Pesquisa da UFMT
MT precisa quadruplicar vacinação para atingir toda população em 2021 Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) alertam para a lentidão da vacinação contra Covid-19
Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) alertam para a lentidão da vacinação contra Covid-19 e a necessidade de manutenção das medidas não farmacológicas de prevenção contra o coronavírus, no Estado. O alerta consta em nota técnica divulgada na última quinta-feira (24) tendo como base dados oficiais disponibilizados pelas autoridades públicas ligadas ao sistema de saúde.
A intenção é mostrar a evolução e cobertura vacinal contra o Sars-CoV-2 (coronavírus), no período de 18 de janeiro a 10 de junho deste ano, além de estimar o percentual da população vacinada até dezembro de 2021. O Governo do Estado tem buscado ampliar a campanha, mas enfrenta a falta de doses que são enviadas pelo Ministério da Saúde (MS).
De acordo com o estudo, a média de doses aplicadas por semana atualmente é de pouco mais do que 31 mil, em Mato Grosso. Neste ritmo, para atingir a meta de vacinar 75% da população com as duas doses, de forma a controlar efetivamente o contágio pela doença, o Estado ainda estaria vacinando no final de novembro de 2022.
Com um incremento neste processo, aumentando a média de doses aplicadas para 56 mil, a mesma meta poderia ser alcançada ainda em maio de 2022. Entretanto, se o objetivo for ter toda a população do Estado vacinada ainda em 2021, a média de doses semanais deve ser ampliada para 115 mil, o que representa aumentar em quase quatro vezes mais o número de imunizantes aplicados até o fim do ano.
"Apresentamos diferentes cenários de cobertura vacinal e, nessas estimativas, num cenário pior, que considera que o ritmo de vacinação continuará o mesmo, a população só estará completamente vacinada no final de 2022”, disse a professora Lígia Regina de Oliveira, por meio da assessoria da imprensa. “Gostaríamos muito de estar errados, mas para isso é importante que as autoridades tomem medidas que mudem o andamento deste cenário", completou.
Outro aspecto levantado pela nota técnica é a importância de manter as medidas não farmacológicas de prevenção contra o vírus, como o distanciamento físico, higienização e o uso de máscaras e a adoção de medidas mais rigorosas de restrição de circulação das pessoas. No Estado, já foram confirmados 445.690 casos e registrados 11.826 óbitos em decorrência da Covid-19.
De acordo com a projeção, se mantido um ritmo de vacinação baixo, sem qualquer outro cuidado para evitar a transmissão da doença, a redução do número de casos alcançaria apenas 8%. Por outro lado, com a adoção de medidas que previnam a transmissão da doença, a redução no número de casos poderia ser de até 28%, mesmo com o ritmo baixo de vacinação, e até 31% com um ritmo mais acelerado.
"Nossa primeira análise indica que a redução da mortalidade no grupo com mais de 70 anos já pode ser resultado da vacinação, considerando os vários estudos que apontam para a efetividade das vacinas na redução de casos graves e óbitos. Entretanto, a vacinação e as medidas de contenção do vírus são estratégias que se complementam e somente se forem efetivas terão efeito sobre o controle da pandemia no estado", afirmou.
Entretanto, entre os grupos prioritários para vacinação, destaca-se 16.603 profissionais de saúde ainda estavam vacinados apenas com a primeira dose e cerca de 20% dos grupos de idosos de 70 a 74 anos, de 75 a 79 anos e de 80 anos ou mais de idade que receberam a primeira dose ainda não foram imunizados com a segunda dose e esse percentual é ainda menor para os demais idosos.
Também menos de 60% dos povos indígenas estão imunizados e entre portadores de comorbidade menos de 50% recebeu a 1ª dose da vacina. “Portanto, evidencia-se que cinco meses após o início da vacinação no Estado, a cobertura vacinal entre os grupos prioritários ainda é insuficiente”, traz a nota. No Estado, constituem o grupo prioritário para receber a vacina 1.028.891 pessoas.
Os pesquisadores reforçam ainda a importância e segurança da vacina. "Salvo a utilização de água potável, as vacinas são o maior avanço da humanidade no combate às doenças, produzindo anticorpos através de uma resposta imunológica induzida sem que o indivíduo contraia a doença em questão".
Também assinam a nota os docentes Ana Paula Muraro, Amanda Cristina de Souza Andrade; ambas do Instituto de Saúde Coletiva, Moiseis Cecconello, do Departamento de Matemática, e Mauro Citro Lalucci, da Faculdade de Estatística. No decorrer da pandemia, o grupo produziu mais de 80 informes sobre a situação da Covid-19 em Cuiabá e Várzea Grande.
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