Na ponta do lápis, explica o superintendente, enquanto o quilo do animal vivo passou a receber acima de R$ 2, os custos ainda movem-se em um ritmo mais veloz, batendo a barreira de R$ 2,40. "Você ainda tem prejuízo. Mesmo em caso de um possível lucro, o produtor ainda deve demorar em torno de 11 a 12 meses para restituir aquilo que perdeu", avaliou o representante.
Segundo Custódio Rodrigues, são cada vez mais frequentes notícias de produtores que estão saindo da atividade. No entanto, a associação não estima, em números, a quantidade de suinocultores.
O setor tem pressa em buscar o pacote de estímulos aprovado pelo Governo Federal, mas o segmento afirma que as medidas não estão acessíveis nas instituições bancárias. O governo autorizou a prorrogação das operações de crédito rural e custeio de investimento contratadas pelos suinocultores não integrados; a definição de preço mínimo para o suíno vivo em R$ 2,30 por quilo nas regiões Sul e Sudeste, e outros R$ 2,15 no Centro-Oeste.
Além disso, a subvenção de R$ 0,40 por quilo de carne e a criação de uma linha especial de crédito para aquisição de leitões no valor de R$ 200 milhões com juros de 5,5% ao ano. O limite para linha de crédito para retenção de matrizes passou de R$ 1,2 milhão por produtor para outros R$ 2 milhões até 30 de dezembro deste ano.
"Deveria ter vindo mais cedo. Agora, o que buscamos é a possibilidade de operacionalizar estas questões. O preço mínimo poderia ser mais alto [R$ 2,15], pois nossa logística é difícil", avaliou o diretor.
Analista de mercado pecuário do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), João Henrique Buschin lembra que a alta em itens como farelo de soja puxou para cima os custos para alimentação do rebanho suíno. "Mesmo os preços reagindo em agosto o suinocultor ainda vem trabalhando com um saldo negativo", ponderou o especialista.
Embargo
O embargo russo continua gerando prejuízos ao setor produtivo, lembra o diretor-executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues. As exportações para o país só não caíram ao patamar zero em função dos chamados resíduos contratuais que ainda precisavam ser cumpridos.
"Essa crise vinha sendo anunciada há um ano e meio tanto para o Governo Federal quanto para o Estadual. Envolve questões de exportações, principalmente pela Rússia", considerou o representante da Acrismat.
Desde que as vendas de carne suína matogrossense ao país foram proibidas, mais de 90% da carne foram direcionadas ao mercado interno brasileiro.
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