Saneamento básico
MT perde diariamente 142 piscinas olímpicas de água tratada Os dados fazem parte do novo estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil
Mato Grosso teve um aumento expressivo no indicador de perdas de água na rede distribuição até as residências passando de 30,24%, em 2015, para 44,46%, em 2019, havendo um salto muito grande em comparação a 2018 com 33,5%. O percentual representa a perda de um volume equivalente a 142 piscinas olímpicas, o que representa 355 mil metros cúbicos (m³) de água potável a cada 100 produzidos desperdiçados diariamente.
Os dados fazem parte do novo estudo intitulado “Perdas de água potável (2021, ano base 2019): Desafios para a disponibilidade e ao avanço da eficiência do saneamento básico”, divulgado anteontem (22), pelo Instituto Trata Brasil em parceria institucional com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas) e elaboração da consultoria GO Associados.
O Estado foi o único dentre os localizados no Centro-Oeste com registro de aumento do índice no período. Ainda com valores significativos, as demais unidades federativas da região diminuíram as perdas, ficando abaixo da média nacional. Um exemplo é o vizinho Mato Grosso do Sul (MS), que teve uma melhora considerável em seus índices, passando de 46,8%, em 2015, para 32,97%, em 2019.
Em uma comparação internacional entre cidades de diferentes países, o levantamento revela que Cuiabá perde 59,38% do líquido tratado na distribuição e, em Várzea Grande, o prejuízo é de 50,80%, ou seja, mais de metade da água, assim como Delhi (Índia), 53,0%, e Guayaquil (Equador), 73,0%.
Os percentuais das duas cidades mato-grossenses também são mais elevados que em Campo Grande (MS), onde a perda é 19,97% e em Goiânia (GO), com 21,69%. A comparação tem como fonte a “The Smart Water Networks Forum (SWAN), centro global líder para o setor de água inteligente sem fins lucrativos sediada no Reino Unido.
De acordo com informações do Instituto Trata Brasil, o estudo foi feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2019) e contempla uma análise do Brasil, das 27 unidades da Federação e as cinco regiões, bem como as 100 maiores cidades - os mesmos municípios do ranking do saneamento básico.
Em nível nacional, a pesquisa mostra que 39,2% de toda água potável não chega de forma oficial às residências do país, o que representa perder um volume equivalente a 7,5 mil piscinas olímpicas de água tratada, desperdiçada diariamente, ou sete vezes o volume do Sistema Cantareira, considerado maior conjunto de reservatórios para abastecimento de São Paulo. O Centro-Oeste possui o menor IPD com 34,4%.
“Ainda que sejam números elevados, o Centro-Oeste apresenta os menores indicares de perda de água potável no Brasil. A perda de água em qualquer proporção se torna preocupante levando em consideração o cenário atual de crise hídrica e uma pandemia, que requer mais medidas de higiene. Um grande desafio levando em consideração que na região 10,3% da população não tem acesso à água, o que representa mais de 1,6 milhão de pessoas”, aponta o documento.
INVESTIMENTO EM CUIABÁ E VG – As prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande garantem que vêm investimento no setor de saneamento básico. Na Capital, a Concessionária Águas Cuiabá assumiu os serviços em 2012. Até 2024, o investimento previsto no setor é de R$ 1,2 bilhão, recursos destinados para a implantação de novas redes de coleta de esgoto, adutoras, reservatórios, revitalização de estruturas e construção de estações de tratamento de água (ETAs) e de esgoto (ETEs), entre outros.
No último dia 17 deste mês, a Concessionária e a Prefeitura de Cuiabá inauguraram mais nova estação de tratamento de água do município. Com operações iniciadas em 2020, a ETA Sul distribuiu, em 16 meses, 31 bilhões de litros de águas, beneficiando diretamente 155 mil pessoas, em 86 bairros.
A estação está localizada no Jardim dos Pinheiros e faz parte do Sistema Sul de Abastecimento de Água. Composto por 607 quilômetros de redes, uma unidade de captação, quatro reservatórios com capacidade de armazenar 18 milhões litros e pela ETA Sul, o sistema foi construído ao longo de 2019, sob o investimento de R$ 100 milhões.
“Graças a este empreendimento, vencemos o ano de 2020 garantindo abastecimento de água contínuo às famílias cuiabanas. Isso num período em que, além da pandemia, sofremos com a estiagem severa, a baixa no nível dos rios e as queimadas”, disse o prefeito Emanuel Pinheiro.
Em Várzea Grande, a administração municipal também tem investimento na ampliação e recuperação da rede distribuidora de água. Uma das obras é nova ETA do Grande Cristo Rei, estimada em R$ 27 milhões em recursos próprios e que vai produzir até 320 litros por segundo ou 27.648 milhões de litros por dia.
Com esse investimento, a cidade que tem hoje outras duas grandes ETAs com a mesma capacidade de captação, tratamento e distribuição, deve elevar a produção total de água para 73 milhões de litros dia.
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