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Segunda - 01 de Março de 2021 às 12:38
Por: Eduardo Gomes/Diário de Cuiabá

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Láercio Ojeda/Secom-MT
Em 1979, Frederico Campos desembarca no Aeroporto Marechal Rondon, após viagem a Brasília
Em 1979, Frederico Campos desembarca no Aeroporto Marechal Rondon, após viagem a Brasília

Vítima da Covid-19, Frederico Campos foi o último governador mato-grossense biônico.

Ele morreu aos 93 anos, numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular em Cuiabá, onde enfrentava a doença, contra a qual havia recebido a primeira dose da vacina.

Frederico sentiu sintomas da Covid-19 e se internou em 20 de fevereiro.

A doença evoluiu e ele não resistiu. Morreu na noite do domingo, 28 de fevereiro. Era viúvo e deixa o filho Frederico Carlos Soares de Campos Filho.

Na estatística da pandemia da Covid-19, o nome de Frederico se juntou às 5.806 mortes causadas pela doença em Mato Grosso, até o último dia de fevereiro, quando a Secretaria de Estado de Saúde registrava 250.889 infectados, dos quais, 235.269 se recuperaram.

O ex-governador foi prefeito de Cuiabá em dois mandatos, sendo o primeiro por nomeação, e o outro, em 1988, por eleição, após deixar o Palácio Paiaguás.

Ao conquistar a Prefeitura nas urnas, Frederico quebrou um tabu: escolheu uma mulher para compor sua chapa e, assim, Bia Spinelli se tornou a primeira vice-prefeita cuiabana.

Em parte do regime militar de 1964, governadores e prefeitos das capitais e dos municípios considerados área de segurança nacional eram indicados ao cargo pelos militares, com aprovação pelas assembleias legislativas; todos eram filiados ao partido de sustentação do governo, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), menos no Rio de Janeiro, onde o MDB, de oposição, era maioria.

Essa prática se estendeu de 1970 a 1978 e, nesse período, Mato Grosso teve cinco governantes, os quais a sabedoria popular apelidou de biônicos.

Mato Grosso era governado por Pedro Pedrossian, eleito democraticamente, mas, em 1970, os militares indicaram ao cargo o advogado José Manuel Fontanillas Fragelli, domiciliado na área que mais tarde seria Mato Grosso do Sul.

Fragelli assumiu o Governo em 15 de março de 1971 e, quatro anos depois, o transmitiu a José Garcia Neto, ex-prefeito de Cuiabá.

Garcia renunciou ao Governo em 15 de agosto de 1978 para disputar o Senado.

O vice-governador Cássio Leite de Barros, que residia na região que depois seria Mato Grosso do Sul, assumiu o poder.

Frederico Carlos Soares de Campos, engenheiro civil cuiabano, nascido em 11 de abril de 1927, não era o nome sugerido aos militares pela cúpula política da Arena, que defendia a nomeação do deputado federal José Benedito Canellas, mas Frederico tinha um trunfo: era sobrinho do general de exército Dilermando Monteiro, comandante do II Exército.

O tio o apadrinhou junto ao presidente general Ernesto Geisel, que estava em final de mandato, e o general João Figueiredo, que assumiria o poder.

Com proteção do tio, Frederico se tornou governador e, em 15 de março de 1983, transmitiu o cargo a Júlio Campos (PSD), que se elegeu em 15 de novembro de 1982, sendo o primeiro governador após o restabelecimento da normalidade democrática.

EX-GOVERNADORES - Todos os ex-governadores biônicos morreram.

Dentre os que chegaram ao poder no regime democrático, Mato Grosso perdeu Wilmar Peres de Farias (1986), que foi vice-governador de Júlio Campos; e Dante de Oliveira (1995/2002).

Sem incluir os vice e presidentes da Assembleia Legislativa, que exerceram o cargo durante viagens dos titulares ao exterior, o grupo de ex-governantes é formado por:

Júlio José de Campos (1983/86).

Carlos Gomes Bezerra (1987/90). Bezerra se desincompatibilizou em 2 de abril de 1990 para disputar o Senado, sendo substituído pelo vice-governador Edison de Freitas.

Edison de Freitas sofreu um acidente aéreo em Chapada dos Guimarães, e com dificuldade de locomoção renunciou faltando 34 dias para concluir o mandato. Em seu lugar assumiu, constitucionalmente, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Moisés Feltrin.

Eleito em 1990, Jayme Veríssimo de Campos assumiu o Governo no ano seguinte, e em 1995 o transmitiu a Dante Martins de Oliveira, que venceu a eleição no ano anterior e que se reelegeria em 1998. Dante deixou o Palácio Paiaguás em 6 de abril de 2002, para disputar o Senado. O vice-governador José Rogério Salles assumiu e concluiu o mandato.

Blairo Borges Maggi se elegeu governador em 2002 e se reelegeu em 2006.

Em 31 de março de 2010 se desincompatibilizou para concorrer ao Senado e o vice-governador Silval Barbosa o sucedeu. Sival disputou e venceu a eleição ao cargo em outubro de 2010.

José Pedro Gonçalves de Taques se elegeu governador em 2014 e transmitiu o cargo ao governador Mauro Mendes, que venceu a eleição em 2018.

AUSTERIDADE – Nos meios políticos, Frederico é considerado referencial de honestidade na vida pública.

Seu Governo foi marcado pela austeridade, respeito ao servidor público e a criação de municípios, dentre eles Sinop e Alta Floresta. Coube a ele fazer a transição democrática em Mato Grosso.





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