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Terça - 22 de Junho de 2021 às 18:33
Por: Por Kethlyn Moraes, G1 MT

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Depois de conviver com uma doença renal crônica por 14 anos, a estudante de 22 anos, Cauana Bezerra, finalmente consegue se sentir livre e pode fazer planos. Ela passou por um transplante de rim e recebeu a doação da mãe, Lorenna Bezerra, de 41 anos.

"Me sinto livre. Livre para poder fazer as coisas sem medo do meu rim parar do nada, sem restrições alimentares, sem anemia, sem enjoo constante e sem medo de fazer planos. Apesar das restrições por causa dos imunossupressores e da pandemia, agora me sinto livre pra fazer o que quiser", relata a jovem.

A mãe dela, Lorenna, conta que se sente realizada.

"É como se eu tivesse 'dado à luz' à minha filha duas vezes. Ver o sorriso no rosto dela é muito emocionante", diz.

A estudante conta que foi diagnosticada com lúpus aos 7 anos. A doença pode atingir pessoas de qualquer idade e pode afetar articulações, rins, coração, entre outros órgãos.

Cauana e Lorenna moram em Cuiabá, mas a cirurgia foi realizada em um hospital em São Paulo, no último dia 8, já que Mato Grosso não realiza transplantes renais.

Cauana Bezerra, de 22 anos, recebeu o rim da mãe, Lorenna Bezerra — Foto: Arquivo pessoal

Cauana Bezerra, de 22 anos, recebeu o rim da mãe, Lorenna Bezerra — Foto: Arquivo pessoal

No caso dela, as funções renais foram prejudicadas, gerando uma condição chamada nefrite lúpica.

"Logo que a inflamação renal foi identificada, comecei a fazer o tratamento e consegui controlar. Porém, alguns anos depois, quando eu tinha 12 anos, ela retornou mais potente. Fiquei internada e fiz hemodiálise por alguns meses. Desde essa época, meus rins vêm perdendo a função gradativamente", relata a jovem.

No momento em que foi fazer o transplante, a função renal estava abaixo dos 10%.

Cauna explica que há alguns anos, o lupus está indetectável no corpo dela, não apresentando mais nenhum sintoma relacionado. Mas as sequelas renais foram as que mais prejudicaram a vida da jovem.

A cirurgia era para ter sido realizada em 2019, mas com o início da pandemia da Covid-19, o hospital suspendeu os transplantes de doadores vivos.

O procedimento foi feito no dia 8 deste mês. Horas antes da cirurgia, Cauana conta que estava muito nervosa e que só a mãe conseguiu acalmá-la.

"Tive crise de ansiedade, chorei, a pressão subiu. Decidiram me dar outro calmante, coloquei uma música e segurei a mão da minha mãe até conseguir dormir", relatou.
Horas antes do transplante de rim, mãe acalma a filha — Foto: Arquivo pessoal

Horas antes do transplante de rim, mãe acalma a filha — Foto: Arquivo pessoal

Após três dias de cirurgia, Lorenna recebeu alta. Já Cauana precisou ficar uns dias a mais.

"Ela não queria de ir de jeito nenhum, porque eu ainda tive que ficar. Apesar de parecer estar bem, os médicos precisam avaliar o funcionamento do novo rim de perto nos primeiros cinco dias", explica.

O organismo se adaptou bem ao rim da mãe.

"Não tinha como não ser ela, isso faz tudo ser mais especial", diz a garota.
Cauana se despede do 7° andar, onde ela ficava internada no hospital em SP — Foto: Arquivo pessoal

Cauana se despede do 7° andar, onde ela ficava internada no hospital em SP — Foto: Arquivo pessoal

Após cinco dias, Cauana recebeu alta hospitalar. Na data, ela postou em suas redes sociais, onde relata sobre o transplante, que esperava não ter que voltar ao 7º andar do hospital, onde estava internada, tão cedo.

"Adeus 7º andar, não espero voltar pelo menos nos próximos 50 anos! Meus exames estão ótimos, cada vez melhores. Agora o cuidado é em casa: imunossupressores, muita água e cuidados gerais pós cirúrgicos", publicou.

Pelo próximo mês, Cauana conta que deverá fazer consultas duas vezes por semana. A estudante deve voltar para Cuiabá apenas em agosto, quando passará a fazer o acompanhamento na capital.





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