Perda de cabelo pós Covid-19 atinge um a cada quatro infectados Especialista diz que o eflúvio telógeno, denominação técnica da doença, pode até se gorna crônica
Relatos sobre perda de cabelo entre pacientes infectados pelo vírus da Covid-19 tornam-se cada dia mais comuns.
Especialistas apontam que um a cada quatro pacientes, tanto mulheres quanto homens, podem apresentar queda capilar aguda.
Esse é o caso de Cláudia Goulart, 56, que desde o início da pandemia já testou positivo duas vezes para a doença.
Na última vez, em janeiro deste ano, passou por internação hospitalar. Com 75% dos pulmões tomados pela infecção, Cláudia permaneceu 10 dias internada, com risco de morte.
Cerca de três meses depois da cura, a dona de casa começou a perceber que seu cabelo estava caindo acima do normal.
De acordo com Cláudia, o simples ato de circular os dedos ou um pente no couro cabeludo era suficiente para arrastar grandes mechas.
Além de decidir por um corte radical, bem curto, Cláudia começou a fazer tratamento para estimular o crescimento de novos fios.
Ela diz que está começando a surtir o resultado esperado. Todavia, ainda há grandes pontos do couro cabeludo com falhas visíveis.
A dermatologista Camila Vieira Scaravelli explica que essa queda aguda tem a denominação técnica de eflúvio telógeno, uma condição que se instala por diversas causas.
No caso da Covid-19, estaria relacionada à infecção provocada pelo vírus e o próprio tratamento, diz Camila Scaravelli.
Camila acrescenta que essa queda pode chegar a persistir por até seis meses e chegar ao fim naturalmente, sem tratamento.
Todavia, há pacientes que necessitam de uma avaliação e tratamento, que pode começar pela estimulação do crescimento de novos fios.
A busca por consulta especializada, observa a especialista, é indicada principalmente quando a perda persiste e torna-se crônica
Se isso ocorrer, avalia-se outras causas, como a deficiência de vitaminas, doenças da tireóide, entre outras.
O eflúvio telógeno, completa Camila, também ocorre por estresse emocional e físico. São relativamente comuns em pacientes pós-cirurgia. E ainda, no caso das mulheres, no pós-parto.
A médica Débora Ormond, representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia(SBD), diz que há muitos estudos em andamento sobre esse tema.
A principal hipótese da queda capilar pode estar relacionada à própria infecção viral, como disse Camila Escarevelli, bem como aos sintomas decorrentes dessa síndrome, como febre, estresse físico e psicológico, restrição alimentar e uso de medicamentos.
Conforme Débora, por meio do teste de tração e da dermatoscopia, equipamento muito utilizado para ampliar e melhorar a visualização das estruturas da pele, cabelos e unhas.
Representante de Mato Grosso na Comissão de Ética e Defesa Profissional da SBD, Débora observa que com o teste se consegue observar sinais dos óstios foliculares, da haste dos fios, escama perifolicular, entre outros. E ainda, se há sinais inflamatórios, que é a presença de vasos sanguíneos.
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