Pandemia & fome
Miséria se espalha e falta de alimentos leva mais famílias ao lixão O número de catadores subiu e já chega a quase 250 famílias, que buscam renda para garantir alimento
A falta de alimento desespera!"
Com esta frase, o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis em Mato Grosso, Thiago da Silva Duarte, justificou o aumento do número de catadores no lixão de Cuiabá.
Pelas contas de Thiago, subiu de cerca de 170 para quase 250 pessoas que, diariamente, catam produtos recicláveis, nas montanhas de lixos do maior aterro sanitário do Estado.
“Todos os dias, chegam mais e mais trabalhadores, na esperança de tirar do lixo o sustento para suas famílias”, afirmou.
Catador de recicláveis no aterro sanitário da capital desde os seis, aos 38 anos, Thiago conhece como poucos a realidade do local.
De acordo com ele, desde que começou a pandemia da Covid-19, o número de catadores vinha aumentando.
Entretanto, neste ano, cresce quase diariamente.
Ele acredita que, por ser um aterro aberto, onde não se pode impedir o acesso, muitas famílias que já eram pobres, que viviam em subempregos e que também desapareceram, viram na venda dos recicláveis uma alternativa de renda.
Conforme Thiago Duarte, quem vai para o lixão sabe que terá a garantia de renda, mesmo que seja mínima.
No local, observa, há caminhões de pelo menos três empresas privadas esperando pelos produtos que os catadores selecionam no lixo.
Thiago Duarte
A venda dos produtos recolhidos é feita no local, imediatamente à coleta
Portanto, a venda é feita no local, imediatamente à coleta.
Só que a olhos cegos, ou seja, o comprador leva, pesa em outro local, e depois diz ao catador o faturamento e faz o pagamento.
Neste mês, o Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis em Mato Grosso, com o Ministério Público, Defensoria Pública, OAB-MT e outras entidades, apresentou reivindicação à Prefeitura de Cuiabá para o pagamento de auxílio emergencial de R$ 500, cesta básica e equipamentos de proteção individual (EPIs) para os catadores.
Na semana passada, o município forneceu cestas básicas e, conforme Thiago, também está entregando mamitex no almoço aos catadores que estão no local, porém as famílias desses continuam desassistidas.
E ainda, lembra ele, há muitos catadores que estão sem renda, impedidos de irem para selecionar recicláveis no lixão porque contrariam a Covid-19.
A Prefeitura de Cuiabá garantiu que fará o recadastramento dos catadores a partir desta segunda-feira (26), com o objetivo de pagar o auxílio emergencial de R$ 500. em três parcelas mensais.
Arquivo Pessoal
Thiago Duarte, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis em Mato Grosso
PRIVATIZADO - Em breve, o lixão onde são despejadas mais de 400 toneladas de lixo deixará de ser fonte de renda para muitas famílias.
Não estará mais aberto aos catadores.
O aterro foi privatizado e o local pode ser fechado a qualquer momento.
DOAÇÕES - Para doações para os catadores, de alimentos e outros produtos, de higiene pessoal e limpeza, por exemplo, o contato é o Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis.
Thiago Duarte: (65) 99217-9380
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