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Cidades/Geral
Segunda - 05 de Abril de 2021 às 14:40
Por: Wellington Sabino/Folha Max

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Ao denunciar, na manhã desta segunda-feira (5), uma série de irregularidades no Hospital São Judas Tadeu, em Cuiabá, a técnica de enfermagem Amanda Delmondes Benício, afirmou que uma das vítimas do suposto descaso na unidade foi major da Polícia Militar, Thiago Martins de Souza, de 34 anos, que morreu em decorrência de complicações da Covid-19, na madrugada deste domingo (4).

Amanda registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e concedeu entrevista à imprensa afirmando ter presenciado várias irregularidades. Ela revelou que também fez fotos e até filmagens e acabou demitida ao completar dois meses de trabalho na unidade. A mulher alega que está sofrendo ameaças por parte da direção do hospital, situado no bairro Jardim Califórnia, na Capital.

"O major Thiago que está sendo seputado hoje, ele ficou por duas semanas no Hospital São Judas e ele estava saturando sim, mas ele ficou duas semanas praticamente jogado, sem tomar banho. Eu chegava brincando e falava assim: eu vou dar banho em vocês. Fiz uma extensão, peguei uma seringa de três, coloquei numa extensão enorme porque não tinha seringa e oxigênio pequeno. Então, com aquela conexão que eu fiz o paciente dava pra ir até o banheiro, sentar na cadeira de rodas e tomar banho na cadeira de banho", denunciou a técnica de enfermagem.

Segundo ela, o militar a agradeceu e disse que estava jogado no local. Em outra entrevista ela relatou mais detalhes sobre o militar. "O Thiago falou assim: moça, eles vão me matar aqui dentro eu estou jogado, ninguém vem aqui. Ai foi uma fisioterapeuta l[a fazer uma VNI nele. VNI é uma máscarta que em alguns lugares estão usado aquela máscara de nadador. Eu não entendo sobre essa máscara, só os fisioterapeutas. Ai ele gritou socorro, aquele socorro abafado, quando eu vi ele estava roxo, saturando 29, eu arranquei a máscara do Thiago, conectei outra máscara nele que joga oxigênio e pedi pra ele pronar, ai fui falando que ia dar tudo certo", relatou a técnica de enfermagem.

Conforme a profissional de enfermagem, no hospital também faltavam medicamentos e equipamentos necessários para atendimento dos pacientes.

Trecho de uma mensagem trocada pelo próprio policial com outra pessoa num aplicativo de conversas também foi divulgado nesta segunda-feira e mostra ele reclamando do atendimento ruim e uma equipe reduzida. "Muita gente e poucos profissionais. A mulher veio fazer o tem cedo e me esqueceu com o aparelho. Dormi com o trem na cara e soltou parte. Quase afoguei. Soltei sozinho e até agora nada do socorro", escreveu Thiago.

O policial contraiu o coronavírus e estava internado desde o dia 12 de março no Hospital São Judas Tadeu. Com o agravamento da doença, ele precisou ser transferido para a UTI do Hospital São Benedito, mas não resistiu e morreu no domingo.

Thiago tinha 34 anos e há 15 anos fazia parte da Polícia Milita, onde atuava como subcomandante do 24º Batalhão. Ele deixou os pais e uma irmã.

COREN AGUARDA DENÚNCIA

Antônio César Ribeiro, presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren- MT), confirmou que a instituição já tem conhecimento do caso, mas apenas pelas pelas notícias veiculadas na imprensa e aguarda a profissional fazer uma denuncia formal "O Coren tomou conhecimento da denúncia feita pela técnica de enfermagem, que inclusive, buscou a Polícia Civil para registrar ocorrência, mas ela ainda não buscou o Coren para registrar, o que é um direito ético dela, à medida que perceber que o hospital ou siminar a impede de cumprimento do exercício profissional, isso no sentido de que qualquer coisa feita com o paciente geralmente passa pela ação da enfermagem. Se está sendo imposto a ela ou outro membro de equipe, assumir condutas que contrariam os princípios éticos, inclusive, que comprometa a segurança do paciente, ela tem direito de se manifestar ao Conselho mediante denúncia formal e o Conselho vai verificar.

"Nós estamos aguardando o recebimento dessa denuncia formal, considerando que não se trata de conduta profissional dela por isso não tem como acioná-la, nem como de ofício, um procedimento de apuração, como se tratar de uma conduta que ela reputa à organização hospitalar, é necessário que ela formalize ao Conselho para tomar as medidas que seriam iniciadas com uma fiscalização e se proceder os fatos o encaminhamento seria para o Minsitério Público Federal", disse Antônio César.

OUTRO LADO

Por meio de nota, o Hospital São Judas Tadeu negou as acusações da ex-funcionária.

Veja a íntegra:

O Hospital São Judas Tadeu vem, nesta oportunidade, negar veementemente todas as notícias veiculadas na data de hoje, 5 de abril de 2021, que envolvem condutas supostamente promovidas em desfavor da saúde dos pacientes.

as acusações espúrias foram proferidas por uma funcionária que trabalhou 50 dias na Instituição, e foi demitida na semana passada justamente por práticas dissonantes com as exigidas pelo Hospital e, por isso, utiliza-se dessa pauta com cunho de promover retaliação e vingança.

É evidente que as afirmações são desprovidas de qualquer fundamento e principalmente provas. Diante da gravidade, o Hospital está empenhado na adoação das medidas cíveis e criminais cabíveis em face da profissional e isso será a maior resposta que poderemos dar a população.

De qualquer forma, reforçamos que o Hospital São Judas Tadeu é uma Instituição séria e respeitada, com histórico de excelência em serviços prestados à população cuiabana há mais de 35 anos.

Sempre atuamos com profissionais sérios e comprometidos com a ética e o bem estar dos pacientes e assim permaneceremos nossa caminhada.

OUÇA AQUI O ÁUDIO DA ENFERMEIRA:

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