Cadeia Pública de Cáceres inaugura horta, oficina e barracão multiuso Projetos são fundamentais para ressocializar presos por meio do trabalho e capacitá-los ao mercado de trabalho
A Secretaria Adjunta de Administração Penitenciária inaugurou as obras da horta hidropônica, barracão multiuso e a oficina de malharia e serigrafia da Cadeia Pública de Cáceres na quarta-feira (25.08). Desde novembro a unidade passa por reforma e começa a oferecer aos recuperandos atividades laborais, passando menos tempo na tranca e mais no trabalho.
Conforme o diretor da unidade, Nelson Ortega da Silva, as atividades são recentes e tem 25 presos por enquanto trabalhando nos projetos. Os recursos para a construção do barracão e das oficinas vieram do Conselho da Comunidade de Cáceres e Cuiabá. Já a horta foi instalada após o fechamento da unidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, utilizando os equipamentos. A lona foi adquirida com recursos da venda dos tapetes fabricados pelos presos.
“Para a serigrafia estamos aguardando a realização do curso de capacitação, estamos produzindo uniformes para a nossa unidade e a feminina. No caso da serralheria e da horta, os próprios presos ensinaram aos demais sobre o ofício. Tem um recuperando que saiu da unidade e hoje trabalha como serralheiro”, explicou o diretor.
Fazer parte do projeto tem mudado o comportamento dos recuperandos. Gilmar, por exemplo, estava em depressão e trabalhar na horta, cuidando das alfaces, tornou-se menos agressivo com os outros e consigo mesmo. “Me sinto importante, quero agradecer a Deus e a todos vocês pela oportunidade”.
O desembargador Orlando Perri, que também é supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Penitenciário (GMF), diz que houve uma grande mudança na unidade desde a última vez que esteve na Cadeia Pública de Cáceres, em 2019.
“Estou vendo uma unidade com uma cara diferente, uma cara nova, bonita, pois na última visita realizada aqui em 2019, sai preocupado e desencantado com o sistema prisional de Cáceres. Hoje eu vejo uma nova e alegre realidade. Está muito bonita, limpa e bem gerenciada, inclusive ampliaram-se os espaços, criaram-se novas oportunidades de trabalho para os reeducandos, uma nova ala para que eles possam trabalhar na parte de marcenaria, de serralheria e também de confecções. Então eu vejo uma outra realidade que nos deixa esperançosos e que o sistema prisional pode sim melhorar e pode funcionar”, avaliou.
O desembargador defende a ampliação de novas frentes de trabalho para que mais reeducandos possam ter oportunidade de trabalhar e de estudar, voltando para a sociedade mais preparados. O Poder Judiciário tem sido um grande parceiro inclusive destinando recursos para melhoria das estruturas físicas e projetos das cadeias e penitenciárias do Estado.
“Não basta apenas prender, nós temos que preparar essas pessoas, os reeducandos que cumprem pena, para que eles possam retornar à sociedade em condições de enfrentar o mercado de trabalho, para isso nós precisamos profissionalizá-los e educá-los, trazer a educação para dentro dos presídios e é só por meio do trabalho que nós vamos poder oferecer a eles dignidade e oportunidade de ressocialização”.
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