Idoso nega assassinato da esposa, acusa o genro e diz que filha mentiu à polícia

A defesa de Severino Zanchin, de 89 anos, alega que não foi o idoso o autor do homicídio de Lucinda de Oliveira, de 75 anos, esposa dele, em janeiro deste ano em Sorriso (a 442 km de Cuiabá). Segundo a versão dele, o autor da facada que matou a idosa foi o genro do casal. A versão considerada pela polícia foi a da filha e do genro de Severino. Ele só conseguiu dar sua versão dos fatos depois que o inquérito foi concluído.

Segundo as investigações conduzidas pelo delegado José Getúlio Daniel e Márcio Portela, os fatos ocorreram durante uma discussão familiar, depois que o suspeito ficou descontente com mudanças na mobília da casa. O crime ocorreu no dia 2 de janeiro na propriedade da família na BR-163, quando o suspeito de 89 anos atacou sua filha e esposa com uma faca.

No entanto, de acordo com a defesa de Severino, patrocinada pelos advogados William Puhl, Carlos Koch e Juliano Tramontina, o idoso nega a autoria do crime e alega que foi o genro quem desferiu o golpe de faca em Lucinda.

"Eles [genro e filha] dizem que ocorreu uma discussão na sala da casa, segundo eles seu Severino teria pegado uma faca e partido pra cima da filha. Neste momento ela teria batido com a mão na faca e se ferido. Ela então teria ido para parte externa da casa, onde foi seguida por seu Severino enquanto ela corria em volta de um trator, só que o genro e a neta não falaram isso na reconstituição. Aí segundo a versão dela, depois disso seu Severino teria retornado para a área da casa e ali estava dona Lucinda, que teria levado uma facada", explicou o advogado William Puhl.

A versão de Severino tem vários detalhes diferentes. Segundo a versão da filha e do genro, o idoso teria tentado se matar após ter esfaqueado Lucinda. Severino sofreu três golpes de faca, sendo que no último deles a faca ficou cravada em seu peito.

"Já o seu Severino alega que todos os fatos ocorreram dentro da sala, até mesmo a facada. Ele disse que chegou na sala, começou uma discussão, ele foi empurrado e caiu sobre um sofá. Posteriormente ele pegou uma faca para se defender, e nisso a filha, na intenção de tirar a faca dele acabou se cortando. O genro então segurou a mão dele e conseguiu retirar a faca. Neste momento a dona Lucinda veio com uma cadeira para interferir na briga dos dois, e quando ela bateu com a cadeira entre os dois foi golpeada com uma facada, pelo genro. O seu Severino disse que o genro então deu uma facada nele e em outro golpe cravou a faca no peito dele. Ele saiu e só percebeu a faca cravada quando estava na garagem. Ele retirou e saiu muito sangue", disse o advogado.

A defesa afirma que não teve contato com seu Severino logo após os fatos pois ele estava internado, por causa dos ferimentos. Neste período o inquérito foi concluído e oferecida a denúncia pelo Ministério Público. Apenas quando conseguiram conversar com seu Severino os advogados descobriram a versão diferente, pois a única versão que havia no processo era a da filha e do genro.

Os advogados de seu Severino então pediram a reconstituição do crime e realização de exame de corpo de delito no idoso, que não havia sido feito, o que pode esclarecer o ângulo das facadas. A reconstituição foi feita na última na quarta-feira (17) e o exame de delito no da 23 de fevereiro.