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Cidades/Geral
Segunda - 02 de Agosto de 2021 às 17:13
Por: Jessica Bachega/Gazeta Digital

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Osso com batatinha, com mandioca, com maxixe, ensopado e com feijão são variações de receitas para uso de ossinhos doados por açougue do bairro CPA 2. As filas para receber os donativos estão cada vez maiores e predominam mulher e idosos em busca do alimento.


Após toda a repercussão da fome no estado que mais produz carne e grãos do país, Estado, prefeitura, empresários e Organizações Não Governamentais (Ongs) começam despertar para ajudar quem não tem o que comer.

Luiz Leite

Fila dos ossinhos - 2 de agosto

As filas pelos ossinhos tiveram destaque nacional e a organização Razões para Acreditar entrou em contato com a ong Açao Social Nova Aliança (ASNA) para fazer cadastramento e distribuição de sacolões às famílias.


Hoje, além dos ossinhos, foram distribuídas 150 cestas básicas fornecidas por empresários e pelo estado. No dia 30 de agosto serão distribuídos 300 sacolões às pessoas cadastradas.


“A gente fez o cadastro hoje e vamos fazer nova doação dia 30. O Razões para Acreditar entrou em contato com a gente para um mapeamento de onde moram essas pessoas e fazer novos pontos de doação, já que aqui se tornou um ponto principal. Foi feita vaquinha online para arrecadar R$ 83 mil e comprar cestas básicas, foi atingido mais do que a meta e vamos comprar outras coisas para as doações. Quem vem aqui não precisa só de comida”, conta a voluntária Ariana Paim.


Há anos o idoso José Raimundo Matias Fagundes, 64, pega doações no local. Antes de toda a repercussão, o idoso já pegava a ajuda. Ele mora em uma chácara no bairro Bandeira, em Cuiabá, e pega ônibus para chegar até o CPA para receber donativos.


“Eu faço com maxixe, com chuchu, faço uma meleca lá e fica bom demais. Dá para dois dias. É pouco, mas é um pouco de Deus que dá de bom coração”, conta o idoso, que mora sozinho. “Eu vivo por aí vegetando pelo mundo”, conta o idoso descalço no asfalto quente de Cuiabá. O chinelo arrebentou e ele não tinha dinheiro para comprar um novo. Desempregado, ele faz bicos para sobreviver, visto que ainda não se aposentou.


Helenita Maria, 61, também pega doações no local há 3 anos. O ossinho faz render o incremento ao arroz e feijão de todos os dias. Ela morra no bairro Aroeira e todos os dias buscas ajuda. Ela trabalhava em empresa de reciclagem, no Aterro Sanitário de CCuiabá, mas parou de trabalhar por motivos de saúde.


Ela mora com o genro e o neto e a faz ensopado com vegetais e o ossinho. “Às vezes dá para o almoço e janta. Fazia tempo que eu não vinha, mas agora precisei. A gente sente um pouco de vergonha, mas o importante é que estão doando e não está faltando. Meus filhos também ajudam”, conta a mulher que estava na fila com filhos e netos que não moram com ela.


Os ossinhos doados são vendidos em alguns açougues da cidade, mas no local o que ia para venda é doado a quem tem fome. Os funcionários separam o alimento em pacotes de cerca de 1kg e entregam a quem está na fila.


Por conta da enorme demanda, a distribuição precisou passar por nova organização e cadastro de quem está na fila. Assim, além do produto animal, as pessoas recebem também alimentos entregues por variadas instituições.

Luiz Leite

Fila dos ossinhos - 2 de agosto

Maria Eduarda foi com o neto buscar doações

Maria Eduarda da Silva, 69, mora em um sítio na área rural de Cuiabá. Ela estava acompanhada do neto, Isaque, 5, para pegar doações. Desde quando a criança era bem pequena, ela busca as doações para alimentar a família.


Aposentada, ela tem boa saúde e cria galinhas no sítio. Quando chove, ela consegue plantar e colher vegetais que ajudam na alimentação da família, mas na seca a produção é inviável pela falta de água.


“Moro com meu neto e meus 5 filhos moram perto de mim. Vivo com o dinheiro do governo, porque eu fui encostada por idade. Eu não como ovo, nem galinha, mas eu mato para meus filhos comerem”, conta a idosa.


A mulher conta que consegue fazer duas vezes o pacote de ossos que ganha. Além de ensopado, ela prepara as partes bovinas com macarrão. “Meu neto gosta”.


Joel Silva Lourenço, 55, vive de bicos porque tem problema no ombro e no braço. Ele esta na expectativa de se aposentar e há anos recebe doações do açougue. Ele mora sozinho e faz “ensopado” com os ossinhos na casa de um amigo.


“Faz tempo que eu venho aqui”, afirma.

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