Deroní destaca que essa variedade é importante por causa da diversidade cultural que há entre os 43 povos indígenas no estado, pois dependendo do tipo de comunicação, da linguagem, a mensagem pode funcionar melhor em algumas etnias e em outras não. Por isso, dependendo da necessidade, o plano também prevê produtos nos idiomas dos indígenas.



Num primeiro momento a preocupação ainda é com a pandemia do novo coronavírus. Mas Deroní destaca que o plano vai muito além e trata-se de uma “coluna vertebral” para o fortalecimento institucional da FEPOIMT como ator político na defesa dos direitos dos povos indígenas em todo estado”.



“É a FEPOIMT sendo protagonista da sua própria história. Isso perpassa por eles mesmos pensarem a comunicação. Esse plano tem como objetivo fazer a Fepoimt chegar lá nas bases, sem ir presencialmente. Chegando em cada um dos 43 povos de diversas formas: no podcast, lives no facebook, peças de Whats App, no Instagram... É a Fepoimt usando a comunicação na defesa dos direitos dos povos indígenas de Mato Grosso”, entende Deroní.



Sobre o programa REM



O Programa REM remunera e premia o esforço de mitigação das mudanças climáticas de pioneiros do REDD + (Early Movers) a nível estadual, subnacional ou nacional, pretendendo fomentar o desenvolvimento sustentável, e gerar aprendizados até que um mecanismo global de REDD+ seja operacional. O principal objetivo do programa é a valorização da floresta em pé. O REM segue todos os princípios e critérios da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), na qual não ocorre transferência de créditos de carbono.


O contrato do REM Mato Grosso prevê recursos na ordem de 44 milhões de euros do governo da Alemanha por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), e o governo do Reino Unido, por meio do Departamento Britânico para Energia e Estratégia Industrial (BEIS).

Os recursos do Programa estão distribuídos da seguinte maneira: 60% para os subprogramas de agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais na Amazônia, Cerrado e Pantanal; territórios indígenas; e produção sustentável, inovação e mercados. Os demais 40% são destinados ao fortalecimento institucional de entidades governamentais do Estado e na aplicação e desenvolvimento de políticas públicas estruturantes.

Legenda foto: Elidia Takiro Peruare, de 64 anos, foi a primeira indígena vacinada contra a Covid-19 em Mato Grosso - Foto por: Christiano Antonucci | Secom





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/440849/visualizar/